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Porcos, baratas e amor: a inventividade de Jajá Félix

O rapaz se chama Jarlan Félix e tem seus 27 anos. É criador da página de ilustrações, quadrinhos e charges Jajá Félix no Facebook. Atualmente a page do jovem conta com mais de onze mil curtidas de um público fiel e cativo.

Os desenhos de Jarlan tratam em sua maioria de experiências irônicas do cotidiano de relacionamentos, crises de idade e furos existenciais. Participa ativamente de algumas publicações em conjunto com outros ilustradores e ilustradoras desse mundão véi de guerra, como "O Banquete".

Trata com a sensatez e provável insignificância de uma barata, o sentimentalismo sarcástico das situações que encontram e corroem diariamente, milhares de corações tristes e solitários. Talvez auto biográfica, a arte de Jajá Félix é fácil de ser absorvida e consumida. Desenhos limpos e alguns diriam que até mesmo fofos. Trazem muitas vezes pistolas, revólveres e outros tipos de dramatização simbólica de rompimento.



Em entrevista exclusiva, Jajá Félix comenta as inspirações e sua vida

DMRevista — Como e quando começou a desenhar?

Jajá Félix — Eu desenho desde a minha infância, percebi que tinha facilidade com desenho nas aulas de educação artística fazendo trabalho de datas especiais (Dia das mães, Pascoa, Natal...). O desenho sempre foi uma coisa natural para mim, me lembro que era comum me juntar com alguns amigos para fazer histórias em quadrinhos em cadernos com pauta. Muitas dessas histórias eram baseadas nos programas de televisão que assistíamos na época e jogos de videogame (Street Fighters, Mortal Kombat, Cavalheiros do Zodíaco, As aventuras de Tintim e vários outros).

DMRevista — Você tem alguma referência ou influência na área do quadrinho?

Jajá Félix — Eu sempre busquei um traço que pudesse ser executado de uma maneira fácil e que me agradasse. Meu traço é a mistura de muitas influências, algumas delas são: Fábio Zimbres, Diego Gerlach que foi um cara que me ajudou muito quando comecei a fazer quadrinhos, Rafael Sica que na minha opinião é um mestre, Yan Copelli, Ian Stevenson, Wasted Rita, Daniel Johnston, Raymond Pettibon, Carlos Zéfiro e Paul Paetzel.

DMRevista — Quais são suas principais inspirações, motivações e pautas?

Jajá Félix — Minhas principais inspirações são as coisas que me acontecem no cotidiano, incluindo as músicas que ouço e as pessoas com quem converso. A principal motivação é a vontade de ser mais.



DMRevista — Como foi a criação da sua página no Facebook, que hoje conta com mais de 11 mil curtidas?

Jajá Félix — A página como todo o trabalho começou de forma despretensiosa, nunca imaginei que ia chegar onde está, mas está crescendo cada dia mais.

DMRevista — Qual o Feedback que recebe dos seus desenhos?

Jajá Félix — Apesar do projeto ter 3 anos foi só em 2013 que as coisas começaram a acontecer, mudei a temática da página que antes era ilustrações para quadrinhos. Comecei a viajar, a expor, a conhecer as pessoas da internet. Já conheci pessoas maravilhosas por conta do meu trabalho.

DMRevista — Você já foi censurado ou reprimido de alguma forma por conta da sua arte?

Jajá Félix — Ah sim, sempre tem um espirito sem luz procurando alguém para culpar por sua insatisfação com o mundo.



DMRevista — Qual seria uma dica ou conselho para quem está começando na área?

Jajá Félix — Seja sincero e faça por você.

DMRevista — Para você qual a importância que a arte tem na transmissão de ideias e na transformação social?

Jajá Félix — Quando leio a palavra arte penso em universo muito mais abrangente para a palavra, além da arte sequencial. Porém, as vezes vejo meu trabalho como uma causa social, as mensagens dos quadrinhos não têm a intensão de trazer uma solução mas sim causar a reflexão do leitor. Mas essa arte só alcança seu objetivo se houver reflexão caso contrário se torna apenas um objeto de decoração.

DMRevista — Quais outros trabalhos, artistas ou projetos nacionais na área de ilustração que você indicaria para os leitores.

Jajá Félix — Eu gosto de muita gente e tenho muitos amigos que fazem trabalho maravilhosos, a lista é grande: Magra de Ruim, Lovelove6, Batata Frita Murcha, Mês, Shosh, Quadrinhos Insones, Singh Bean, Éff, Adivinha Dindi, Revista Prego, Cristiano Onofre, Selo Piqui, Boobie Trap, Julia Balthazar, Heron Prado, Mazô e O Banquete que é um projeto no qual também faço parte.


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