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CULTURA

Crônica ou livro sobre as mudanças

Júlia Lee

Entendo que maior parte da existência que tive até agora é simplesmente fruto de toda a realidade que se torna registro da poética transcendental que o cinza da cidade de São Paulo me cega. Quiçá nada além de vida. Que, por sinal, me toma por inteira em orgânicos segundos de sobrevivência.

Me questiono o que é, afinal, isso que me controla na insensatez. Busco respostas que se espalham como músicas para minhas articulações, algo acontece com meu coração. Me reparo e estou entregue nos tons pastéis da minha visão turva dos movimentos da filosófica contemporaneidade do sentir.

É, eu sei, caro leitor, sinto muito mais do que consigo expressar. Vibro o engolir do intragável cheiro de corrosão do futuro, os seres da ganância dominaram o sobreviver há tempos que estamos na terra. Canalizo o realizar da transmissão das informações que estão para se transmutar.

Esses dias que passaram foram grandes revoluções internas, por algum momento se passaram vários fogos que queimavam como o chão arenoso da Amazônia. Ouvi de uma bióloga metaleira entre bar que a região tem vários registros de 100 bilhões de anos, que comprovam que a Floresta Amazônica na verdade foi uma construção de uma passagem de troca de sementes entre tribos indígenas da América Latina. A floresta é fruto de uma vasta plantação de milhares de anos, bicho!

Cerveja vai, maconha vem, escuto a cada minuto que se passa da minha percepção de tempo que o pulsar é intrínseco ao meu manipulável ser. Bolo um tabaco, muda uma música – às vezes me canso da bruxa que persiste em mim – e me entrego a outros seres habitáveis. Me encontro nas páginas malditas de Vagamundo, de Eduardo Galeano. Será que estamos realmente no período histórico, ou temporada da política capitalista, de se resolver com o ódio interno? Me questiono constantemente.

Consome as entranhas dos pensamentos que permeiam em minha nebulosa mente. Escrevo entre tragadas do pulsar de meu crânio que pede por socorro, o porém é a rapidez que consolido os ruídos que perpassam meu olhar perdido ao mausoléu. Não sei ainda se me encontro em meu mar, mas meu instinto me consola com sensações de que sim, sei onde estou.

Como disse, quiçá um livro, ou uma crônica que se une em palavras sem sentido…

Júlia Lee, jornalista, poeta, cineasta e fotojornalista

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