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EP ‘Talvez’ do artista goiano Ganwalk surpreende com sua intencionalidade experimental

Como uma nova proposta para a música experimental goiana, Ganwalk surge com o EP ‘Talvez’, que conta com cinco faixas produzidas por Armando, que paralelamente é designer e tem canções intencionadas a falar sobre as incertezas da vida. Para o artista, o EP não vem para trazer respostas e sim expor perguntas. 

A primeira faixa denominada ‘Ultraleve’ carrega consigo uma riqueza rítmica que de imediato evidencia uma identidade singular em sua estética, que, dialoga de forma inteligente com as outras canções que compõem o EP. É curioso ressaltar impressões que fomentam essa construção experimental e sensorial no trabalho de Ganwalk - pessoalmente creio que seja recomendável escutar o EP inteiro de uma vez só, em ordem, para que essa noção de experiência se torne mais nítida.

Em uma conversa com o DM Revista, Ganwalk conta sobre ausência de delimitações em seu estilo musical. “Tenho muita dificuldade em colocar meu som dentro de um gênero, eu sinto que estou fazendo um som mais experimental misturando elementos eletrônicos, mas não fazendo referência, sim usando a produção como experimento.”

O EP surgiu por uma questão de necessidade

Nota-se que, a visão da produção musical para além do processo técnico de criação e o seu posicionamento como elemento estilístico autêntico revela a potencialidade da experimentação musical ampliada para um contexto infinito de possibilidades oferecido no ofício de produzir arte na contemporaneidade. Existe um desprendimento do conservadorismo musical sem abrir mão da técnica necessária para a produção de um material de inquestionável qualidade e imensa profundidade - é o som que podemos ouvir no futuro. 

“Tento escutar de tudo, todos os dias. Isso vai desde um jazz, música brasileira, psicodelia setentista até um dream pop e indie”, comenta o artista.

“O EP surgiu por uma questão de necessidade, eu percebi que se fizesse um som sozinho, onde eu faria grande parte dos papéis da banda, desde a letra até a parte instrumental, os arranjos e a produção; eu não teria que me preocupar com as comparações nem outras opiniões, eu poderia fazer meu som do jeito que eu quisesse. Mas também tive ajuda alguns amigos e músicos convidados, os baixos de ‘Ultraleve’ e de ‘Errônea’ foram feitos por amigos”.

Caso você já tenha escutado esse EP e anseia por essa experiência ao vivo e a cores, tenho uma notícia que deixará essa vontade em aberto. Segundo o artista, o som está em um processo de “tradução” para um formato que funcione bem ao vivo.

Sobre suas intenções com seu trabalho, Ganwalk compartilha: “Fiz essas músicas pela vontade de expressar, eu vejo que muita gente tem um olhar clínico em relação a música hoje em dia e abre mão do que realmente gostaria de fazer. Meu rolê é organizar as ideias malucas na minha cabeça de alguma forma. Sou designer e acho que o objetivo final é integrar as duas coisas, o som e o visual, em uma coisa só”.

A intencionalidade do artista goiano em colocar diferentes artes em conformidade é realizada com êxito em seu trabalho, que, novamente chama a atenção pelos fragmentos de sua individualidade. ‘Talvez’ é, sem dúvidas, uma bagunça harmonicamente organizada

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