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Leminski continua no topo da poesia brasileira

Paulo Leminski é o Bóia-Fria do Texto, Bandido Que Sabia Latim, Polaco Loco Paca, também é tradutor de James Joyce, John Fante, Lawrence Ferlinghetti, autor das biografias de Jesus Cristo e Leon Trotsky, roteirista de quadrinhos, ensaísta, jornalista, publicitário, romancista (de uma obra experimental, inclusive), mas acima de tudo um poeta. E dos melhores. Mestiço de negra com polonês, natural de Curitiba (PR), Leminski escreveu para si os seguintes versos: “Aqui faz um grande poeta/ Nada deixou de escrito/ Este silêncio, acredito/ são suas obras completas”.

Viveu pouco, só 44 anos. Foi corneado, eita beberrão do lirismo boêmio, pelo seu fígado (logo ele que jurou ter selado um pacto de camaradagem com o sistema hepático, veja se pode!). “Ele não me incomoda e eu não o incômodo”, poetou. Mas, assim como Fernando Pessoa, aristocrata dos versos que também padeceu para a cirrose, Leminski era um eruditíssimo estilista do texto e esbanjava um domínio formidável da linguagem, como provou em “Catatau”. É um dos poetas brasileiros mais importantes de todos os tempos. Vejamos o caso de “Toda Poesia”.

Composta por um sedutor calhamaço de páginas, a obra reúne 630 poemas, dos primeiros que publicara, em edição artesanal na década de 70, como “Quarenta Clics em Curitiba” (1976), aos versos póstumos de “Winterverno” (2001). Isso já seria suficiente para lembrar na semana Leminski do legado do poeta, afinal ele completaria na segunda-feira última 76 anos. A polissêmica obra leminskiana ainda ressoa - e partir das mãos de Luiz Schwarcz, o mesmo cara que, na Brasiliense no início dos anos 80, publicara-lhe e tirara-lhe do ostracismo editorial.

Leminski fez da palavra sua vida. O vocábulo esperando para saltar ao papel é o fio, quer dizer, é o alimento que impulsiona seu trabalho e sua ligação intelectual com o mundo. O poeta conseguiu, como escreveu Wisnik, uma “aliança entre concentração e descontração”, especialmente depois de “Caprichos & Reflexões” tornar-se Best-seller – para os padrões da época.

Num campo ausente de discussões aprofundadas sobre estética e forma, com há muita pose e pouca poesia, Paulo Leminski ainda tem muito a dizer. Fala poeta: “tudo dito/ nada feito/ fito e deito”. Taxado de frasista polêmico e poeta-pop (como se fosse uma ofensa, ora), Leminski é um dos grandes da poesia em língua portuguesa.

Ficha Técnica

‘Toda Poesia’

Autor: Paulo Leminski

Gênero: Poesia

Editora: Companhia das Letras

Preço: R$ 39,90 (e-book)

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