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Vai de táxi? Vai de Rosa!

Quando você pede um táxi usando determinado aplicativo pelo smartphone, seu nome e seu número de telefone celular ficam salvos no aplicativo, acessível para os taxistas. Isso não seria um problema se alguns taxistas não esquecessem o profissionalismo, e entendessem que a relação entre ele e o passageiro é estritamente profissional. Mulheres em todo o Brasil vieram através das redes sociais relatar assédio moral e sexual que estavam sofrendo por parte dos taxistas. Maioria das denúncias envolvem os aplicativos Easy Taxi e 99Taxi, que anunciaram que disponibilizariam a opção de ocultar os dados do solicitante no aplicativo.

Pensando na segurança e comodidade das passageiras, a design de interações Fernanda Santana, em parceria com Fernanda Ferreira e Josué Telles, desenvolveram o aplicativo Vou de Rosa Táxi. O aplicativo consiste em oferecer um serviço que envolva apenas indivíduos do sexo feminino, ou seja, motoristas de taxi e passageiras mulheres. è possível, inclusive, através do aplicativo, criar fidelidade com determinada taxista através do histórico de viagens, disponível no Vou de Rosa.

“O Vou de Rosa é um aplicativo que pretende criar uma nova experiência em serviço de táxi voltado exclusivamente para mulheres. Ele busca resgatar a segurança em andar de táxi, restringindo o app para motoristas mulheres e passageiras mulheres. Porque quando o passageiro usa o aplicativo o nome dele com o número do telefone fica registrado no celular do motorista de táxi e alguns taxistas estão enviando mensagens para as passageiras depois da corrida. Ao notar essa problemática, estamos produzindo o Vou de Rosa - táxi para ajudar as mulheres de todo o Brasil a chegarem em segurança em casa depois de uma noite na boate ou depois de um dia de trabalho, por exemplo”, diz Fernanda Santana.

Conversamos com algumas integrantes do coletivo Carol Barbosa, coletivo feminista ligado ao UJS em defesa a autonomia feminina, sobre a perspectiva destas mulheres em relação ao aplicativo que visa atender a demanda deste público. Segundo Paula Cruz, a “necessidade  de um novo serviço como esse deve ser melhor estudada, visando que muitas das cooperativas de táxi não tem a mesma proporção de taxistas homens e mulheres. E que, para desenvolver esse aplicativo, deveria desenvolver uma pesquisa mais aprofundada sobre a quantidade de mulheres interessadas, tanto taxistas quanto passageiras. Deviam pensar mais em números que possam viabilizar o projeto”. Por outro lado, quem sente-se insegura em pegar táxi, aprovou a ideia. “Eu acho ótimo, maravilhoso. Quando preciso pegar um táxi de madrugada sempre sinto muito medo”, disse Laura Júlia.

Conversamos com a idealizadora do projeto, Fernanda Santana. Veja o que ela tem a dizer.

DM Revista: Como você teve conhecimento das denúncias de mulheres que foram vítimas de assédio por parte de taxistas?

Fernanda Santana:Quando eu tive a ideia do aplicativo eu comecei a procurar via internet se esse cenário de assédio realmente era verdadeiro. Em portais como o G1, Exame e Tecmundo encontrei relatos de notícias  falando sobre depoimentos de mulheres que foram assediadas via sms e/ou whastapp. Depois de ver que esse cenário realmente existia, passei a procurar depoimentos de mulheres no facebook e em fanpages que defendem os direitos à mulheres, vi vários textos de mulheres relatando o ocorrido.

DM Revista: Em quanto tempo o aplicativo estará disponível para a população?

Fernanda Santana:Não tenho uma estimativa prevista para quando o aplicativo ficará pronto para a população. No momento estamos em fase de captação de patrocínio, parcerias e criando um projeto para conseguir a contribuição da sociedade através do site de crowdfunding (vaquinha online). Depois de conseguir o fundo que precisamos, aí sim teremos uma estimativa de quando ele estará disponível.

DM Revista: Qual o meio utilizado para garantir que apenas mulheres solicitarão o serviço? O aplicativo não estará disponível para download para qualquer aparelho móvel?

Fernanda Santana:Sim, o app estará disponível para qualquer pessoa baixar, porém para utilizar o serviço é preciso passar por um cadastro onde será inserido o CPF da passageira e ele será passado por uma validação para configurar o usuário como mulher. Sabemos que isso não é 100% confirmado que seja uma mulher, porém quando a taxista for fazer a corrida, existirá a possibilidade dela reportar um aviso de que o passageiro não é uma mulher e então iremos negativar o CPF daquele usuário para utilização do app. É mais ou menos isso, infelizmente não podemos ser totalmente certos de que não terá homens tentando usar o app, mas para assegurar a taxista, pensamos nessa opção.

DM Revista: Existe uma pretensão em padronizar ou veículos, ou um diferencial que possa identificar o veículo participante do Vou de Rosa?

Fernanda Santana:De início, não. Mas sim, no projeto foi pensado em uma padronização de veículos como adesivo e uniforme para as taxistas. Isso tudo dependerá da proporção que o app tomar. Mas temos já um layout da comunicação da "funcionária" que irá trabalhar com o app. Mas não queremos fazer dessa taxista exclusiva para o Vou de Rosa, ela poderá ter a opção de trabalhar atendendo homens, se quiser. O Vou de Rosa seria mais um meio de trabalho dela.

DM Revista: O fato de tornar de conhecimento público que esse serviço é prestado por mulheres e para mulheres, não as deixa mais vulnerável? Em outras palavras: não vai chamar a atenção de pessoas mal-intencionadas?

Fernanda Santana:Sinceramente, esperamos que não. O Vou de Rosa é pra mulher se sentir segura, entrar em um táxi e saber que chegará tranquila ao seu destino final. Que independente da roupa que ela use, isso não chamará atenção de quem está dirigindo o carro e também poderá até, quem sabe, ter um papo mais descontraído e sem intenções com a taxista, por exemplo. Além disso, estamos trabalhando para o app ser o mais seguro possível, colocaremos a opção de reportar qualquer tipo de insatisfação perante ao uso, tanto para a taxista quando para a passageira. Infelizmente todas somos vítimas de pessoal mal-intencionadas, mas o que a equipe do Vou de Rosa puder fazer para isso não afetar quem usa o aplicativo, nós faremos. Porque a principal intenção é trazer a segurança para as mulheres ao utilizar o serviço de táxi.

DM Revista: Qual o alcance desse aplicativo? Ele vai atender mulheres em todos os Estados brasileiros?

Fernanda Santana: Primeiramente estamos pensando em lançar apenas em Goiás, mas nunca se sabe né! (risos) Mas queremos que o app seja para TODAS as mulheres, sem exceção!

Estamos trabalhando para lançá-lo nacionalmente, mas isso tem "x" questões que ainda está sendo trabalhada. Queremos o Vou de Rosa no celular de todas as mulheres, lá nos favoritos, e que elas entendam que ele foi projetado e desenvolvido para ela e que ela se sinta especial por estar usando o app.

DM Revista:Existe algum aparato legal que responsabilize empresas de táxi por qualquer dano à integridade física ou moralidade das passageiras?

Fernanda Santana:Como ainda estamos em processo de desenvolvimento e o projeto ainda não saiu do papel, estamos pesquisando todas as partes, incluindo os aparatos leais sobre responsabilidade e segurança a integridade física. Porém, ele só irá funcionar e será disponibilizado para download quando todas essas questões estiverem previamente alinhadas.

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