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Fernanda Montenegro e Torres vivem mãe e filha

Fernanda Montenegro, diva da arte da interpretação, diz: “Por mais longa que seja a vida de um ator, ele não tem como declarar: “Estou pronto”. E se o fizer, não é do ramo”. O trecho refere-se ao ofício cênico e faz parte da obra “Prólogo, Ato e Epílogo”, autobiografia lançada em 2019 pela Companhia das Letras. Os atores, disserta a atriz, têm herança oficiosa, subliminar, de transferência que o liga às histórias das quais viveu. “Trago em mim e conservo gestos, entonações, sentimentos de atores que vi pela vida. Daqui a cinquenta, cem anos, alguém estará em cena de posse de um gene no DNA de um ator contemporâneo”, atesta ela.

Aos 90 anos, a rainha não para. Ela é, como diz a filha, a também atriz Fernanda Torres, “uma workaholic”. Tanto que as duas contracenam no primeiro episódio da série “Sorte e Amor”, que estreia hoje, após a novela ‘Fina Estampa’, na Globo. Mas essa não é a primeira vez que as duas trabalham juntas. O ineditismo agora é que – com o isolamento social provocado pela pandemia de coronavírus – ambas vivenciam uma experiência singular em suas trajetórias. “Ficamos por três meses naquele lugar (Serra). Virou a nossa casa”, diz Fernanda, a filha, em material divulgado pela Rede Globo. Nos outros três episódios as histórias giram em torno de casais na pandemia.

Em “Gilda e Lúcia”, título do primeiro capítulo da nova série da Globo, o público se depara com uma executiva, papel interpretado por Torres, que vai ao Rio de Janeiro para saber se sua mãe, vivida por Montenegro, está seguindo as normas de segurança impostas pelas autoridades de saúde a fim de conter a disseminação do coronavírus. A personagem da rainha do teatro é uma senhora fruto das ideias libertárias que floresceram na década de 1960, vendo o tempo passar com o vigor da caipirinha, entre uma tragada de cigarro aqui e ali, e sempre na beira da praia. Já a filha é o oposto da matriarca: uma tecnocrata adepta das teorias pró-mercado.

Se na telinha as duas vivem em mundos opostos uma da outra, o mesmo não se pode dizer da vida real: “Esse especial cravou para sempre um momento também de realização artística, de comunhão familiar, de aceitação de uma nova possibilidade de sobrevivência diante de uma tragédia como esse vírus que está em cima do mundo”. Já Torres recorda-se dos momentos de intimidade que marcaram o processo criativo do piloto. “As personagens mudam na hora em que param de brigar com a natureza e usufruem a natureza. Isso é uma coisa que aconteceu com a gente e, por isso, esse especial é uma homenagem”, relembra Fernanda, a filha.

A ideia de realizar a série partiu do diretor Jorge Furtado, que teve o estalo em usar pessoas que estão enclausuradas para falar sobre o momento de resiliência. “No meio da pandemia, de estarmos isolados, poder pegar uma câmera e filmar, a gente parecia criança num playground. Acho que foi um presente que a gente recebeu e eu serei sempre grato", relata o diretor Andrucha Waddington, esposo de Torres. Os atores e atrizes Taís Araújo e Lázaro Ramos, Emílio Dantas e Fabíula Nascimento e Caio Blat e Luisa Arraes, nesta sequência, participam do especial. “Amor e Sorte” vai ao ar sempre às terças-feiras.

Outros episódios

“Amor e Sorte” conta com quatro episódios que retratam como é o relacionamento durante o período do isolamento social. Com direção de Patricia Pedrosa, a mesma por trazer das séries cômicas “Cine Holliúdy”, “Shippados” e “Todas as Mulheres do Mundo”, a produção foi toda filmada remotamente, com câmera, equipamento de som e figurino deixados na porta da casa dos atores. “É como se fôssemos músicos de uma orquestra entregando flauta, violino, piano, oboé, harpa, entre outros instrumentos, para trompetistas tocarem. Estamos descobrindo uma nova maneira de filmar”, diz a diretora, em material divulgado pela Rede Globo.

Amor e Sorte': saiba tudo sobre a série que fala das relações na quarentena  | Amor e Sorte | Gshow
Atriz Taís Araújo e ator Lázaro Ramos em gravação de 'Amor e Sorte' - Foto: Globo/ Divulgação

Dois dos nomes mais importantes das artes cênicas no Brasil, os atores Lázaro Ramos e Taís Araújo protagonizam o episódio escrito por Alexandre Machado, famoso pela parceria que firmou com a escritora Fernanda Young, sua esposa, na série “Os Normais” – sucesso de público nos anos 2000. Aliás, “Amor e Sorte” produção marca a volta de Alexandre após a morte da parceira há um ano. E o texto criado por ele mostra um casal confinado que, ao discordar de uma questão ideológica, vê-se mergulhado numa discussão sobre matrimônio. Como é normal nestes tempos de isolamento, o embate evidencia os nervos à flor da pele.

Já Caio Blat e Luisa Arraes contracenam texto escrito pelo próprio casal, com lapidações de Jorge Furtado, aqui e ali, ali e acolá, onde mostra um relacionamento que começa no momento em que os dois precisam entrar em confinamento por causa do coronavírus. No outro episódio, Emilio Dantas e Fabiula Nascimento vivem um casal que entra num processo de divórcio quando o isolamento social dá seus primeiros passos. O roteiro é assinado por Jô Abdu e Adriana Falcão, cujos currículos têm séries que fizeram sucesso, como “A Grande Família” – clássico da televisão brasileira que marcara época entre 2001 e 2014.

Serviço

‘Amor e Sorte’

Quando: Hoje

Horário: Às 22h45

Onde: TV Globo e Globoplay

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