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Com a derrocada do real, credores da JBS enriquecem após a crise de 2012

Os detentores de dívida da JBS estão ganhando com a derrocada do real, que impulsiona as receitas da multinacional brasileira.

Os títulos da maior produtora de carne do mundo geraram os maiores retornos entre os 160 bônus de dívida corporativos brasileiros monitorados pela Bloomberg neste ano.

As notas da JBS com vencimento em 2024, no valor total de US$ 750 milhões, registraram um ganho de 4,2 por cento em 2014, enquanto os bonds brasileiros amargaram uma perda de 2,8 por cento, em média.

O apetite dos irmãos Batista por aquisições no Brasil e no exterior, que impulsionou o endividamento da companhia para níveis recorde em 2012, está sendo recompensado à medida que a queda do real para o menor valor em 12 anos reforça o caixa da companhia. Cerca de 80% das receitas da JBS são denominadas em dólar.

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A moeda está sofrendo a maior queda em relação ao dólar entre as principais moedas do mundo em um momento em que a presidente Dilma Rousseff tem dificuldades para recuperar a economia e em que as investigações da Operação Lava Jato minam a confiança dos investidores.

“A alta do dólar foi uma bênção para a JBS”, afirmou Carlos Gribel, chefe de renda fixa da Andbanc Brokerage LLC, por telefone, de Miami. “É a minha opção favorita entre as empresas de grau especulativo no Brasil”.

O rendimento dos bonds da JBS para 2024, com nota BB da Standard and Poor’s, caiu de 7,47 por cento no final do ano passado para 6,99 por cento. Com isso, a diferença de rendimento em relação aos bonds similares vendidos pela concorrente americana Tyson Foods Inc., que tem nota BBB, recuou de 3,88 para 3,72 pontos percentuais.

A JBS protegeu toda a sua dívida denominada em dólar contra o que o presidente da empresa, Wesley Batista, chamou de “exposição ao cenário político do Brasil”, em uma conferência com investidores em 15 de agosto do ano passado. Na ocasião, o dólar era cotado a R$ 2,26. Ontem, a moeda era negociada a R$ 3,14.

Caixa recorde

A geração de caixa subiu mais de sete vezes a R$ 4,7 bilhões, um recorde, no ano passado, enquanto a dívida líquida caiu para 2,1 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), ante 3,7 vezes um ano antes e 4,3 vezes no segundo trimestre de 2012, segundo dados informados pela empresa.

O frigorífico conseguiu reduzir os níveis de dívida ao mesmo tempo em que investiu mais de US$ 5 bilhões desde 2013 em aquisições no Brasil, no México e na Austrália. Batista disse a investidores no dia 12 de março que a empresa está focada na redução da dívida e na melhora das margens das operações atuais, e que não está buscando novas aquisições.

A Pilgrim’s Pride, empresa avícola e de alimentos processados com sede em Greeley, Colorado, controlada pela JBS, vendeu no dia 4 de março US$ 500 milhões em notas que pagam 5,75 por cento de juros, nível mais baixo da história de uma unidade da JBS.

Elevação da nota

“À medida que métricas como alavancagem e geração de caixa melhoraram, temos sido capazes de renovar nossas linhas de crédito a custos que refletem melhor nossa condição”, afirmou Jeremiah O’Callaghan, diretor de relações com investidores da JBS, por telefone. ‘‘É um círculo virtuoso.”

No dia 3 de outubro, a Fitch Ratings elevou a nota da JBS de BB- para BB, dois degraus abaixo do grau de investimento. Naquele mesmo mês, a Standard and Poor’s afirmou que pode elevar a nota da JBS desde que a empresa mantenha os níveis de alavancagem sob controle e uma postura mais conservadora em relação a aquisições financiadas com dívida.

“Estou otimista em relação às empresas de proteína”, afirmou Ian McCall, que ajuda a gerenciar US$ 103 milhões na Quesnell Capital SA, com sede em Genebra, em um e-mail. “A JBS fará bem aos investidores”.

Via Exame.com

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