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Artes visuais

Com mais de 100 obras, exposição mapeia sensações das artes

Centro Cultural Octo Marques inaugura amanhã exposição coletiva ‘Abrir Horizontes’, que fica em cartaz até o dia 5 de agosto

Matheus Pires: traços em sintonia com inquietações políticas do século 21 Matheus Pires: traços em sintonia com inquietações políticas do século 21

Quem for à abertura da exposição “Abrir Horizontes” nesta quinta-feira, 29, a partir das 19h, no Centro Cultural Octo Marques (Rua 4, 515, Parthenon Center, Centro) tomará conhecimento da efervescência nas artes visuais goianas. São 25 artistas, mais de 100 obras e, pode apostar, ver-se-á uma constelação de linguagens contemporâneas que confluem entre si. Tudo isso distribuído pelas galerias Frei Nazareno Confaloni e Sebastião dos Reis.

A curadoria é assinada a seis mãos: Dalton Paula (artista visual), Divino Sobral (artista visual) e Paulo Duarte-Feitoza (professor de História da Arte e Estética na FAV). Para eles, a coletiva mapeia o momento vivido no Estado em termos de quantidade, qualidade e diversidade, pois assiste-se aqui uma intensificação das atividades artísticas, aquecidas - é verdade - pelas ações criativas e da atenção dada à cena local pelos agentes do mercado.

Uma vez girado o trinco das salas de exposição do Octo Marques, bem, você sabe mais ou menos o que irá lhe esperar: o desabrochar coletivo de uma pujante geração, a juventude inquieta que discute nossa sociedade, os caminhos que convergem em distintas linguagens. É possível que venha à cabeça ensinamentos do filósofo francês Edgar Morin, marxista brilhante que se dedicou a compreender o pensamento complexo na contemporaneidade.

Mas, Morin, por quê? Simples: ele defende que os humanos somos dotados de capacidade que nos ajuda a enxergar o mundo pelo viés poético. Grande Morin. De fato, os artistas selecionados à mostra retratam fenômenos urgentes do cotidiano. Estão focados às vidas social e cultural de nossa gente. Estêvão Parreiras, por exemplo, utiliza-se dos desenhos como canal de expressão artística para abordar temas religiosos. E Hal Wildson, radicado em São Paulo, cujos trabalhos se destacam pela verve politizada? Ou o goiano Matheus Pires?

Pois é, só que, além de Estêvão, Hal e Matheus, é preciso estar atento ainda a outros artistas. Pelo menos foi o que disse Sobral ao Diário da Manhã: Manuela Costa Silva vai do vídeo à aquarela, criando um mundo particularíssimo, cheio de mitologias, numa atmosfera densa. Já Benedito Ferreira possui especial apreço, vamos dizer assim, por indagar e, em seguida, investigar a memória, debruçando-se em arquivos e mostrando aspectos da goianidade.

‘Existem mais’

“Existem mais”, assevera Sobral, numa ocasião em que o repórter lhe perguntara quem eram os rostos novos da arte goiana contemporânea. André Felipe Cardoso, por exemplo, é um deles: seu trabalho - mostrado na coletiva “Entre as Serras e os Morros e Invasões Bárbaras”, junto com Carlos Monaretta, na Vila Cultural Cora Coralina - parte da busca por um conjunto de semelhanças entre paisagens e lugares distintos. Coisa de quem entende que o artista propõe formas de pensar e agir sobre instâncias que compõem a vida em sociedade.

Segundo Dalton Paula, Divino Sobral e Paulo Duarte-Feitoza, o conceito norteador da exposição “Abrir Horizontes” é a horizontalidade. A partir dela, dizem, traça-se uma visão panorâmica da produção feita em Goiás na 3ª década do século 21. Isso fica evidente, aos olhos de qualquer um, à medida em que se observa o resultado da curadoria: artistas jovens, de diferentes gêneros, formações, raças e tendências artísticas, residentes em Anápolis, Cidade de Goiás, Goiânia, Guapó. A produção contemporânea vai além da Capital.

As questões levantadas atravessam o pensamento dessa geracional: as revisões históricas pela perspectiva decolonial e o debate em torno dos povos originários, as reflexões sobre o papel (ou os papéis) da mulher na sociedade, as identidade de gênero e as transformações do corpo, a formação das memórias individual e coletiva, a ficção da fotografia e a função dos arquivos, a deriva pelo espaço urbano como processo de criação e a utilização de peças na constituição da obra, o retorno da linguagem figurativa e a retomada de sistemas narrativos.

“Muitos nomes novos têm surgido como promessas bastante consistentes de um futuro brilhante. Apesar do vazio institucional e mercadológico que cerca os artistas, a força renovadora que existe aqui é impressionante, e hoje transborda para cidades do interior, como Anápolis e Goiás, que produziram artistas que conseguem circular nacionalmente”, analisa Divino Sobral, lembrando que o Sertão Negro, criado por Dalton Paula e sua esposa Ceiça Ferreira, chama atenção em âmbito planetário. “O momento é de bons ventos.”

Saiba quem são os expositores

Abraão Veloso

Âmbar Pictórica

Ana Flávia Marú

André Felipe Cardoso

Arthur Monteiro, Badu

Benedito Ferreira

Carlos Camilo

Carlos Monaretta

Diego Oliveira

Emilliano Freitas

Estêvão Parreiras

Gabriela Chaves

Hal Wildson,

Lina Cruvinel

Manuela Costa Silva

Matheus de Souza

Matheus Pires

Rafael de Almeida

Raquel Rocha

Talles Lopes

Wagner Wagner

Walter Pimentel

William Maia

Xic

Centro Cultural Octo Marques

Rua 4, 515, Ed Parthenon Center, Centro, Goiânia. Entrada pela Rua 7.

Abertura: amanhã, 19h

Exposição de sexta, 30, a 05 de agosto

Visitação de segunda à sexta-feira

Das 9 às 17h

Sábados, domingos e feriados

9 às 15h.

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