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Chegou o dia. A cantora e compositora Milla Tuli faz hoje o show ‘Florescência’ em comemoração aos 15 anos de carreira. Cantora de personalidade, violonista bem resolvida e compositora de mão cheia, a artista goianiense traça caminho independente, convicto e sólido na Música Popular Brasileira (MPB), alcançando um público exigente e fiel através de sua performance terna, poética e consistente.
Mila lançou seu primeiro álbum autoral em 2017. O CD foi produzido pelo contrabaixista goiano reconhecido nacionalmente, Bororó Felipe, e distribuído pela Tratore/SP. Tendo percorrido cinco estados no ano passado, Milla Tuli encontra-se, de fato, em florescência, lançando mão de mais um projeto ousado: transformar o seu atual show em DVD através de financiamento coletivo, o qual já se encontra nas redes sociais pela plataforma da Catarse.
A estreia do show “Florescência” acontece nesta sexta-feira, dia 20, às 20h, no Teatro IFG (antiga Cefet), com entrada franca e classificação livre. O show tem direção musical da própria Milla em parceria com o violonista Leandro Mourão. Participam ainda do projeto os músicos Pedro Vaz na viola caipira, Kemuel Kesley e Breno Bragança na percussão, além de convidados surpresas.
A campanha para a gravação do DVD Florescência começou dia 1º de agosto em todas as redes sociais e conta com o apoio de pessoas físicas e jurídicas. Milla Tuli oferece recompensas interessantíssimas para os apoiadores, como, por exemplo, uma composição inédita feita especialmente para a pessoa financiadora. Para conhecer o trabalho de Milla Tuli, antes de decidir se participa ou não do projeto de Financiamento Coletivo, é só acessar o álbum da cantora que está disponível em todas as plataformas digitais.
Em entrevista ao Diário da Manhã, Milla fala dos 15 anos de carreira, das dificuldades que enfrentou e enfrenta até hoje com a cultura machista que também ocorre no meio artístico e de sua opção por trilhar um caminho diferente para lançar o DVD Florescência, o Financiamento Coletivo.
Confira a entrevista na íntegra
Diário da Manhã - Por que resolveu optar pelo financiamento coletivo?
Milla Tuli - Há mais de um ano projeto a ideia deste DVD, pois, após o lançamento do primeiro CD, senti a necessidade de completar esse pacote de produtos finais, estes que, devido ao alto custo aliado à dificuldade em se conseguir patrocínios, acontecem tardiamente em minha carreira, que está completando 15 anos.
Então, precisei achar uma saída plausível para não deixar escapar este projeto tão importante e decidi recorrer a este mecanismo que anda tão na moda, que é o financiamento coletivo, através da plataforma do Catarse. Tive de recorrer, também, aos amigos talentosos que tenho da área musical para conseguir um desconto camarada e, assim, chegar num valor acessível para a meta da campanha, que foi estabelecida em 20 mil reais. Parece muito, mas ele representa 20% do valor real que normalmente se gastaria numa empreitada dessas.
DM - O que a gente vai ver no DVD?
Milla - O DVD Florescência vem em caráter comemorativo para brindar meus 15 anos de música e pretendo fazer do show uma verdadeira festa, reunindo artistas que fazem parte da minha história e que admiro muito. No repertório estarão canções do CD com novas roupagens e, também, canções inéditas de minha autoria e de outros parceiros.
Evocando a flor e a essência presente em cada um, subo ao palco para cantar a vida e sua poesia, o amor e a dor, a saudade, a paixão, os sonhos… Tudo isso pra nutrir os ouvidos e corações com afagos sonoros, semeando emoção e buscando fazer florescer aquilo que há de melhor em nós.
DM - Você tem uma voz forte e impactante. É instrumentista e compositora. Como foi o processo de desenvolvimento do seu trabalho, que é singular, dentro de uma sociedade ainda muito machista, inclusive no universo cultural?
Milla - Infelizmente, o machismo é ainda uma realidade que deve ser desvendada, combatida e denunciada. Minha profissão, sem dúvida, não é uma exceção à regra de que mulheres sofrem diariamente com predominância masculina. Em 15 anos de estrada vivi muitas situações constrangedoras e até perigosas, passando por abuso de poder, boatos e até assédio físico.
Mais abusivo ainda é esta sociedade que nos leva a crer, desde cedo, que isso é normal, nos reprimindo, silenciando e nos dominando. Já me calei demais na vida e não o farei mais. Fica a dica, o próximo será com certeza exposto e punido perante a lei. E que todas possam fazer o mesmo!
DM - Quem é Milla Tuli?
Milla - Sou uma vivente apaixonada pela vida e que sonha em ver todos sentindo o mesmo. Meu encantamento é diário com este grande milagre que é a vida. Neste encantamento acabo me distraindo muito fácil e, por vezes, repetindo erros infantis. Mas, tudo bem, estou aprendendo a me perdoar. Ou melhor: estou aprendendo a não me culpar, pois o caminho não nos levará à perfeição, mas pode ser um caminho imperfeitamente belo se agirmos de acordo com o nosso coração.
DM - Você põe fé nas coisas feitas pelo coração...
Milla - Sim, acredito no coração! Ele sabe o que nos faz bem ou mal e nos alerta a todo instante. O que sou mesmo, eu não sei, mas quero ser simples e alegre, quero ter a coragem, a serenidade e a saúde para levar amor e música para todos e, assim, combater os odiosos. Quero ser o que sou em qualquer hora e lugar. E quero fazer tanta coisa ainda que rezo pra que haja mesmo outras vidas por vir.
Quero mais jardins e florestas, mais bichos, mais abraços e sorrisos, e crianças cuidadas, quero dividir o pão e o vinho, quero que o dinheiro acabe e que os bons e justos prevaleçam. Quero que todos tenham lar, comida, amor e arte… tô querendo demais? Acho que não, só mesmo o necessário.
DM - Como vê o atual momento com as dificuldades que os artistas vêm encontrando em relação às leis de incentivo à cultura?
Milla - Quanto às leis de incentivo, é lamentável que os governos atuais não compreendam a importância da cultura para a educação e a economia. Os cortes na cultura e na educação são uma afronta a todos que lutam diariamente para construção de uma sociedade mais igualitária, autônoma e consciente. Claro que não será isso o tiro de queda que nos levará à derrota. Pelo contrário: "...Verás que um filho teu não foge à luta...". Estamos reunindo forças e organizando novos mecanismos de mobilização e ação para não nos deixar sucumbir. Contamos com o apoio da população, que só precisa ser informada corretamente para se posicionar. Para isso, contamos também com a mídia. E sendo um anseio comum à maioria, a arte e a educação cumprirão suas missões de levar nosso povo aonde ele merece estar, que é um País responsável e generoso para com os seus.
DM - Como está a campanha de Financiamento coletivo, está atingindo seus objetivos?
Milla - A campanha vai bem, mas pode melhorar. Por enquanto consegui atingir as pessoas mais próximas. Agora o desafio é chegar em quem não me conhece.
Conheça a vida da cantora Milla Tuli
Cantora, violonista e compositora nascida na cidade de Goiânia (GO), Milla Tuli cursou Educação Musical na Universidade Federal de Goiás (UFG) e também foi aluna do grande e saudoso violonista Mestre Gamela. Participou dos principais festivais do Centro-Oeste, como Canto da Primavera (Pirenópolis-GO), Fica (Cidade de Goiás-GO), Canto de Ouro e Juriti (Goiânia-GO).
Milla também esteve ao lado de grandes referências musicais do País, como a Banda Pequi, Arismar do Espírito Santo, Bororó Felipe; Premiada como compositora no I Festival da Rádio Nacional de Brasília (DF), Milla Tuli vem trilhando um caminho sólido na cena autoral independente. (Carlos Pereira)
Serviço
Show: Milla Tuli - Florescência
Local: Teatro IFG (Instituto Federal de Goiás) - Rua 75 n°46, Setor Central, Goiânia-GO
Data: 20 de setembro
Horário: 20h
Entrada Franca
Classificação Livre
