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A Casa Museu de Nazareth

Nazareth fundou na cidade de Santo Antônio de Goiás uma casa museu. O local serve para alojar as lembranças representadas nos objetos que a casa guarda. Sabe aqueles móveis de casa de vó? Aqueles que têm cheirinho de madeira de qualidade e história. Isso é uma parte do acervo da Casa Museu de Santo Antônio de Goiás.

A face escritora de Nazareth já rendeu seis publicações. Seu primeiro livro publicado foi ”O Vôo” depois vieram as obras “Conexão” e “Dupla Face”. Os três foram editorados pela Prosas e Versos em parceria com a Pontifícia Universidade Católica (PUC). Os outros três livros da escritora ela publicou com recursos próprios, os títulos das obras são “Fragmentos da alma”, “Fios de Saudade” e “Sensibilidade Aflorada”.

Nazareth é bióloga especializada em neuro-pedagogia e educação infantil doutorada em paisagismo. Ela conta que a dedicação ao folclore e a poesia são de sua vivência pessoal, “Por isso que eu não quis estudar letras, pra mostrar que isso vem da inspiração, vem do mato”, conta a escritora.

A escritora fala sobre o desacordo de sua formação acadêmica e suas atividades no campo da cultura “Essa busca pela antiguidade, de guardar, de resgatar a história do povo, colecionar antiguidade, é amor, amor trazido pelo tempo que eu vivi na roça. Pela vida que eu tive com meus pais, aquela vida rural.”

Nazareth foi convidada pela revista “Aplauso” para ser entrevistada, falar sobre seu trabalho e sobre o museu. O museu aloja vários tipos de antiguidade. Guarda roupas, deixado por seus pais, camas, um moinho (de moer café), o descaroçador de algodão, o tear, o mancebo onde coloca o coador. Ela ainda completa “Telefones, ali tem uns 17 modelos diferentes”, telefones de outras épocas que mostram um pedaço da história.

Seu interesse pela manutenção do folclore levou Nazareth a desenvolver um projeto de levar para as escolas a cantiga de roda. Canções deixadas pelo tempo como “Fui no tororo” e outras que essa geração muitas vezes não tem nenhum contato. Ela conta que o projeto teve início assim que o escritor Bariani Ortêncio inaugurou o museu “Aí sim ele passou a existir”. A fachada foi cedida pelo prefeito da cidade Frederico Marques e vai ser reconhecido agora com o trabalho do advogado Elifas Modesto, que ajudará no processo de registrar o museu.

No ano que vem, por esse já estar no fim, ela estará nas escolas cantando essas cantigas de roda para poder manter viva a lembrança, não deixar que se perca no tempo essa tradição. Nazareth ainda conta sobre o método que usará para cativar essa nova geração “E, além disso, eu irei vestida de palhaço, porque as crianças têm que ser chamada a atenção. Um palhaço de folia. Até mesmo para cultivar”.

O museu foi inaugurado no dia 26 de junho, deste ano, pelo escritor Bariani Ortêncio e por Jadir Pessoa que por ser antropólogo prestigiou a iniciativa da criação da Casa Museu. Nazareth agradece o espaço no Diário da Manhã, pois seu museu ainda carece de divulgação “Estamos tendo agora o apoio do senhor Batista pra divulgar esse museu, para dar ascensão à cultura goiana”. O reconhecimento público atrai a visitação e pode até conseguir apoiadores que doem objetos e aumentem o acervo do museu.

Além de objetos de outras épocas a Casa ainda conta com uma biblioteca. O acervo bibliográfico possui livros tanto de poemas como de contos, muitos cedidos pela PUC. Alguns livros foram doados pelo poeta Geraldo pereira, o autor mora em Goiânia desde 79, mas é de Correntina, um baiano quase goiano .

Os livros do acervo estão à disposição do publico, principalmente das crianças. Nazareth relata que são as crianças que mais buscam livros no local. Ela ainda se lembra de uma assídua leitora que freqüenta a Casa Museu “Tem uma criança lá que parece que lê até mais que eu. Na entrega nós anotamos a quantidade de vezes que a criança pegou livros. Ela é a Letícia, uma gracinha a Letícia, a maior leitora de Santo Antônio”.

Nazareth conta que a criação do museu atraiu pessoas para a cidade, que agora é parte do circuito cultural goiano “Amigos escritores aqui de Goiânia vão muito lá, o Bariani, a Isabel, Cristiane, aquela que pinta as estações da semana santa, a Embrapa manda pesquisadores que vem de fora. A casa se tornou agora o único ponto turístico que tem existe em Santo Antônio”.

Por não ter tido filhos ela delegou seu sentimento de maternidade à arte e a manutenção das tradições “Não tive filhos, eu sinto que a arte é minha filha. A casa museu é minha filha, projeto meu, eu não deixei ela no poder municipal”. A autora ainda disse que deixou registrado em testamento que o museu deve ser preservado mesmo depois de sua morte, por temer que seu sonho se perca na sua falta “Testamento. Aí em vida e morte ninguém mexe”.

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