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O pior cego é o negligente com a própria saúde

Eu dou de começar esta matéria por um provérbio popular que afirma: o pior cego é aquele que não quer ver. Estendendo este ditado temos: o pior cego é o que não quer ver, ouvir nem acreditar. Aí também já é ser um néscio e ignorante num alto grau. Assim, vamos em frente fundado nesse princípio. Inúmeros são os cenários da vida onde cada pessoa de per si (por sua conta e deliberação) faz uma coisa quando deveria fazer outra. E atenção! Não que essa pessoa faça o errado por simples engano, displicência ou cochilo. Ela faz com a absoluta lucidez de que aquela decisão, atitude ou procedimento está errado, torto e contrário aos costumes, ao convívio social, às leis da natureza e das ciências. Daí a semelhança com a cegueira ou surdez voluntária.

Abstraindo da retórica e teoria, alguns exemplos encontradiços tornam bastantes ilustrativos. Os exemplos de saúde são useiros e vezeiros. À luz das ciências da saúde, conforme informações encontradas por todos na internet (ex. Dr. Google), o planeta inteiro e todos, sabemos quais são os alimentos mais nocivos para o corpo, o cérebro e o coração. Como tais, as carnes vermelhas contaminadas com anabolizantes e nitrosaminas , xenobióticos, os carboidratos e açucares de toda ordem. O mundo inteiro sabe da nocividade e envenenamento que esses alimentos trazem para a saúde humana. Quantas pessoas vão deixar de refestelarem-se com os seus churrascos, com a mandioca, macarronadas e apetitosos doces de sobremesa? E os temperos com os chamados xenobióticos e conservantes, aqueles produtos com odor fétido, estragados e tóxicos para nossas células? Ah, coitadas das células.

Poucos são os que abstêm de suas libações e prazeres instintivos da boca e do estômago. Uma minoria opta pelo vegetarismo ou veganismo. Uma outra minoria o faz quando perde entes queridos ou são sobreviventes dos mortíferos e paralisantes infartos ou derrames cerebrais. Certamente pensam: antes enxergar tarde do que nunca. A maioria esmagadora dos casos de infarto, derrame cerebral e diabetes decorre dos hábitos alimentares podres e nocivos ensinados pelos pais, escolas, sociedade e indústria alimentícia. O pior alimento que ingerimos é aquele industrializado e processado. Para isso temos milhares de escolas na TV e internet.

A vida moderna, mecanizada e digitalizada trouxe o que de conforto? Imobilismo total, automóvel para ir até na padaria, para deslocar meio ou um km. Chego na porta do prédio, tenho o elevador e reclamo de subir um andar a pé. Consequências dessas tecnologias: obesidade, colesterol alto, artrose, hipertensão, limitação física, doenças metabólicas como o diabetes e morte prematura. Todos têm consciência dos danos do sedentarismo e deles são vítimas. Cegueira voluntária absoluta.

Uma outra cegueira voluntária imbecil refere-se aos vícios de toda natureza. O sujeito sabe que alcoolismo provoca neuropatias, cirrose, pancreatite, e bebe até morrer. Sabe que o tabagismo causa câncer de pulmão, de rins e aparelho digestivo e fuma até depois do diagnóstico, da quimio e radioterapia do câncer; ou seja, é cegueira na sua quintessência.

Agora, essa eu descrevo de forma ocular e de carteirinha porque de alguns sou rodeado, trata-se da categoria cegueira com dolo intencional. Alude-se aos tipos humanos que têm a clarividência de que o melhor provimento da subsistência são os víveres e utensílios produzidos e custeados com o próprio labor . Entretanto, temos muitos indivíduos que se equiparam a ociosos, perdulários, vagabundos e quejandos. Eles não se coram nem se vexam de parasitar familiares, bens herdados até os esfanicar, e gostam de todas as futilidades do mundo virtual. Tudo sem nenhum pudor. O pior vagabundo, como alguns cegos, são os que não querem trabalhar. Desocupados por opção e danação de quem o sustenta. Novembro/2019.

João Joaquim médico e cronista DM

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