Home / Cultura

CULTURA

Pearl Jam faz disco mais impactante em anos

No início da década de 1990, o grunge estourou nas paradas de sucesso com a sonzeira das bandas Alice in Chains, Nirvana, Soundgarden, Foo Fighters e Pearl Jam. A música tocada por essa galera tinha os traços do punk, mas ia além da barulheira setentista eternizada por New York Dolls, Stooges e Sex Pistols: era uma revolução roqueira, talvez a última, com uma mistura de agressividade sonora e melodia. Bem-vindos aos remanescentes dos anos 90: um dos discos mais emblemáticos do período é “Ten”, lançado em 1991, e cujo setlist conta com as conhecidas “Once”, “Black” e Jeremy”.

O primeiro álbum do Pearl Jam mostrou que o grupo de Seattle tinha autenticidade, personalidade e efervescência, e consolidou  o grunge no mainstream. As apresentações de Eddie Vedder e companhia eram (e ainda são, é bom frisar) viscerais do início ao fim. A partir de então, um disco atrás do outro foi produzido, como “Vs.”, de 1993, “Vitalogy”, do ano seguinte, “No Code”, de dois anos depois – só pra citar os primeiros da reverenciada discografia do quinteto. Músicas como “Daughter”, “Nothingman”, “Immortality” e “Off The Goes” consagraram a banda no chamado rock alternativo.

Pearl Jam na década de 1990 - Foto: Reprodução

No entanto, o que era pra ser uma carreira esgotada se mostrou exatamente o contrário. Um dos alicerces do grunge, o Pearl Jam retornou ao mercado fonográfico com o disco “Gigaton”, disponível para audição nas plataformas de streaming. O álbum é o primeiro de inéditas da banda em sete anos, além de ser o mais ousado em muito tempo. Num mercado dominado pelo pop entalado dos magnatas da música, a atitude do quinteto de Seattle é um louvável convite a uma viagem sonora impactante da primeira à última faixa. Talvez a eletrônica “Dance Of The Clairvoyants” provoque certo estranhamento no fã mais ortodoxo.

Mas o aparente mal-estar musical a não passa de má impressão. O restante do disco é todo com o velho DNA da banda, e a estridente “Who Ever Said” prova que o Pearl Jam continua o bom e velho Pearl Jam de sempre. Mike McCready, guitarrista responsável por riffs à la Jimi Hendrix, como em “Yellow Ledbetter”, uma versão de “Little Wing” manda ver power cords com uma vivacidade que remete o ouvinte aos primeiros discos da carreira. Stone Gossard conduz a cozinha rítmica e escancara que o negócio do quinteto é, acima de qualquer coisa, fazer rock sem frescura.

Se após “Who Ever Said” ainda havia uma impressão de que o Pearl Jam enveredara por um caminho nada a ver, esse temor vai por água abaixo em “Superblood Wolfmoon”. As guitarras de  McCready e Gossard, com seus característicos solos e riffs, respectivamente, dão o tom do rockão clássico que alçou a banda ao estrelato. A letra, cantada pela voz inconfundível de Vedder, já no primeiro verso, profetiza: “I can hear you singin´ in the distance/ I can see you when I close my eyes (“Eu posso ouvir você cantando ao longe/ Eu posso ver você quando fecho meus olhos, em tradução livre)”.

Capa do disco 'Gigaton', lançado na última sexta-feira (27) - Foto: Divulgação

“Dance Of The Clairvoyants”, mesmo com a inusitada experimentação eletrônica, e “Quick Escape”, com sua guitarra serra-elétrica hiponga, são duas faixas monótonas, mas a balada “Alright” e seus versos com forte carga militante e referências metafóricas a viagens de ácido são um tapa na cara dos governantes populistas mundo afora, que sentem desejo em esbanjar seus dogmas assassinos que podem adoecer o planeta. “Seven O´ Clock”  faz um trocadilho com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o chefe indígena Sitting Bill, referindo-se ao mandatário norte-americano como “Sitting Bullshit”.

Com trinta anos de estrada, a remanescente do movimento grunge, Pearl Jam, mostra em “Gigaton” que continua com o ímpeto roqueiro. O disco é o trabalho mais impressionante do histórico quinteto em mais de 15 anos. Preocupados com as questões ambientais, o título do álbum (termo usado pelos cientistas para se referir à perda de gelo nas maiores camadas) e a imagem de capa indicam uma preocupação com os rumos da humanidade caminha. Da primeira à última faixa, o trabalho chama atenção pela diversidade de sons experimentado pela banda, mas sempre sem perder o rock de vista. “Gigaton” é impactante.

Ficha técnica

‘Gigaton’

Banda: Pearl Jam

Gênero: Rock

Faixas: 12

Gravadora: Monkeywrench Records e Republic Records

Disponível nas plataformas de streaming

Mais vídeos:

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias