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De louco, não tem nada!

Jair Messias Bolsonaro não é louco e muito menos burro. É o que diz o filósofo e cientista social Marcos Nobre. O inquilino do Palácio do Planalto conseguiu impor ao Brasil as suas categorias de pensamento, explica. A sua narrativa é, hoje, hegemônica e estimula a demissão da inteligência. De seu interlocutor. A sua verve segue a cultura da guerra e a pulsão da morte.

A política como guerra é matar ou morrer, anota o pesquisador. A guerra aberta inviabiliza a convivência democrática e a tolerância, pontua. O que implica em mortes, declara. Sob a Pandemia do Coronavirus Covid 19. Números que podem atingir a marca de 100 mil pessoas. O caminho é sair da armadilha. Da lógica e da racionalidade política do capitão reformado, atira.

O comportamento de Jair Bolsonaro é fundado na lógica do seu projeto autoritário, observa o presidente do Cebrap. ‘Ponto final, título do livro de Marcos Nobre, Editora Todavia, de julho de 2020, e-book, é uma expressão do homem que venera Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do DOI-CODI, de 1970 a 1974, torturador. O que aponta um caráter autoritário, diz.

_ Não irá obter o silêncio que quer decretar com o seu ponto final. Nem parar as investigações e sequer estancar a sangria da Pandemia, da crise política e da recessão.

O professor da Universidade Estadual de Campinas [Unicamp] informa que a crise econômica e financeira de 2008, global, do capitalismo mundial, não tem uma solução à vista. Assim como a Pandemia do Coronavirus Covid 19 e da Pós - Pandemia, explica. Não haverá uma volta para o suposto Estado de Normalidade, dispara o intelectual gauche. Em análise critica. Fria. Dialética.

Marcos Nobre relata que a atual crise, no Brasil, escancara a tática, a estratégia, o arranjo, a ameaça à democracia e o stress institucional. Para evitar o impeachment e se reeleger, em 2022, Jair Bolsonaro executou Políticas Públicas e discursos para 1/3 do eleitorado. “O que poderia impedir seu eventual afastamento levá-lo ao 2º turno e demonizar o seu adversário.”

_ Jair Bolsonaro se recolheu ao seu bastião fiel de fanáticos com 12% do eleitorado nacional.

Homem eleito pelo colapso, com perfil de outsider, já entrou em campanha eleitoral com seis meses apenas no cargo e com o script a ser protagonizado sob a tensão de um presidente da República antissistema. É a sua estratégia, metralha o sociólogo. De poder, assinala. Antiestablishment, chuta de primeira. A única saída possível. Ao caos fabricado por ele mesmo

É o método do caos. Não quer acabar com a Pandemia, superar a crise institucional, retomar o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável, diz. O presidente da República, Jair Bolsonaro, mimetiza táticas e experiências de populismos autoritários, crê. Com a reeleição, mudanças radicais podem entrar em cena, frisa. Como mostra a História. Do Tempo Presente.

_ A democracia da ditadura de 1964 era a sua verdadeira democracia.

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Jair Bolsonaro durante entrevista no Palácio do Planalto - Foto: Marcos Côrrea/ Reprodução

O seu liberalismo se limita à austeridade fiscal. Um liberalismo esquizofrênico. Sem regulação ambiental, para rever demarcações de terras indígenas, estimular o garimpo, poluir a natureza, destruir direitos trabalhistas e previdenciários, condenar medidas da OMS contra a Pandemia do Coronavirus. O projeto é liquidar a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, atira.

O seu programa de poder nunca foi para apenas quatro anos, conta. A falta de clareza no tipo de autoritarismo que projeta implantar o torna ainda mais perigoso, avalia Marcos Nobre. A sua coalizão é de conveniência, sintetiza. Sem partidos políticos estruturados, com base parlamentar sólida, capilaridade nacional. Sem quadros. “Para a Esplanada dos Ministérios.”

_ Dilma Rousseff caiu em 2016. Não pelas supostas pedaladas fiscais.

O motivo do seu afastamento foi o de ter impedido o acesso dos feudos dos partidos políticos, que operaram de 1994 a 2014, aos fundos públicos, assim como a orientação de fortalecer a PF e a CGU, além de não segurar as investidas da Operação Lava Jato, crê Marcos Nobre. Grave fragilidade do Palácio do Planalto aos interesses das coalizões fundadas com o Plano Real.

_ O autor a denomina de República do Real. O programa eleito, em 2018, é o da vingança contra a democracia.

Jair Messias Bolsonaro quer uma democracia tutelada, informa Marcos Nobre. Com o Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, TCU, PGR dóceis, explica. Antissistema, ele é integrante do sistema e o usa para si e para proteger a sua família, narra. Jair Bolsonaro criou três feudos, aponta. Na Esplanada dos Ministérios, ele denuncia.

Mercado, com agronegócio, indústria e comércio, Paulo Guedes; evangélicos de múltiplas denominações, Damares Alves; Lavajatismo, Sérgio Moro. Com o suporte das Forças Armadas e PMs com três mil cargos federais. O Governo Federal deu um cavalo de pau, em junho de 2020, e montou uma espinha-dorsal com fanáticos, Forças Armadas e PMs e o Centrão, fuzila.

_ Com negociações no varejo.

A ala mobilizadora do Governo Federal é o ‘Gabinete do Ódio’, sob o controle de Carlos Bolsonaro, registra. O Partido Militar cuida da organização, avalia. Ledo engano de quem pensa que haverá rendição aos generais, destaca. Longe disso, analisa. O homem não será domesticado, diz. Muito menos montará uma base parlamentar como Dilma Rousseff, sublinha

_ O momento do impeachment não chegou. Ele chegará.

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