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Hélio de Oliveira captou como ninguém a história, o desenvolvimento e as paixões de Goiânia

Ele foi um dos primeiros olhares jornalísticos que Goiânia, Brasília e Goiás recebeu em sua história. De tanto registrar com a indefectível sensibilidade que lhe caracterizara acontecimentos emblemáticos da vida goiana, ele se tornou também história. E fez história, muita história, demais da conta. É assim que ficará conhecido o fotógrafo Hélio de Oliveira, que morreu na última segunda-feira (6), aos 91 anos, após ser internado para tratar um acidente doméstico.

Pioneiro do fotojornalismo goiano, Hélio de Oliveira se mudou para Goiânia aos cinco anos. Nascido no dia 13 de julho de 1929 em Buriti Alegre, no interior de Goiás, veio para Goiânia em julho de 1935 na companhia de seus pais, que acreditavam no potencial da nova capital. Munido de uma calma ímpar e de uma serenidade exemplar, Hélio viu a cidade nascer, crescer e se firmar como uma das mais importantes metrópoles brasileiras. Mais do que merecido, no ano 2000, recebeu da Câmara Municipal de Goiânia o título de cidadão goianiense.

Talvez nem em seu sonho mais otimista Hélio poderia imaginar que veria bem de perto - e vejam só: que documentaria! - o progresso da nova capital. Mas, enquanto Goiânia crescia, Hélio despontava como fotógrafo. Na verdade, as duas trajetórias se confundem. Seu amor pela fotografia começou quando foi estudar em Uberlândia, em Minas Gerais, a fim de cursar o equivalente ao que seria o ensino médio de hoje. Na terra de Fernando Sabino, conheceu um repórter de um jornal do Rio, então capital federal, e começou a se especializar na área.

Deu certo. Proprietário do maior acervo fotográfico do Centro-Oeste, com mais de 100 mil imagens , foi pelas lentes de Hélio que passaram a história, os costumes, as paixões (como as fotos que fizera do Vila Nova, time popular e maior torcida da região). Foi ainda fotógrafo oficial de governadores, tornando-se uma testemunha ocular da história política do nosso Estado. Numa de suas façanhas chegara a clicar o marechal Tito, presidente da extinta Iugoslávia, ao lado do governador deposto pelo golpe de 1964, Mauro Borges, durante uma visita a Goiás.

Além disso, Hélio era um contumaz fotógrafo de eventos esportivos, reuniões sociais e, em 1951, quando a imprensa goiana atingia sua etapa empresarial, começou a trabalhar no jornal O Popular, onde atuou por 10 anos. Depois, foram quatro décadas no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, servindo a diferentes governadores e fotografando figuras que iam de Pedro Ludovico a Marconi Perillo. Amava clicar política, futebol e, é claro, registrar com suas lentes o progresso das incipientes cidades goianas, cujo crescimento era impulsionado pela Marcha para o Oeste. É impossível se debruçar pela alma goiana nas décadas de 50, 60 e 70 sem esbarrar em seu nome.

Participou ativamente da diretoria do Atlético Clube Goianiense, sendo um dos sócios fundadores. “Durante mais de 30 anos, antes do advento dos cartões postais coloridos, divulgou Goiânia fornecendo vistas da cidade para as bancas de jornais e revistas e atendendo solicitações por cartas, de várias partes do País”, escreveu o ex-presidente da AGI, Walter Menezes, em artigo publicado neste Diário da Manhã.

Profissional implacável, Hélio trabalhou ainda com o ex presidente Juscelino Kubitschek, fotografando JK no sítio onde se erguia a capital do país, Brasília. Logo, acompanhou de perto os bastidores da política brasileira. Viu muitos sonhos sendo construídos e não foi egoísta, compartilhou para as outras gerações o seu legado. “Pelos relevantes serviços prestados pelo jornalista Hélio de Oliveira à cultura e história da cidade de Goiânia e pela contribuição relevante ao processo político e institucional em nosso Município e Estado, foi lhe concedido o Título Honorífico de Cidadão Goianiense pela Câmara Municipal numa iniciativa do vereador Jair Bastos”, informa Menezes.

Suas fotos, que podem ser vistas nos livros “Eu Vi Goiânia Crescer” Vol.I e II, são amplamente estudadas nas faculdades de jornalismo (na disciplina de fotojornalismo), fotografia e história, sendo uma deliciosa volta há um tempo com cenas quase inimagináveis para os dias de hoje. Eternizou, por exemplo, uma Goiania ainda inocente, com crianças tomando banho no Lago das Rosas, uma Avenida Anhanguera ainda pouco movimentada. Locais hoje grandiosos sendo construídos, como o Autódromo e o Estádio Serra Dourada.

Pedro Ludovico

Texto: Rariana Pineiro

Edição: Marcus Vinícius Beck

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