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Cortázar saia de cena há 30 anos

Há 35 anos, em Paris, o escritor argentino Júlio Cortázar saia de cena e entrava para o seleto rol dos grandes prosadores do século XX. Com o nome sacramentado na galeria dos maiores da literatura latina, o hermano nascido em Bruxelas, na Bélgica, deixou um legado cheio de obras complexas, indispensáveis e revolucionárias, tais como O Jogo da Amarelinha (1963), Histórias de Cronópios e de Famas (1962), As Armas Secretas (1959) e Final de Jogo (1971).


Fluente em diversos idiomas, Cortázar deu o pontapé inicial em sua vida profissional como professor no interior da Argentina, mas demonstrava aptidão literária desde a infância. Em 1944, já na vida adulta, foi contratado pela Universidade de Mendoza para lecionar literatura francesa. Dono de ímpeto revoltado e inconformado, o então prodígio escritor foi preso após participar com seus alunos da ocupação da instituição.

Tal inconformidade política aparece na vida e obra do escritor com grande frequência. Na década de 1960, período em que o mundo entrava em erupção por conta das revoltas sociais contra o status quo, Cortázar começou a militar favoravelmente aos movimentos sociais revolucionários argentinos, o que lhe rendeu a alcunha de ser um escritor bastante lido por hippies, conforme atestou escritor brasileiro Reinaldo Moraes em palestra na sede da Ubes, no Setor Central.

Assim, o reconhecimento literário aconteceu no início da década de 1970, quando faturou o prêmio Médicis por conta do Livro de Manuel. Com a consolidação do golpe militar na Argentina, que instaurou uma das Ditaduras mais sanguinárias do chamado Cone Sul, o escritor concedeu os direitos autorais de suas obras para ajudar as organizações de direitos humanos que lutavam pela liberdade de presos políticos perseguidos por Jorge Videla.

Doente e com os dias contados, Cortázar viajou para Buenos Aires com o objetivo de visitar sua mãe, Maria Hermínia Descottes. Na época, falava-se em leucemia, mas, no ano de 2014, a jornalista Cristina Peri Rossi, amiga do escritor, afirmou que ele havia contraído aids durante uma transfusão de sangue, num tempo em que ninguém sabia ao certo o que era a doença.

Portanto, não restam dúvidas de que a obra do escritor argentino é de suma importância para a literatura em língua espanhola. Adepto do chamado anti-romance, especialmente por conta da obra O Jogo da Amarelinha e toda a complexidade que o leitor precisa saber decifrar, Cortázar não pode ser considerado um autor qualquer. Cortázar é genial e lê-lo é fundamental, fazendo com que a vida seja mais leve e tenha mais sentido.

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