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A rapper goiana Lulu Monamour é a primeira cantora assumidamente gay a estar na cena do movimento hip hop goianiense. Agora, a rapper lança seu novo álbum “Linguagem agressiva”, título que transparece a essência da produção, que carrega em sua temática temas basilares do rap racional, voltados para vivência periférica e tabus sociais.
Lulu ressalta que o mercado do hip hop e a cena do movimento brasileiro estão indispostos a apoiar uma rapper publicamente assumida no movimento. A rapper compõe suas próprias rimas e diz ter uma facilidade e disposição melhor para compor os versos que são denominados dentro do movimento por diss tracks (faixas de confronto e ataque ) contra outros rappers.
Seu primeiro mixtape intitulado de “Madame do povo” foi lançado em 2012 e aqueceu a cena do movimento goiano de rap .
“Meu som é pra todas as mulheres guerreiras e batalhadoras, gays, lésbicas ou qualquer pessoa que já sentiu desconforto, desprezo ou humilhação com qualquer preconceito seja de teor racial ou sexual imposto pela sociedade." diz a rapper.
Em 2012 a rapper realizou a abertura do show da Banda Uó em um dos eventos mais populares da música goiana do cenário rock cerrado o "Grito rock" e em 2016, Lulu Monamour lançou seu curta metragem "Mademoiselle do rap" dirigido por Raphael Gustavo e premiado nos principais festivais regionais de curtas metragens de Goiás, vencendo neste mesmo como melhor curta metragem, na 16° Mostra Curtas Goiânia.
O DM Revista entrevistou a rapper goiana, que contou detalhes do lançamento do seu novo álbum “Linguagem Agressiva”
DM Revista: Como você começou a produzir seu disco?
Lulu Monamour: Esse disco eu comecei a produzir no final de 2015 quando eu tinha finalizado a divulgação do DVD do “Futuro em Rima”. Nesse CD eu quis abordar temas mais atuais, que o mundo vive, guerra, DSTs e drogas. Também fiz músicas que falam sobre o setembro amarelo e a prevenção de suícidio, falamos sobre saúde mental, sobre a vivência da juventude periférica nas comunidades brasileiras.
DM Revista: E quais são suas principais referências? O que você transmite nele para além das suas letras?
Lulu Monamour: A referências foram as raizes do rap original, que geralmente são músicas com linguagem agressiva, um contexto mais pesado. Para além disso, é um CD de cura em meio ao caos, tem uma mensagem positiva que para quem escuta causa reflexão sobre esse mundo louco que a gente vive tem muito tempo, mas com uma mensagem de mudança, de repensar os atos.
DM Revista: Como foi lançar um trabalho agora, em tempos de pandemia?
Lulu Monamour: Lançar esse trabalho em uma pandemia foi um pouco difícil, alguns artistas infelizmente, por contas das medidas, não puderam estar presentes no estúdio. Alguns deles mandaram as guias e eu integrei junto com a minha produção musical, em relação aos artistas que puderam estar no estúdio, estiveram todos de acordo com as medidas de segurança. É um álbum de consciência, as pessoas escutam e repensam suas atitudes, todos podem refletir através de mensagens diretas e até pesadas mas tiram uma visão por base positiva desse mundo louco.
Ressalta-se que outra parte que engrandece o álbum “Linguagem agressiva” são as participações.Lulu traz um time de artistas reconhecidos em seu estado dentro do gênero. O novo cd conta com participações de artistas como a rapper Rakel Reis Fúria, rapper feminina de Aparecida de Goiânia, Renedy, integrante do grupo Wu Kazulo, os rappers Slarky, Erock e Vidal, integrantes do grupo Sã Consciência.
Além disso, a cantora drag queen Guilhotina Guinle completa o time de artistas da primeira parte do primeiro cd, que terá uma segunda parte lançada no que vem. A escolha dos artistas para esse novo trabalho veio da própria Lulu
"Vejo esses grandes talentos ocupando espaços no movimento e sendo todos eles, grupos ou artistas individuais de uma riqueza e coletividade tão grande que não teria como não tê-los selecionado. Cada artista que contribuiu em sua participação respectiva trouxe ao novo trabalho uma forma única de empoderamento nos versos.” diz a rapper.
