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A vida sem fumaça

Rariana Pinheiro,Da editoria DMRevista

Definitivamente fumar não é mais cool como era na década de 1980. Muitos nascidos após desta década, não sabem sequer quem era o famoso cowboy da propaganda da Marlboro. Conhecem mais as propagandas educativas contra o tabaco. Pensar na comercialização de um cigarro na forma de chocolates para crianças – o que era comum há 30 anos–, então? Nem pensar. No decorrer dos anos o cerco foi, literalmente, fechado para quem fuma. Um exemplo é a Lei Antifumo, de 2014, que proibiu fumar em ambientes fechados, públicos e privados. E, todas estas medidas parecem ter surtido efeitos ao longo dos anos. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil chega hoje, ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, com uma queda de 30,7% no número de fumantes.

A estimativa é de que hoje, cerca de 10,8% dos brasileiros adultos fumam. Um notável avanço se comparado aos números do final dos anos 1980, quando nada menos que 34% dos brasileiros eram amantes das baforadas viciantes e cancerígenas. É fato que as pessoas estão mais conscientes. Pois, segundo pesquisas, cerca de 62% dos fumantes já pensaram em abandonar o vício.

Mas, infelizmente poucos encaram o desafio. No Brasil, o hábito ainda é mais comum entre os homens (12,8%) do que entre as mulheres (9%). A faixa etária de maior consumo é entre 45 e 54 anos (13,2%) e a menor, entre os 18 e 24 anos (7,8%). Logo, de acordo com o Ministério da Saúde, estes números ainda fazem do tabagismo, a principal causa de mortes evitáveis no País. É um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas, como: câncer, doenças pulmonares e cardiovasculares.

“Não começar a fumar também é um grande desafio. Temos percebido um grande aumento na cessação do tabagismo entre a população adulta, porém nossos jovens e adolescentes ainda estão começando a fumar”, afirma a pneumologista Tânia Pereira Ignacio, que alerta ainda que o uso por 80 minutos do narguilé – muito comum entre jovens – equivale a fumar 100 cigarros.

Luta constante

Começar a fumar é certamente mais fácil e atraente do que parar. Na hora de tentar abandonar o vício os primeiros dias são longos e acompanhados por muitos desconfortos. A falta da nicotina pode causar: ansiedade, dificuldade de concentração, irritação, dores de cabeça, em alguns casos até alucinações.

Por isso, antes de dar o primeiro passo para largar o mundo das fumaças, é preciso de muita determinação. Tanto é que a pneumologista Tânia Pereira Ignacio chama de “grande desafio”, colocar em prática a decisão de abandonar os cigarros. “Em primeiro lugar é necessário que o paciente queira parar. A motivação pessoal é muito importante. A partir daí, e com ajuda médica especializada, a chance de sucesso é muito grande”, garante a médica.

Perigos da fumaça

As substâncias presentes nos derivados do tabaco são diretamente responsáveis por aproximadamente 50 doenças

São mais de 4.700 componentes tóxicos, inclusive o monóxido de carbono (mesmo gás venenoso que sai do escapamento de automóveis) e a nicotina (droga psicoativa responsável pela dependência química), que também causam infertilidade, halitose e envelhecimento precoce da pele

Em gestantes, o fumo é responsável por abortos múltiplos e episódios de hemorragia, além de problemas na placenta e nascimentos prematuros.

Fumantes passivos possuem um risco 30% maior de desenvolver câncer de pulmão e 24% maior de episódios de infarto.

Crianças que convivem diretamente com fumantes, têm em maior frequência doenças respiratórias, como asma, bronquite, rinite alérgica e pneumonias

Em bebês, o fumo passivo ainda eleva o risco de morte súbita.

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1 Métodos para pararde fumar

A forma de tratamento mais adequada para deixar o cigarro deve ser decidida entre médico e paciente e ambos devem estar de acordo com o tratamento proposto. O recomendado é ter acompanhamento médico por um período mínimo de três meses. As formas de tratamento variam a cada paciente, mas podem envolver desde psicoterapia, individual ou em grupo, a até medicamentos e adesivos de nicotina. Confira a seguir alguns métodos usados na hora de abandonar o vício.

hipnose clínica

Este método pode ajudar no tratamento de combate ao vício do cigarro sem o uso de medicamentos e com no máximo cinco sessões. “O tratamento de hipnose clínica científica geralmente é de cinco semanas, com sessões de uma hora a cada sete ou dez dias. Vamos trabalhando o inconsciente do cliente para buscar o foco da dificuldade e modificar possíveis traumas”, explica o doutor e mestre em hipnose Alessandro Baitello.

Adesivos e chicletes de nicotina

Eles liberam nicotina gradualmente. Nesse caso, a ação da nicotina no organismo é diferente de quando é inalada com a fumaça do cigarro, pois será depositada na corrente sanguínea em doses pequenas com o objetivo de controlar o vício.

Parada gradual

O método consiste em diminuir o número de cigarros com o passar dos dias ou então retardar a hora do primeiro cigarro.

Cigarro eletrônico

A comercialização do cigarro eletrônico é proibida no Brasil. Segundo especialistas o cartucho interno desses produtos contém nicotina, a mesma substância dos cigarros comuns que causa dependência, apesar de os fabricantes alegarem que a fumaça é apenas vapor de água. Esta semana, um estudo publicado pela Public Health England mostrou que cigarros eletrônicos são 95% menos prejudiciais à saúde do que o tabaco tradicional, mas especialistas ainda são reticentes em afirmar que o dispositivo é “menos nocivo” e aguardam estudos mais conclusivos.

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