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Pela primeira vez, Festival Internacional de Cinema de Brasília será gratuito e online

Cinéfilos goianos, uni-vos, no sofá de vossas casas: em decorrência da pandemia provocada pelo novo coronavírus, o badalado Festival Internacional de Cinema de Brasília (Biff) chega a sua sétima edição online e gratuito por meio da plataforma Looke. Pois é, ele bateu o pé, colocou-se contra as ameaças mundiais de cancelamento do calendário do cinema e surgiu com novidades. Ao contrário dos anos anteriores, o Biff conta com uma versão Júnior, onde serão projetados filmes e animações para crianças e adolescentes. Até o próximo domingo (26) o público assistirá 27 obras de ficção e documentário.

Na mostra competitiva, oito longas-metragens concorrem ao prêmio de R$ 10 mil, mantido pelos organizadores do festival, embora o cenário não seja tão atrativo assim ao audiovisual. O destaque da Biff vai para o polonês “Corpus Christi”, de Jan Komasa, um dos concorrentes ao Oscar deste ano, perdendo o pleito no famoso tapete vermelho hollywoodiano para o sul-coreano “Parasita”, dirigido por Bong Joon-ho. “Um Amor a Três”, drama do italiano Stefania Vasconcellos, e “Encantado, o Brasil em Desencanto”, com a participação de Jean Wyllys e Leandro Karnal, são alguns dos filmes que competem na mostra.

Ex-ministro Fernando Haddad em depoimento para o documentário ' Encantado, o Brasil em Desencanto' - Foto: Divulgação

Já a Mostra Grandes Pré-Estréias exibe os longas “Um Sonho de Família”, do italiano Ginevra Elkann, e “Liberté”, do espanhol Albert Serra, laureado com o Prêmio Especial do Júri na mostra Um Certo Olhar na última edição do festival de Cannes, no ano passado. Também faz parte da programação “Até Que Você me Ame” e “Um Sonho de Família e Uma Lição de Amor”. E para saudar as seis décadas do futurismo arquitetônico de Brasília, a Biff projeta “Cano Serrado”, de Erik de Castro, e “Tesouro Esquecido”, de Tom Ehrhardt, este um documentário sobre a inusitada história de uma coleção de arte da Alemanha oriental que parara na capital federal.

“Assim como Cannes e Veneza, o Biff não vai perder a sala de cinema, que é o ambiente adequado para a projeção de um filme. Mas, neste ano, devido à recomendação de ficar em casa, o Brasil inteiro poderá assistir, de forma pioneira, aos filmes de um festival internacional pela internet”, informa a diretora e uma das curadoras do festival, Anna Karina de Carvalho. De fato, trata-se de uma novidade boa para os dias de quarentena, além de ter sido um alento, e dos mais bacanas, a chance de viajar na história do cinema, com o documentário “Anna Karina – Para Você Lembrar”, de Dennis Barry.

Musa da Nouvelle Vague, atriz Anna Karina foi homenageada na abertura da Biff - Foto: Getty Images/ Reprodução

Exibido ontem, às 19h30, na abertura do Biff, o longa narra a trajetória da “musa da Nouvelle Vague” desde a infância em Copenhagen, na Dinamarca, até a fuga para Paris aos 17 anos, onde Anna Karina iniciara-se numa carreira de modelo que a levara às telonas. A atriz, dona de uma tocante expressividade com delineados olhos verdes que realçam sua singular beleza, chegou ao estrelato com a fita “O Pequeno Soldado”, do cineasta francês Jean-Luc Godard. Entre os dois, foi amor à primeira vista, e não demorara muito: após resistência de Anna, nascia uma frutífera parceria cinematográfica e matrimonial que durara seis anos.

Por essas e por outras, a estreia não poderia ter sido melhor. Apaixonante do início ao fim, o filme não fica preso apenas no casamento que Anna Karina teve com Godard, nem ao provável flerte da atriz com o cantor Serge Gainsbourg, autor daquela que certamente é a canção mais orgástica de todos os tempos, “Je T'aime Moi Non Plus” - ouça, ouça... Está tudo na tela do computador (são tempos de pandemia...): a infância de Anna numa Copenhaguen sob ocupação nazista, a partida para Paris, sua participação em obras de diretores brilhantes, como Rivette, Visconti, Zurlini, Cukor, Fassbinder e Schlöndorff.

Kirk Douglas

Se a reverência à atriz Anna Karina na abertura do Festival Internacional de Cinema de Brasília (Biff) foi assertiva, a escolha em homenagear o astro norte-americano Kirk Douglas não fica muito para atrás. Ícone supremo dos anos de ouro de Hollywood, Douglas começou a atuar no rádio e em comerciais de televisão, ao mesmo tempo em que tentava um lugar ao sol na Broadway. Sua estreia nas telonas foi no musical “Spring Again”, em 1942. Com fama de sedutor, namorou algumas das maiores beldades da época e atuou em filmes dos maiores cineastas de todos os tempos.

Ator norte-americano Kirk Douglas será homenageado na mostra - Foto: Instagram Michel Douglas/ Reprodução

Morto em fevereiro deste ano aos 103 anos, essa trajetória riquíssima será relembrada na Biff até o próximo domingo (26). Estão na programação os filmes “Spartacus” (1960), de Stanley Kubrick (ainda um jovem cineasta); “Sede de Viver” (1956), de Vincente Minnelli; o emblemático “A Montanha dos Sete Abutres”, dirigido em 1951 por Billy Wilder; além de “Assim Estava Escrito” (1952) e “Sua Última Façanha “(1962). Com a Biff, nossos dias trancafiados em casa para evitar a disseminação do coronavírus podem ser mais leves. Cinéfilos goianos, uni-vos, ora.

Em tempo: haverá também cursos online gratuitos a quem se interessa em aprofundar seus conhecimentos cinematográficos, como “Documentário – Da Origem à Produção Contemporânea”, ministrado pela jornalista e documentarista Flávia Guerra. A programação também tem espaço reservado a debates: “Mulheres em Protagonismo – A Batalha Feminina Por Espaço no Mercado Audiovisual terá mediação da cineasta Cibele Amaral, tendo como convidadas a advogada e produtora Debora Ivanov, da criadora do canal do youtube "Imprensa Mahon", Krishna Mahon, além de Guerra. 

O curador Mario Abbade comanda ainda cinco aulas sobre o ator Dirk Douglas.

Serviço

Festival Internacional de Cinema de Brasília

Quando: até domingo (26)

Onde: biffestival.com

Gratuito

Confira aqui a programação completa da Biff

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