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Centenário, General Cesário Bicudo Leme esbanja vitalidade

Ainda muito jovem, Cesário, recebeu a patente de general assim que foi convocado para servir na segunda guerra mundial, ainda na gestão de Getúlio Vargas

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Jurado no Tribunal do Júri da comarca de Goiânia, o centenário General Cesário Bicudo Leme demonstra vigor e irradia a fé no amor familiar. Às vésperas de completar 106 anos, o General Cesário recebeu a mais alta patente do exército em 1944 pelo então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, compartilhou suas experiências durante uma visita à redação do DM.

Com muita simpatia, clareza mental e vitalidade, Cesário compartilhou detalhes sobre sua vida e trabalho. Apesar de reservado em relação à sua carreira militar, ainda trás a bandeira nacional no peito e no coração.

Com orgulho, mencionou as amizades que construiu ao longo dos anos, destacando a relação especial que mantinha com o jornalista Batista Custódio, que faleceu em novembro de 2023, aos 88 anos.

Com saudade, o General Cesário relembrou as conquistas que alcançaram juntos, destacando especialmente o empenho conjunto para alterar o local da estátua equestre de Pedro Ludovico Teixeira. O artigo escrito por Batista Custódio teve um impacto significativo na remoção do monumento, que estava em frente ao Centro Administrativo para o local definitivo ao lado de uma fonte luminosa, a três metros de altura, na Praça Cívica em Goiânia.

Nascido em Itápolis, município de São Paulo, em fevereiro de 1918, Cesário sempre nutriu o sonho de seguir a carreira militar desde a juventude. Esse desejo se concretizou aos 18 anos, quando ele se tornou militar. Ao recordar essa fase da sua vida, o general destaca com carinho o seu comandante no Batalhão da Segunda Região Militar, o Major Braga Beniz.

Cesário comenta suas lembranças afetuosas, descrevendo o comandante da sua companhia como um médico muito educado e "gente fina". Vale mencionar que o Major Braga esteve presente em um momento especial na trajetória de Cesário, quando recebeu a premiação por ser o ‘praça’ mais rápido a vestir a farda, completando essa conquista em menos de um minuto.

Ainda muito jovem, Cesário, recebeu a patente de General, assim que foi convocado para servir na segunda guerra mundial, ainda na gestão de Getúlio Vargas. Quando em 1944, após romper relações diplomáticas com o Eixo, o Brasil teve navios atacados por submarinos alemães, isso levou o país a enviar cerca de 25 mil soldados para lutar na Itália.

Enquanto o General estava a bordo do navio em direção ao continente europeu, o comandante do navio recebeu a ordem de retornar às costas brasileiras. O General ainda fala sobre esse momento, “Eu fui admirador de Getúlio Vargas, mas admirador mesmo. Ele era um homem para o trabalhador. Que apoiava quem trabalha. Quem produz né? Eu não fui lutar pelo meu país, mas trabalhei muito aqui.” e completa com felicidade a oportunidade que teve de falar pessoalmente com o Getúlio, “eu corri para perto do carro dele, conversando com ele. Tive essa alegria de conversar com Getúlio Vargas assim.”

O General Cesário adotava uma postura desprendida no exército, sem considerar o trabalho difícil e evitando impor sua patente sobre os outros. Para ele, o foco principal era servir ao Brasil em qualquer função necessária, como na olaria onde contribuiu na fabricação de tijolos para a construção da capital do país, Brasília. Ele se orgulha de ser um dos construtores que ajudou na edificação inicial da cidade, destacando a importância de produzir tijolos, um item fundamental na época.

Além disso, Cesário continuou sua contribuição ao país ao participar ativamente na pavimentação de estradas, como a BR-010, mais conhecida como Belém-Brasília. Essa rodovia foi construída entre o final dos anos 50 e início dos anos 60, durante o ápice do plano desenvolvimentista do então presidente Juscelino Kubitschek. Essa estrada tinha como objetivo escoar a produção brasileira e estava inserida no ambicioso projeto '50 anos em 5', que buscava acelerar o desenvolvimento do país.

Pai de sete filhos, Cesário perdeu as contas da quantidade exata de netos, bisnetos e tataranetos que possui, mas enfatiza ter um amor imensurável por todos eles. Em sua postura, ele se mostra contrário à violência e é um defensor fervoroso de um ambiente familiar caracterizado pela paz e pelo amor.

Esses valores são fundamentais para Cesário, que busca promover um lar onde o respeito mútuo e a harmonia prevaleçam, contribuindo para o bem-estar e a felicidade de todos. “Família a gente tem que amar, amar mesmo, de verdade. Tem família que bate no filho, eu não coloco mão em filho não. Sou contra. Filho não se agride, né? A pessoa que agride tá fingindo seguir os mandamentos da lei de Deus: ‘amais uns aos outros como vos amei’; e a Deus sobre todas as coisas, em especial os seus familiares, né?” explicou.

Neste momento, Cesário relembra da esposa Terezinha de Jesus, com quem ficou casado por 63 anos, com Terezinha teve três filhos, “Ela era uma mulher linda, linda, o amor da minha vida, tivemos três filhos. Homenageei Getúlio colocando o nome dele em um dos meus filhos.” Terezinha faleceu há sete anos, deixando muita saudade, “E a vida é assim. A vida continua, né? Um dia termina a vida material e passando para a espiritual, aí vou encontrar com ela.” acrescenta o General, que faz questão de mencionar o amor que ainda sente pela esposa.

Evangélico e fundador da igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil, General Cesário explica que a “fonte da juventude” está no cuidado com a saúde, comer devagar, se exercitar e não ter vícios.

Na presença do jornalista Júlio Nasser, presidente do Diário da Manhã e, ao lado do amigo Carlos Abrahão Gebrim, presidente da Associação Goiana de Pedestres e Turistas (Agape-TUR), o General Cesário expressou com orgulho seu trabalho contínuo desde que completou 93 anos. Nessa fase, tornou-se o jurado mais idoso, servindo ao lado dos juízes Jesseir Coelho de Alcântara e Eduard Pio no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.

Cesário destaca sua participação ativa, sendo convocado para essa responsabilidade até o início da quarentena da Covid-19 em 2020. Aos 102 anos, viu-se obrigado a se afastar do cargo devido à pandemia. Sua dedicação e serviço contínuo evidenciam não apenas sua longevidade impressionante, mas também seu comprometimento inabalável com as responsabilidades legais, até as circunstâncias atípicas da crise de saúde global.

Com planos de retornar ao trabalho, assim que for possível, quando reconvocado, Cesário demonstra entusiasmo e disponibilidade ao falar, “Estou me mudando para Brasília, se me chamarem, eu preciso morar aqui em Goiânia. Então volto, né?"

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