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Quem viu, viu: Playboy anuncia seu fim

Quando se acredita que todas as notícias ruins já foram dadas, eis uma pior ainda: a “Playboy” brasileira, revista com 40 anos de história, narrativas, estórias e inventários da cultura brasileira, objeto de desejo de senhores recatados, parâmetro para muitas mulheres do que estava na moda em termos de beleza corporal, deixará de circular em 2016.

A editora Abril informou ontem que simplesmente deixará de investir na “Playboy”. Além dela, outras duas entram no túnel do tempo e serão descontinuadas:  “Men’s Health” e “Women’s Health”.

Diferente destas duas, a “Playboy” passou a fazer parte da cultura autóctone brasileira. Apesar da origem americana, a “Playboy” tornou-se vitrine da beleza latina. Passaram pelas capas quase todas as mulheres famosas do Brasil: Vera Fischer, Adriane Galisteu, jogadora Hortência, cantora Marina, loiras do Tchan, Tiazinha...

Se a “Playboy” foi suporte de ‘devassidão’ e sonhos recônditos, ela também trouxe grandes entrevistas - que ainda hoje repercutem em suas respectivas áreas. Nenhuma outra revista ou impresso de caráter soft  produziu diálogos tão profundos e complexos quanto a revista que se notabilizou com as cenas de nudez e receitas de como ser ‘macho’.

A “Playboy” trouxe para seu público mulheres nuas, seções de piadas, coelhinhas, entrevistas, informações de consumo, discussões políticas e cultura do homem.

Quem saiu na capa, saiu. Agora, a revista de “adultos” sucumbe ao paraíso hibrido dos nerds, que se satisfazem ou com sites de pornografia ou de games. Imagens paradas não cativam mais os espectadores.

Cenas de nudez vazadas nas redes de computadores fazem mais sucesso do que os cuidadosos ensaios de J.R Duran – sim, aquele que tanta inveja provocou nos homens.  Agora que o fim está perto, ele revela: "Já fiquei com muito mais modelos do que os homens pensam e com muito menos que tive oportunidade". Isso significa que aquela mulher que muitos desejaram, ele simplesmente amou.

Há dois meses, a Playboy americana anunciou que não publicaria mais cenas de nudez. Era a tentativa de se manter em um mercado que sangra a cada dia.  As novas espécies de leitores não buscam mais as imagens de nudez das famosas.  Elas não interessam aos navegantes que podem ter um amplo repertório de mulheres nuas em milhares de sites.

A nota da editora Abril deixa claro que a decisão é uma opção de mercado: "O processo dá continuidade à estratégia de reposicionar-se focando e dirigindo seus esforços e investimentos às necessidades dos leitores e do mercado", completou a Abril.

A estratégia da Playboy das duas últimas décadas era investir pesado em mulheres famosas. Elas não precisavam sequer apresentar beleza estonteante. Bastava a fama. Mas a própria fama sofreu mudanças consideráveis nos últimos anos, com uma série de destradicionalizações.

Nos últimos meses, a revista desesperadamente apelou até mesmo para as musas do funk, caso da pós-adolescente Tati Zaqui.  Era um grito de socorro da marca, que já amargava vendas baixíssimas nos últimos cinco anos.

Você pode se perguntar: mas a estratégia da revista americana dará certo?  Ou seria melhor fazer como a edição brasileira e jogar a tolha imediatamente?  Pare e pense: se com nudezestava ruim, imagine sem?  Pois bem. Parece que as mudanças serão inexoráveis.


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