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Canal Brasil exibe documentário sobre Jovem Guarda nesta terça-feira (8)

Foi assim: no tempo em que o bispo Edir Macedo ainda era um católico fervoroso, o melhor da Música Popular Brasileira (MPB) rolava nos auditórios da TV Record. Era uma época em que gigantes davam seus primeiros passos na mãe das artes. Num dia da semana, Elis Regina comandava o programa “O Fino da Bossa”, que trazia nomes como Tom Jobim, Nara Leão, Chico Buarque e Caetano Veloso. Em outro, Elizeth Cardoso apresentava “Bossaudade”, à frente de uma seleção de nomes do samba e do choro. E, nas tardes de domingo, o País curtia as guitarras sibilantes a lá Elvis Presley de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa.

Os jovens, cabeludos, com costeleta e roupa de couro, entraram no ar no dia 22 de agosto de 1965, revolucionando a televisão brasileira. A turma de artistas que pisou nos palcos da Record no programa Jovem Guarda viria a encampar uma mudança nos costumes, na forma de falar e de vestir das futuras gerações a partir de canções que tornaram-se ícones da cultura pop nacional. A essa altura, Roberto e Erasmo já eram conhecidos no cenário musical do Rio de Janeiro. Antes da empreitada com Carlos Imperial, o fanfarrão bem relacionado que viu talento neles, a dupla havia feito parte do conjunto The Sputniks, com Tim Maia e Jorge Ben.

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Programa 'Jovem Guarda' - Foto: Reprodução

Roberto, então um cara que deu seus primeiros passos na Tijuca e um apaixonado pela música de Little Richards e Beatles, aventurava-se a fazer covers de Elvis. E foi por causa do rei do rock que ele conheceu Erasmo, que colecionava letras do estilo musical que nascia como uma ramificação eletrizada do blues. O tremendão, antes de ficar conhecido por essa alcunha, era o ‘faz-tudo’ de Carlos Imperial na TV Tupi. Em 1958, os amigos de fé, irmãos camaradas, fizeram figurações no cinema, aliás Erasmo chegou a ser preso por roubar o cartaz do filme “Minha Sogra...”, em São Paulo. Demorou, mas ele conseguiu convencer o delegado que era um dos que apareciam no pôster.

Essas histórias e outras mais fazem parte do documentário “Jovem aos 50 – A História de Meio Século da Jovem Guarda” (2016), filme que será exibido nesta terça-feira (8), às 18h, e reprisado na quarta-feira (9), às 7h, pelo canal Brasil, como parte das comemorações do mês do rock. Produzido de maneira independente, o longa de Sérgio Baldassarini Júnior reúne consistente aparato de pesquisa em jornais, discos e imagens de arquivo daquele momento para contextualizar o período histórico que culminou no início do rock no Brasil. O documentário remonta ainda aquele tempo a partir de entrevistas com quem participou da revolução encampada por Roberto, Erasmo e Wanderléa.

Guiado por extenso aparato documental, o filme mostra como foi o início no Brasil do “Iê-iê-iê” – expressão em língua portuguesa retirada de “yeah-yeah-yeah”, de “She Loves You”, música considerada um dos primeiros sucessos dos Beatles, banda seminal para o rock no mundo e, logicamente, para a sonoridade incipiente da Jovem Guarda. A narração em off do diretor acompanha o espectador durante a viagem ao longo do surgimento do programa comandado pelo trio camarada. O longa lembra ainda o trabalho de conjuntos essenciais no desabrochar do movimento, como Golden Boys, The Clevers, The Fevers e Renato e seus Blue Caps.

Convém destacar – desculpa, mas esta hora ia chegar – que as novidades musicais de Jerry Lee Lewis, Chuck Berry, Elvis Presley, Beatles e Stones demoravam para desembarcar no Brasil daquela época. Sem muita opção, restava uma saída: gravar, os artistas brazucas mesmo, versões aportuguesadas desses clássicos. Que deu certo, deu. A partir da iniciativa pioneira da turma da Jovem Guarda é que o caminho para o samba-rock de Ben Jor, o rock rural de Sá, Rodrix e Guarabira e a poesia anarquista de Belchior foi pavimentado no Brasil nos anos 70. Isso, todavia, é outra história. Por hora, fiquem com “Jovem aos 50 - A História de Meio Século da Jovem Guarda”.

Serviço

‘Jovem aos 50 – A História de Meio Século da Jovem Guarda’

Diretor: Sérgio Baldassarini Júnior

Gênero: Documentário

Quando: Amanhã e quarta-feira

Horário: às 18h e às 7h, respectivamente

Onde: Canal Brasil

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