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Novo filme de Tarantino relembra Hollywood na década de 1960

Leon Carelli

Há exatos 50 anos, Hollywood viveu um dos momentos mais complicados de sua história: o assassinato da atriz Sharon Tate pela seita de Charles Manson. Na época do crime, ela estava grávida de oito meses do cineasta Roman Polanski. Tal cenário foi retratado no filme mais recente de Quentin Tarantino, “Era uma vez em Hollywood”, com previsão de estreia nos cinemas do Brasil para o próximo dia 15.

De acordo com boa parte da crítica, o longa-metragem entrega um testemunho pessoal do diretor, que cresceu naquela região, em meio à mística que envolvia Hollywood, conhecida como “a cidade dos sonhos”, e, com riqueza de detalhes, presta homenagem a Sharon Tate e esboça o chamado impacto cultural da família Manson no imaginário norte-americano.

Sharon Tate (1943-1969) e Margot Robbie

Midiaticamente, o crime de Hollywood ficou conhecido como caso Tate-Labianca, e envolveu oito assassinatos. No dia 8 de agosto de 1969, foram mortos, além da atriz (e seu filho em gestação), outras quatro pessoas que estavam na casa, no bairro Cielo Drive (a socialite Abigail Folger, o ator e escritor polonês Wojciech Frykowski, o cabeleireiro de celebridades Jay Sebring e o jovem de 18 anos Steven Parent, que estava na mansão por acaso).

Entre os assassinos estavam Charles "Tex" Watson, Patricia Krenwinkel, Susan Atkins e Leslie Van Houten – todos membros da seita Família Manson, liderada por Charles. No dia seguinte, além deles, outros dois jovens, Leslie Van Houten e Steve Grogan, se uniram ao grupo no assassinato do casal Leno e Rosemary LaBianca, em outra região da cidade.

Memórias

O caso Tate-LaBianca modificaria profundamente a estrutura social de Hollywood, e o diretor Quentin Tarantino cresceu em meio a esse ambiente de transição. De acordo com matéria publicada no jornal El País, o diretor “conheceu na infância, uma Hollywood onde ainda não existiam barreiras entre estrelas e espectadores, [...] um paraíso de liberdade que desmoronou em 9 de agosto de 1969 com o selvagem assassinato de Sharon Tate e seus amigos por parte de La Familia, a seita de Charles Manson”.

Na época, os criminosos foram sentenciados à pena de morte, mas por conta da proibição desse tipo de punição, deflagrada pouco tempo depois, a sentença foi convertida para prisão perpétua. Charles Manson morreu em novembro de 2017, aos 83 anos.

Apesar de “Era uma vez em Hollywood” colocar em jogo o emblemático crime, não se trata de uma leitura documental, mas de uma reelaboração das memórias do diretor, potencializadas por suas inúmeras referências cinéfilas. Os protagonistas, Brad Pitt e Leonardo DiCaprio, foram introduzidos a uma série de filmes e personagens que marcaram a mente de Tarantino, que comparou seu filme ao último produto do mexicano Alfonso Cuarón, lançado em 2018.

Era Uma Vez em... Hollywood é minha espécie de Roma. Um momento descrito exatamente como ficou na minha memória”, declarou o diretor. “Roma” foi contemplado com o prêmio máximo do Festival de cinema de Veneza, na Itália, e é lembrado por seu teor autobiográfico.

De acordo com Tarantino, Era uma vez em Hollywood é seu nono e penúltimo filme – ele pretende aposentar-se depois de concluir o décimo.

A seita

Charles Manson (1934-2017)

Em E”ra uma vez…” Charles Manson não é retratado como um protagonista. Na verdade, ele aparece em poucos momentos, sob interpretação do ator Damon Herriman, que também interpretou o assassino na série de TV Mindhunter.

O impacto de manson na indústria cultural nos últimos 50 anos já rendeu mais de 18 obras de ficção e 10 documentários. Como músico, Manson também deixou um legado relativo. A banda Guns N’ Roses, no auge de sua carreira mundial, lançou um cover da canção “Look at Your Game Girl” como uma canção oculta da lista de faixas do álbum “The Spaghetti Incident”, de 1993, que reacendeu a história do caso Tate-LaBianca para fãs adolescentes ao redor do mundo.

A história da organização criminosa conhecida midiaticamente como Família Manson começa em meados da década de 1960. Seu mentor era um ex-presidiário, visto como “hippie” que tentava iniciar carreira na música. Atualmente, a Família Manson é vista como uma espécie de seita criminosa que reunia jovens de várias partes dos Estados Unidos em um rancho isolado na Califórnia.

Manson era fanático por Beatles, e costumava nomear suas teorias criminosas com canções da banda britânica. Uma delas era chamada Helter Skelter, baseada na canção de Lennon e McCartney presente no “Álbum Branco”, lançado em 1968. Para Manson, Helter Skelter seria uma guerra racial aconteceria nos Estados Unidos causando uma situação de caos geral, onde ele seria consagrado líder e teria poder sobre a dinâmica do mundo a partir de então.

Quentin Tarantino

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