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Entrevista

"Goiânia é uma cidade que eu adoro", afirma cantor e compositor Alceu Valença

Artista se apresenta hoje em mais uma edição do Circuito Bistrô, no Campus II da PUC, unidade Jardim Mariliza

Foto: Leo Aversa/ Divulgação Foto: Leo Aversa/ Divulgação

Num canto encantado do nordeste brasileiro, nasceu um menino destinado a transformar os sons do sertão em melodias que ecoariam pelos quatro cantos do mundo. Esse menino era Alceu Valença, nascido em São Bento do Una, no interior de Pernambuco, em meio ao calor do sol e à brisa que soprava as histórias do povo.

Desde cedo, Alceu se viu envolto pelo universo musical. Aprendeu a tocar sanfona com mestres da tradição nordestina, absorvendo cada nota como se fosse uma história a ser contada. Mas o jovem Alceu sonhava mais alto. Com sua alma inquieta e sedenta por novos horizontes, partiu rumo à Recife, onde mergulhou de cabeça na efervescência cultural da capital pernambucana.

Foi nas ruas estreitas e nos bares cheios de vida de Recife que Alceu encontrou sua voz. Embalado pelo maracatu, pelo frevo e pelo forró, ele descobriu sua própria maneira de expressar a alma nordestina através da música. Com sua voz rouca e sua guitarra elétrica, Alceu misturou os ritmos tradicionais com influências do rock, do blues e da MPB, criando um som único e inconfundível.

Goiânia é uma cidade que eu adoro, onde faço música, já fiz muitos shows aqui. Na década de 70 eu fui para Goiânia. É muito bacana, sempre gostei" Alceu Valença, cantor e compositor

Seus primeiros passos na carreira foram marcados pelo sucesso. Canções como "Anjo Avesso", "Tropicana" e "La Belle de Jour" conquistaram o Brasil, levando Alceu aos palcos de todo o país e consolidando seu lugar como um dos maiores nomes da música brasileira.

Mas Alceu Valença era mais do que um músico. Era um poeta, um contador de histórias, um guardião das tradições nordestinas. Em suas letras, ele retratava o cotidiano do povo sertanejo, suas lutas, suas alegrias, suas dores e amores. Era como se cada música fosse um pedaço do Nordeste pulsando no coração do Brasil.

Ao longo de sua carreira, Alceu explorou novos caminhos, experimentou novos sons e reinventou-se a cada álbum. Do carnaval de Olinda às ruas de Nova York, ele levou a magia da música brasileira para o mundo, sempre fiel às suas raízes e à sua essência.

Hoje, Alceu Valença é mais do que um ícone da música brasileira. É uma lenda viva, um símbolo de resistência e criatividade, cuja obra transcende fronteiras e gerações. Sua história é um testemunho da força do povo nordestino, uma ode à música como forma de transformação. E enquanto houver sol no céu e batida no coração, as melodias de Alceu continuarão a ecoar, contando a história de um menino que se tornou imortal através da música.

Nesta sexta-feira, 10, acontece mais uma edição do Circuito Gastrô apresentando o melhor da culinária regional, além de cervejas artesanais e música boa. Alceu Valença é o convidado especial desta edição e promete uma apresentação histórica em sua carreira. O início do show está marcado para às 18 horas, no Campus II da PUC, unidade Jardim Mariliza, os ingressos variam de 80,00 a 160,00 reais.


		"Goiânia é uma cidade que eu adoro", afirma cantor e compositor Alceu Valença
Leo Aversa/ Divulgação


Confira a entrevista exclusiva de Alceu Valença para o Diário da Manhã:

Diário da Manhã - Alceu, ao longo da sua carreira, você tem sido reconhecido pela sua versatilidade musical. Como você equilibra essa diversidade de estilo em seus shows e composições?

Alceu Valença - Eu acho que eu tenho um repertório tão vasto e tão diverso que eu posso fazer um determinado show em cada lugar. Se eu for para Goiânia com um show do Bicho Maluco Beleza, aí vai ser um frevo, vai ser uma outra coisa. Se eu for com violão, eu vou fazer shows que estão em cima de três discos que eu tenho. Um que eu gravei em Paris, chamado “Saudade de pernambuco”, um outro chamado “Era verão”, “Senhor estrada”, “Sem pensar no amanhã” e por aí vai. Seria esse o repertório de violão.

Agora, se eu vou para o São João, que é uma festa junina, em Caruaru, eu vou cantar forró. Eu não vou para Caruaru para poder cantar “a solidão é fera” ou cantar alguma coisa que não tem nada a ver com o forró. Eu tenho uma cabeça meio assim de curador, e eu sei as coisas, como são mais ou menos assim, no caso, vou fazer um show de samba, tá certo? Num evento de samba e botar um rock-n-roll, não tem jeito, né? Mas tudo bem, aí eu vou fazendo da minha maneira, do jeito que eu quero.

Neste momento, estou conversando com você. Eu não estaria conversando com você se eu não tivesse um passado. E eu também estou aqui viajando para o futuro" Alceu Valença, cantor e compositor

Agora, claro, se eu for para um evento diverso, aí pronto, eu posso fazer o que eu quiser, eu já cantei, com maior prazer. Em Nova Iorque é uma coisa, já tive cinco vezes no Festival de Jazz, que é outra coisa. Então, para cada evento, tem uma adaptação para você respeitar o evento.

DM - Como é pra você se apresentar aqui em Goiânia? Porque Goiânia é uma cidade de cena musical rica e diversificada também? Existe alguma diferença em relação ao público e atmosferas do show daqui?

Alceu - Goiânia é uma cidade que eu adoro, onde faço música, já fiz muitos shows aqui. Na década de 70 eu fui para Goiânia. É muito bacana, sempre gostei. E por isso fiz uma música para Goiânia. “Em maio eu montava um cavalo chamado de Ventania./ Lembrei, olhando o calendário. / Do tempo que me querias. / Em junho estava em Goiânia. / Naquela noite tão fria. / Teu corpo foi meu agasalho. / No tempo que me querias.”

DM - O que os fãs podem esperar do show de hoje? Alguma surpresa ou elemento novo?

Alceu - Quando você tem uma surpresa, você não fala para não estragar a surpresa. Mas, vou levar uma banda incrível conosco e um repertório diversificado; vai ser algo que tenho certeza de que todo mundo vai gostar.

DM - E para finalizar. Me fala qual o legado você quer deixar para as gerações futuras?

Alceu - Primeiro, eu não preciso deixar legado, eu preciso viver o presente. O legado vai passando, vai passando até ser esquecido. Não tô nem aí, eu quero viver o agora. E o meu aqui e agora está conectado porque ele é o presente que estou vivendo junto com o passado e o futuro que ainda vou viver programado. Neste momento, estou conversando com você. Eu não estaria conversando com você se eu não tivesse um passado. E eu também estou aqui viajando para o futuro. Você está me perguntando sobre o show e minha cabeça já está em Goiânia, eu me vejo no futuro, eu me vejo no palco, eu me vejo cantando e eu me vejo sentindo esse acolhimento tão grande que o povo de Goiânia sempre teve comigo.


		"Goiânia é uma cidade que eu adoro", afirma cantor e compositor Alceu Valença
Leo Aversa/ Divulgação


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