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70 anos de distopia e atemporalidade de Orwell

Assustadoramente atemporal, "1984" comemora seus 70 anos diante de uma conjuntura surpreendentemente verossímil, principalmente em face dos desdobramentos da sociedade contemporânea e seus fenômenos. Profética em seus limites, a obra de George Orwell é referência no gênero distópico e estabelece questões que rompem as barreiras da ficção.

Eric Arthur Blair oculto pelo pseudónimo George Orwell, foi um escritor, jornalista e ensaísta político inglês, nascido na Índia Britânica. Orwell foi um dos indivíduos de seu tempo que mais tiveram capacidade e sensibilidade para notar as problemáticas na conjuntura na política de sua época. Sua obra referencia-se em primeira instância por uma inquestionável inteligência perspicaz e bem-humorada. Além disso, o autor possui uma consciência profunda das injustiças sociais, logo, sua história é marcada por uma intensa oposição ao totalitarismo.

Suas principais obras, além de 1984, são “A revolução dos bichos”, “Dias na Birmânia” e “A Flor da Inglaterra”. A forte influência literária do autor marca também a linguagem. – “Orwelliano” no caso, virou um termo conhecido para se referir a algo totalitário, opressivo. Por exemplo, aquele país tem políticas “orwellianas“.

“A verdade, é claro, é que os inúmeros intelectuais ingleses que beijam o traseiro de Stálin não diferem da minoria que é fiel a Hitler ou Mussolini (…). Todos eles estão cultuando o poder e a crueldade bem-sucedida”.George Orwell - “O Que é Fascismo? E Outros Ensaios”.

Nas palavras do ensaísta italiano Umberto Eco, “ao menos três quartos daquilo que Orwell narra não é utopia negativa, mas história.”

A obra "1984", se ambienta em um futuro distópico onde o Estado impõe um regime extremamente totalitário para a sociedade, através da extrema vigilância do Grande Irmão, imposta pelo partido (Ingsoc). A tirania é ostensivamente supervisionada pelo Grande Irmão, o líder que goza de um intenso culto de personalidade. Assim, Oceania, é dominada pelo medo e pela repressão, pois quem chegasse a pensar contra o regime era acusado de cometer um crime.

O romance de Orwell, de maneira incisiva, apresenta uma visão pessimista do progresso tecnológico

O protagonista da obra Winston Smith, é membro do Partido Externo, que trabalha para o Ministério da Verdade, que é responsável pela propaganda e pelo revisionismo histórico. Seu trabalho é reescrever artigos de jornais do passado, de modo que o registro histórico sempre apoie a ideologia do partido.

Grande parte do Ministério também destrói ativamente todos os documentos que não foram editados ou revisados; desta forma, não existe nenhuma prova de que o governo esteja mentindo. A heroína Julia, encontra uma maneira de se aproximar de Winston, mesmo que isso cause a destruição de ambos pela Polícia das Ideias, e os dois iniciam uma paixão secreta e emocionante.

O romance de Orwell, de maneira incisiva, apresenta uma visão pessimista do progresso tecnológico, que oferece uma ilusão de felicidade em detrimento da liberdade e da realização de prazeres individuais.

Paralelamente, a obra propõe uma reflexão sobre quais as limitações do desejo dos homens por poder, que cegamente trocam a liberdade de escolha por falsas promessas de uma aparente segurança.

Com evidente influência, "1984" denunciou as mazelas do totalitarismo e tornou-se um dos mais influentes romances do século 20. O autor alerta em suas páginas, de maneira subjetiva, como a ideologia política pode manter turva a sanidade e a visão de mundo de um homem.

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