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Netflix lança quatro curtas de Wes Anderson a partir de quarta, 27

14 anos após sua adaptação de “O Fantástico Sr. Raposo”, o diretor de “O Grande Hotel Budapeste” retorna à escrita de Roald Dahl, adaptando seus contos adultos

“A Incrível História de Henry Sugar”: filme é carro-chefe de lançamentos em gigante do streaming - Foto: Divulgação “A Incrível História de Henry Sugar”: filme é carro-chefe de lançamentos em gigante do streaming - Foto: Divulgação

Após ter lançado seu longa-metragem mais recente, “Asteroid City”, nos cinemas este ano, o diretor norte-americano Wes Anderson tem um segundo projeto estreando ainda em 2023, em parceria com a Netflix. A partir de quarta-feira, 27, a gigante do streaming inclui em seu catálogo quatro curtas-metragens comandados pelo cultuado cineasta de “O Grande Hotel Budapeste”, adaptados da obra do britânico Roald Dahl. O carro-chefe da coleção, “A Incrível História de Henry Sugar”, estrelando Benedict Cumberbatch (‘Sherlock’), teve sua estreia no Festival de Veneza de 2023, onde foi aclamado pela crítica como um dos melhores trabalhos de Anderson. Veja o trailer aqui.

Vale a pena ressaltar que estes curtas não são a primeira vez que o diretor adapta a escrita de Dahl. Wes recebeu uma indicação ao Oscar pelo divertidíssimo “O Fantástico Sr. Raposo”, de 2009, longa animado em stop-motion. Porém, as quatro histórias adaptadas para a Netflix possuem um tom mais adulto, sendo algo bem diferente das obras mais conhecidas do autor britânico, como “A Fantástica Fábrica de Chocolate” e “Matilda”. O serviço de streaming organizou o lançamento dos pequenos filmes da seguinte maneira: “Henry Sugar” será o primeiro a ser lançado, na quarta-feira, 27; “O Cisne” será o próximo, na quinta, 28; “O Caçador de Ratos” será o terceiro, na sexta, 29; e “Veneno” fechará a antologia, no sábado, 30.

Trama

Como uma antologia, os quatro curtas não possuem ligação narrativa entre si, contando histórias diferentes. “A Incrível História de Henry Sugar” acompanha um homem britânico rico, determinado em aprender técnicas orientais extraordinárias para trapacear em jogos de cartas. “O Cisne” aborda os tormentos sofridos por um jovem prodígio brilhante pelas mãos de dois valentões brutos.

“O Caçador de Ratos” tem como protagonista um exterminador de pestes, que revela suas técnicas peculiares de captura das presas a um repórter e ao dono de um posto de gasolina. “Veneno”, o único conto não ambientado na Inglaterra, segue um jovem que encontra seu colega de quarto paralisado na cama em uma casa na Índia, alegando que uma cobra venenosa está debaixo das cobertas.

Quando se pensa em uma adaptação literária para o cinema, o caminho mais facilmente tomado é o de omitir os conteúdos que não seriam bem traduzidos para a tela e adequar o restante às limitações do outro meio. Com os quatro curtas baseados nas histórias de Dahl, Anderson faz uma escolha inusitada: as palavras do autor são traduzidas ao pé da letra, usando citações diretas dos contos originais tanto para descrever os cenários através de narrações quanto para expressar os diálogos dos personagens de uma maneira ágil, recursos amplamente vistos em obras anteriores escritas pelo próprio diretor, como “Os Excêntricos Tenenbaums” (2001).

O fato dos curtas de Anderson serem uma adaptação tão literal do trabalho de Dahl é especialmente interessante nos dias de hoje, sendo que, este ano, várias das obras infantis do autor, como “Matilda”, “A Fantástica Fábrica de Chocolate” e “James e o Pêssego Gigante”, foram reescritas e editadas no Reino Unido, com a editora britânica retirando e substituindo palavras e expressões que podem ser consideradas “problemáticas” ou “ofensivas”, olhando por um ponto de vista contemporâneo.


		Netflix lança quatro curtas de Wes Anderson a partir de quarta, 27
'Os Excêntricos Tenenbaums', filme lançado em 2001. Foto: Divulgação

Ao contrário de filmes como “Asteroid City”, onde Anderson teve um elenco gigantesco de estrelas de Hollywood ao seu dispor, o diretor conta com uma trupe mais compacta de atores nos quatro curtas lançados na Netflix, com o conjunto interpretando papéis diferentes em cada história. Além de Benedict Cumberbatch, temos nomes renomados como Ben Kingsley (‘Gandhi’), Dev Patel (‘Quem Quer Ser Um Milionário?’) e Richard Ayoade (‘Paddington 2’) realizando suas primeiras colaborações com o diretor.

Além dos marinheiros de primeira viagem, os britânicos Ralph Fiennes (‘Harry Potter’) e Rupert Friend (‘Homeland’) retomam a parceria com Wes. Os curtas marcam a segunda colaboração de Fiennes com Anderson, após sua aclamada performance como o concierge Gustave H. em “O Grande Hotel Budapeste” (2014). Já para Friend, após ter tido papéis secundários em “A Crônica Francesa” (2021) e “Asteroid City” (2023), as adaptações da obra de Dahl são o terceiro projeto em parceria com o diretor.

Estilo inconfundível

Simetria. Paletas de cores em tons pastel. Ambientes cuidadosamente decorados. Estas são algumas das características visuais do estilo que Wes Anderson construiu ao longo da carreira e que estarão presentes nos quatro curtas lançados na Netflix. O diferencial deste projeto é que o diretor tinha em mente fazer algo que misturasse teatro e cinema, como dito em uma entrevista durante o Festival de Veneza de 2023. A prévia lançada pelo serviço de streaming exemplifica isso incluindo a mudança de cenários em tempo real em algumas cenas, poupando o trabalho de edição e aproximando o que foi filmado de algo que poderia ter sido encenado em uma peça teatral.

Um ponto interessante é que, com o lançamento dos quatro curtas em uma plataforma com um apelo tão abrangente como a Netflix, estas adaptações em tamanho menor poderão ser o primeiro contato de um novo público com o trabalho do diretor. A partir destes pequenos filmes de 20 a 40 minutos cada, que juntam as peculiaridades de seu autor em um pacote mais compacto, muitas pessoas podem se sentir tentadas a procurarem as obras anteriores de Anderson feitas em larga escala, disponíveis em outros serviços de streaming (todos os seus filmes, exceto “Pura Adrenalina” e “Moonrise Kingdom”, estão no Star+), se familiarizando ainda mais com o estilo singular e facilmente identificável de Wes.

No Cinema com João Pedro (Instagram - @nocinemacomjpblog)

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