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Mário Pirata expõe desenhos sobre paisagens bucólicas goianas

Artista visual abre exposição que integra programação do Claque, que movimenta Cidade de Goiás neste final de semana

Imagem ilustrativa da imagem Mário Pirata expõe desenhos sobre paisagens bucólicas goianas

Às 21h09, o artista visual Mário Pirata responde a mensagem enviada pelo Whatsapp. “Salvei seu zap aqui”, diz, como se isso fosse um código de autorização para a entrevista que ele iria conceder ao Diário da Manhã. Era quarta-feira, dia 1° de fevereiro, nem melhor ou pior que as outras, apenas uma quarta. Jornal estava na gráfica. E o Corinthians - time para o qual torce Mário - vinha embalado pela vitória contra o São Paulo, no domingo, 29.

Mário Mendes Cavalcante, 54 anos, bacharel em artes plásticas pela UFG, mestre em cultura visual pela Faculdade de Artes Visuais (FAV) da mesma instituição, professor universitário que ministrou aulas nas disciplinas de estética e história da arte por lá e arte, arquitetura de expressão gráfica, estética e história da arte na PUC-GO, abre neste sábado, 4, a exposição de desenhos “Um Olhar Bucólico Sobre o Cotidiano”. Ufa, rapaz, prepare-se à fuzarca artística!

A mostra acontece no sábado e também no domingo. Fruto de estudos para projeto que consistia em criar telas com paisagens bucólicas das cidades históricas e da Capital goiana, a mostra integra programação do Claque Retomada Cultural na Cidade de Goiás, onde ocorre neste final de semana 70 atrações nas áreas de música, artes cênicas, artes visuais, audiovisual e literatura.

Segundo o Sesc Goiás, responsável pela retomada junto da Secretaria da Retomada, as atividades acontecem no Mercado Municipal e no Cine Teatro João Joaquim, ambos localizados no Centro Histórico da antiga sede do Executivo goiano. Mas “Um Olhar Bucólico Sobre o Cotidiano” não estará em nenhum e nem outro lugar: a mostra é realizada na Rua Bartolomeu Bueno, no Largo do Rosário, Espaço Criativo.

Mário falou com a reportagem do DM numa situação inusitada, por parte do repórter. Desdobrando-se entre lavar louça e elaborar questionamentos capazes de rechear a matéria, tudo saiu dentro do imaginado, isto é, notar-se-à certa acidez retórica do entrevistado. De pronto, veja você, ele afirma que não é muito sua praia pintar paisagens. “Sou mais de fotografá-las”, avisa o artista, que também dispensa regionalismos ou bairrismos.

Sua ideia, no entanto, se fazia simples: vender a algum banco do Estado ou instituições, que se interessassem, porventura, pelas criações de Mário Pirata. “Sinceramente, se fosse pra retratar a goianidade gostaria de ser crítico”, ele vai logo dizendo. No que o repórter do DMRevista, com queda pela polêmica, apressa-se em dizer que o artista não começou ontem. Talvez, ok, tenha começado anteontem, ou lá pelos idos de 1982, para ser mais preciso.

Que venham mais Claques

Desde então, realizou coletivas em capitais brasileiras e latina-americanas. Quase sempre, influenciado pelo barroco Paul Rubens (1577-1640) ou pelo pós-impressionista Degas (1834-1917), sobre o qual, contrariando historiadores e teóricos, declara ser, de fato, um… pós-impressionista! Entre os contemporâneos, quem lhe faz a cabeça é a artista Jenny Saville, conhecida na imprensa europeia pelos nus femininos gigantes que remetem a Velázquez, e o escocês-português Emanuel Sousa, craque em entender o humano, a carne e a tinta.

“É uma fonte de referência muito foda”, telegrafa Mário Pirata. Uai, e os brasileiros? “Cara, gente demais! Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape, Wesley Duke Lee e Fábio Baroli… Nossa deu branco! Tô procurando colocar mais pintores, difícil é muita gente”, diz, sorrindo. Se tem uma coisa que Mário dispensa, é esse tal de clichê, porque declarou que pintar, para ele, é prazer na mesma medida em que também é sofrimento: “mais sofrimento que prazer.”

“Não sou músico e nem dançarino, mas música e dança pra mim só são prazer! Ouço música o tempo todo, inclusive agora, ouvindo Television, enquanto te respondo. Ah, gosto muito de dançar, já dancei muito, não profissionalmente, porque não sou bailarino”, reflete, destacando a importância de iniciativas como o Claque para fomentar a produção cultural. “Velho, iniciativas como esta são muito bem vindas. No começo num dei muita bola, até torci o nariz, ‘lá vem’! Mordi a língua, quebrei a cara no bom e melhor dos sentidos.”

Olha aí, meu guri: o evento mobilizou a antiga Vila Boa. No Mercado Municipal, acontecerá grande parte das apresentações musicais e de artes cênicas. Já no Cine Teatro São Joaquim acontecem iniciativas da literatura e do audiovisual. A programação conta ainda com exposições e intervenções urbanas, realizadas em diferentes pontos da cidade, que sedia eventos como o Fica. Não por acaso, mostra exibe 24 produções, entre curta, média e longa.

De acordo com Mário Pirata, nome artístico de Mário Mendes Cavalcante, muita gente foi contemplada e a cidade bombou. “Acredito que, no interior, deve tá sendo da mesma forma”, afirma o artista, que se sente "feliz e aliviado” com a recriação do Ministério da Cultura (MinC), extinto por Jair Bolsonaro no início de seu mandato, em 2019. “Que venham mais e melhores Claques”, conclama o artista, encerrando a entrevista ao lembrar que, ao tomar conhecimento da iniciativa, pensou ‘nossa que bom isso daí, vou lançar’.

Então, deu no que deu: vai rumo a Goiás neste final de semana. Para o secretário da Retomada, César Moura, o Claque nas cidades interioranas é mais uma oportunidade de reconhecer os talentos goianos na cultura e movimentar a economia. “Esta enorme maratona cultural permite que o público tenha acesso gratuito a diversas atrações, que o comércio local seja movimentado e que os artistas sejam reconhecidos e valorizados”, avalia.

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