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No Timbre: Components

Na sexta edição da coluna No Timbre, você confere o som de um dos novos destaques da cena alternativa de Goiânia, a Components

Heitor  Vilela Da editoria DMRevista

A banda é formada pelo baixista Miguel Viana (19), no vocal Matheus Azevedo (19), Hugo Rezende na bateria (20) e Gabriel Santana na guitarra (21).

"Músicas existenciais e de amor, tocadas de forma enérgica"

A ideia do grupo começou desde a infância dos garotos, que sempre pensaram em ter uma banda de rock. No começo eles ensaiavam alguns covers famosos e clichês, que atualmente nem poderia ser considerado uma influência para o grupo, como: Iron Maiden, Metallica e Black Sabath. Esse poderia ser a descrição do início de qualquer outra bandinha adolescente, mas o que pegou de diferente nesses carinhas certamente foi o incentivo de membros da família que também são músicos, bons músicos.
Os meninos, inicialmente, eram três, Miguel, Hugo e Gabriel, e desde 2011 tocavam algumas músicas autorais em inglês, o grupo inicialmente se chamava Torn Birds. Pouco tempo depois, em 2013, já entrou o que seria o vocalista até hoje, Matheus Azevedo. A partir daí a estética sonora e visual do conjunto começou a ser forjada. Em 2014, o grupo gravou um EP no RockLab ao vivo e quando foi ser lançado, os rapazes pensaram em um nome mais simples, que seria de fácil assimilação e que representasse a química entre os integrantes e a proposta de um som moderno.
Em 2014, o grupo, que apenas tinha o sonho de tocar em uma banda, já estava com produções completas e bem colocadas, com riff’s arranjados e que para ouvidos mais desatentos poderia dizer que é um som feito por veteranos. Lançaram um vídeo de uma música ao vivo, chamada As If we Knew It, que teve quase três mil visualizações no Youtube. A partir daí o grupo já começou a ser comentado e minimamente conhecido nas redes sociais, principalmente Instagram, talvez pela irreverência e bom humor dos integrantes.
Os rapazes contam que sempre é muito difícil rotular a própria música, mas que a ideia é sempre tocar verdadeiramente, algo que tenha a cara dos integrantes. Eles primam por fazer um som que nada na influência do rock alternativo do final dos anos 90’ e anos 2000, como Foo Fighters, Queens of the Stone Age e Muse. “Apesar de gostarmos dessas bandas, queremos fazer uma música que nós gostamos de ouvir e que não pareça a cópia de nada que tem por aí...”
Os integrantes da Components são a essência do que o rock goiano gerou após duas décadas de intensa produção. Os jovens comentam que desde bem novos escutam muito o som produzido na cidade e que até hoje acompanham shows e escutam discos de grupos como Boogarins, Carne Doce, Violins, Black Drawing Chalks, Tonto, Industria Orgânica entre outros projetos alternativos da capital. Esse contato direto com os eventos e a cena cultural goiana, certamente influenciou o som produzido pelo conjunto.
As letras em sua maioria trazem questões introspectivas, pessoais e que levantam os dramas sentimentais padrões de jovens apaixonados, no contexto do mundo contemporâneo. “Cada letra segue uma onda, sempre mantendo uma linha que interage com a melodia das canções. Nosso som não é um trabalho conceitual.”
Os rapazes têm com o projeto e a música como um todo uma proposta de vida. Entre os integrantes, dois são estudantes de música na UFG e sempre sonharam com essa perspectiva, que agora começa a se concretizar. “O cenário de Goiânia é muito bom, tem muita efervescência cultural em toda parte e por isso, para nós, é muito importante conseguir conquistar o público da capital.”

Sem nós na língua
Recentemente os garotos da Components romperam com uma estética que há décadas reina nos grupos de rock goianos, que é tabu e divide opiniões do público e crítica. O fato de “cantar em inglês” é uma eterna controversa no cenário local, levando em conta que moramos no olho do furação tropical, no pico da serra goiana e que a grande maioria dos adolescentes que frequentam os festivais alternativos nos inferninhos da cidade não entende praticamente nada do que é cantado na língua gringa. Por isso mesmo que a Components, na contramão de diversos grupos que insistem em manter a estética das influências diretas, resolveu por forjar um som mais honesto com a proposta do conjunto e partiu para compor na língua nativa, com todas suas gírias e expressões tupiniquins.
Já recentemente, há pouco mais de uma semana apenas, os rapazes que exibem uma protuberante cabeleira quase que combinando entre si, lançaram pela internet a primeira música da banda, já considerando a nova empreitada de cantar em português. Além dos versos e letras escritos pelo vocalista Matheus, agora facilmente compreendidos, foi também o primeiro videoclipe da banda. O vídeo de “As Caras”, com pouco mais de 4 minutos de duração, apesar da simplicidade (que em minha opinião pode ser uma característica extremamente positiva) traz a combinação química no ponto, com humor, enredo e sombra de mulheres dançando sensualmente contra a luz.
O clipe de As Caras traz em três cores o tédio da realidade da vida. Tudo que é chato, massante e repetitivo é representado em preto e branco, como o trabalho de escritório e o cotidiano como um todo, é quebrado com os flash’s em azul e vermelho do grupo tocando os riff’s e paradas bem marcadas. O contraste entre guitarra e bateria pesada é forjado com a voz calma e firme do vocalista, que não aposta em gritos estridentes na canção, que não deixa de ter uma pegada dançante, talvez o ideal seria assistir o show da Components no palco de algum inferninho escuro da cidade. “A nossa música quando eu escuto, me traz sensações, condensações de sentidos, dá vontade de fazer alguma coisa.”
Para entender as novas tendências do rock goiano, certamente você tem que escutar também o som dessa garotada, procurando pelo nome Components nas redes sociais, encontra uma boa matéria sobre o grupo.

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