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A cena literária goiana e suas nuances através do tempo

A literatura fomentada em Goiânia sofreu inúmeras mudanças ao longo do tempo. Indubitavelmente, não somente a organização da cena literária da capital foi alterada, tendo em vista as consequências da modernidade os estilos e intenções dos principais nomes da literatura goiana estão em eterna mutação. Acompanhe a hashtag #GoiâniadoAmanhã

Seguindo uma linha do tempo, dividiremos nosso mergulho pela história literária goiana em duas partes: passado e presente, de forma clara e sintética, apresento a você, leitor, dois nomes de nossa literatura goiana.

Gilberto Mendonça Teles

Foto: Reprodução

Poeta e crítico literário brasileiro, conhecido, tanto pela sua produção poética como pelos seus importantes estudos sobre o modernismo e a vanguarda na poesia. Gilberto Mendonça Teles nasceu em 30 de junho de 1931 na cidade de Bela Vista de Goiás, uma cidade de pouco mais de 60 mil habitantes localizada a 45 km de Goiânia. É considerado o escritor goiano mais famoso na Europa, tendo os seus livros escrito em diversas línguas. Recebeu pelo conjunto de sua obra, o prêmio Machado de Assis, considerado o maior prêmio literário do Brasil, pela Academia Brasileira de Letras.

Arabiscos
Vai do lugar ao não-lugar
a refração que há neste afresco:
a linha indócil como o infarto
nas turvas ondas do arabesco.
Antes o espaço se faz hirto
no azul da concha do molusco
para o rabisco perseguir
o bruxuleio, o lusco-fusco.
Sol de formas a descoberto
que às vezes levamos conosco,
dele não nos resta sequer
o arranhol de um vidro fosco.
Nem a ocasião de um leve furo
(a malagueta no seu frasco)
disfarça o tom de calembour
na face neutra do fiasco.
No vário ritmo só a cor
disfarça o além do gesto arisco:
o mais é sombra, o corpo a corpo
no arabesco do arabisco.


Composição
O amor põe suas mágicas
em funcionamento.
O amor compõe, propõe, supõe,
indispõe e interpõe,
sua adaga entre o ser
e o vazio do vício
(a ser-viço do amor).
O amor compõe seus acídos
na linha mais ambígua
da mão, entre o desejo
e o tato, neste incêndio
propagante e terrível.
O amor dispõe seus plácidos
novelos enredados
e fio a fio supõe
sua mosca, seu tédio
e sua deslizante
atração de suicídio
e adultério.
O amor
propõe enigmas.Trans-
põe montanhas de sombras,
interpõe-se entre os seres
e apenas se indispõe
para compor de novo
sua casca e seu ovo.

Thaise Monteiro

Foto: Layza Vasconcelos

É escritora e fundadora da Cia de Arte Poesia que Gira, onde atua como atriz, assim como em outros grupos teatrais da capital goiana. Seu livro “Modus Operandi” conquistou menção honrosa na bolsa de publicação Hugo de Carvalho Ramos no ano de 2015. Thaise, poeta na contemporaneidade também é pesquisadora na área de literatura e possui o projeto “Bibliofuscoteca” espaço lúdico e itinerante de fomento à formação crítica de leitores. Além disso, em 2018, Thaise Monteiro tornou-se doutora na área de Estudos Literários.

Equinócio
ecos equidistantes ecoando no caos
dias iguais às noites
dias e noites perdidas no cais
desatando nó
cultivando ócio
reproduzindo cio

ócio
cio
equinócio
ciclo


Máscaras
Há infindáveis minutos abriram as cortinas
e ainda estamos aqui
despreparados para tantos papéis
já cansados de tanta tragédia
para tanta comédia, ingênuos
apesar de afinados no uso das máscaras
Aguardamos adestrados
a salvação do último ato

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