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Homem solto após ficar 30 dias preso sem provas diz que 'não dorme mais à noite'

O auxiliar de apoio operacional, Eduardo de Assis Fernandes, 44, passou 30 dias na cadeia após ter sido preso na frente dos filhos enquanto preparava o jantar, acusado de roubar e de tentar extorquir dois empresários em Queimados (RJ). Ele foi preso com base em uma foto no Facebook de outro suspeito.

No dia 22 de novembro, Eduardo foi solto por falta de provas. Agora, ele conta que tem dificuldade para fazer novos planos. "O amanhã a Deus pertence. Vou continuar trabalhando, como sempre fiz", diz.

Ele ainda fala da apreensão para saber se manteria o emprego. Até que na segunda-feira veio a boa notícia, Edurado continuava no cargo e bem recebido pelos colegas. "No país em que vivemos, alguém preso automaticamente é visto como bandido. Mas me deram boas-vindas e me abraçaram. Estou trabalhando em dois lugares e estou muito feliz que o ocorrido não me prejudicou profissionalmente", afirma.

Edurado, tambem relembrou a angústia de estar preso e relata que foi abandonado pelo pai ainda muito novo e jurou que jamais deixaria sua família só, então aos olhos dele, a prisão injusta o forçou a descumprir a promessa.

"Eu os deixei obrigatoriamente e sofri muito durante todo o tempo em que estive preso. Senti saudade, desespero e tristeza", diz. Durante o tempo na cadeia, ele teve pesadelos, não comia e ficou cabisbaixo boa parte dos dias. "Eu preciso esquecer aqueles momentos."

Apesar de ter saído da prisão, ele conta que os sentimentos ruins ainda não forma embora. "Não consigo dormir à noite. Tenho pesadelos e acordo assustado, com medo do que pode acontecer a partir de agora", conta. Para ele, foi humilhante ir ao ônibus com seu alvará de soltura de volta para casa. "Sentia os olhares de julgamento vindos das pessoas."

Agora, Eduardo diz que vê a vida de outra forma. "Sempre me vi como uma pessoa boa, mas achava que não precisava de Deus e hoje me sinto renovado. Vejo a vida de outra forma."

As acusações

Eduardo foi preso sem provas, após umas das vítimas do crime ter reconhecido ele por meio de uma foto de 2016, extraída de seu perfil no Facebook.

No crime que ocorreu em agosto, um dos sócios do supermercado teve R$ 109 mil roubados. Ele foi abordado por um homem de boné caido sobre o rosto. Após o roubo, a vítima e seu irmão, também sócio do estabelecimento, receberam mensagens no WhatsApp com ameaças contra seus familiares caso não pagassem uma quantia em dinheiro.

Conforme a Polícia Civil, os chantagistas haviam se identificado como integrantes do Comando Vermelho do Morro do Simão, em Queimados. Porém, Eduardo não mora no Morro do Simão nem nunca teve qualquer envolvimento com o tráfico de drogas.

Ao averiguar ex-funcionários do supermecado, a polícia chegou a um rapaz de 25 anos que havia sido demitido por justa causa meses antes. Que segundo o delegado Afonso Mota, titular do 55º DP de Queimados, ele pode ser o articulador dos crimes por conhecer a rotina do lugar. O homem também foi preso, apesar de não haver provas que indiquem sua participação no caso.

Para a polícia, a proximidade de Eduardo com o ex-funcionário do supermercado, abre uma possibilidade para que ele esteja envolvido no crime, já que os dois são cunhados. Dessa forma, a polícia pediu e o juiz Luiz Gustavo Vasques, da Comarca de Queimados, autorizou a prisão temporária, agora revogada. Então mesmo reconhecendo a ausência de elementos na investigação, o magistrado mandou Fernandes para a cadeia.

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