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COTIDIANO

‘Não há nada o que comemorar. Crise da Educação é um projeto’

  •  Os direitos dos trabalhadores da Educação, tanto na rede pública quanto privada, foram ‘precarizados’, explica o presidente do Sindicato dos Professores de Goiás
  • Antropólogo, Darcy Ribeiro conceitua que a crise da Educação, no Brasil, não é uma crise, trata-se de um projeto em andamento, em execução, denuncia o filósofo
  • A Reforma Agrária deve entrar na agenda política e social, diz. Com a criação de escolas nas zonas rurais, conta. Para reduzir o analfabetismo adulto e infantil, atira ele

Não há o que comemorar, hoje, 15 de outubro de 2018, Dia dos Professo­res, afirma o presidente do Sin­dicato dos Professores da Rede Particular de Ensino em Goiás, Railton Nascimento. Filósofo, de linhagem marxista, um homem gauche, de formação enciclopé­dica e cultura iluminista, o ati­vista diz que a aprovação da lei que congela os gastos públicos em Educação, Ciência, Tecnologia e Cultura por 20 anos produzirá um retrocesso sem precedentes na história republicana do Brasil.

Os direitos dos trabalhadores da Educação, tanto na rede públi­ca quanto privada, foram ‘precari­zados’, explica. O Piso Salarial Na­cional é ínfimo, não cobre o salário mínimo estabelecido pelo Dieese, o Departamento Intersindical de Eco­nomia e Estatística, direitos como o da titularidade na Educação do Es­tadual acabaram na lata de lixo, es­colas rurais são fechadas, a violência invade as salas de aulas, o índice de analfabetismo atinge 13 milhões de brasileiros, dados do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], a repetência escolar alarma, assim como o patamar de evasão escolar e os números de bullying, frisa

- Não é a Educação que que­remos.

CRISE & PROJETO

Antropólogo, Darcy Ribeiro con­ceitua que a crise da Educação, no Brasil, não é uma crise, trata-se de um projeto em andamento, em execução, denuncia. A ameaça tem hoje nome, CPG, RG, número e está à espera do dia 28 de outubro para destruir os direitos históricos dos trabalhadores, ataca.

A referência e à possibilidade de vitória nas eleições presidenciais, no segundo turno, do deputado fe­deral Jair Bolsonaro [PSL]. Com a sua narrativa fascista tropical, tem­perados com a misoginia, o ódio às mulheres, o preconceitos aos LGBTs, aos indígenas e quilom­bolas, 400 tribos, que aguardam a demarcação histórica de suas ter­ras, nas ‘Terras Brazilis’, nas cinco regiões do País, de dimensões con­tinentais, contra os negros, pobres, moradores das periferias, alvos da violência dos aparatos policiais do Estado, atira o sindicalista.

A CLT, a Consolidação das Leis do Trabalho, uma herança de Ge­túlio Vargas, que se suicidou em 24 de agosto de 1954, às 8h30, em seus aposentos presidenciais, no Palácio do Catete, virou ‘letra morta’, com a Reforma Trabalhista, que obteve o voto de Jair Bolsonaro[PSL], explica.

- A Reforma da Previdência aca­bará com as aposentadorias, o di­reito à velhice, a um fim de vida digno. A uma Terceira Idade ativa.

O Brasil requer uma Reforma Po­lítica para acabar com legendas de aluguel, que trocam tempo no rádio e na TV por dinheiro, abocanham Fundo Partidário para alimentar burocracias corruptas e recorrem aos fundos eleitorais para obter be­nefícios próprios, pontua.

A Reforma Tributária, para ta­xar os mais ricos, esvaziar o peso dos impostos sobre os trabalhado­res e as classes médias, aumentar a base da arrecadação federal, distri­buir receitas para Estados e Municí­pios, multiplicar o número de em­pregos, de postos de trabalho com carteira assinada, sublinha. Dados oficiais: o País traz, em 2018, os pio­res indicadores econômicos dos úl­timos 100 anos, denuncia.

Um retorno à década perdida, da década de 1980, lamenta. Um mapa trágico com 27,7 milhões de desempregados e desalentados, 36 milhões de trabalhadores no merca­do informal ou invisível, sem renda fixa, direitos trabalhadores ou pre­videnciários, homens, mulheres, idosos e até crianças, até trabalho infantil, proibido pelo Direito Inter­nacional, a volta ao Mapa da Fome, da ONU, com 22,5 mi de pessoas abaixo da linha de pobreza, frisa

- A Reforma Agrária deve en­trar na agenda. Com a criação de escolas nas zonas rurais. Para reduzir o analfabetismo adulto e infantil.

DÉFICIT DE MORADIAS

O déficit de moradias afeta tam­bém os professores, alerta Railton Nascimento. O Programa Minha Casa, Minha Vida, ameaçado por Jair Bolsonaro, é uma conquista so­cial dos trabalhadores, insiste. É ci­dadania, adianta.

Com o auxílio de Guilherme Boulos, líder do MTST, o Movimen­to dos Trabalhadores Sem Teto, e de Sônia Guajajara, indígena, de Impe­ratriz do Maranhão, Fernando Ha­ddad, graduado em Direito, mestre em Economia, doutor em Filosofia, professor de Teoria Política Con­temporânea, da Universidade de São Paulo, USP, com o suporte da deputada estadual do Rio Grande do Sul, jornalista e mãe da peque­na Laura, de três anos de idade, Ma­nuela D´Ávila, executará, sim, de forma ordeira e pacífica, uma Re­forma Urbana, diz. Com preserva­ção de direitos, confidencia.

O crédito farto, sob a Era Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto – 2003 a 2006 e 2007 a 2010 – permitiu a ampliação do merca­do de consumo interno, aqueceu o comércio, elevou a produção in­dustrial, do agronegócio e do setor terciário da economia, o de servi­ços, diagnostica.

O PIB, Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas pro­duzidas no e pelo País, alcançou 7,5% em 2010, um percentual asiáti­co, chinês, define-o. O ‘bandleader’ dos professores de Goiás incorpora a proposta de Ciro Gomes de retirar milhões do SPC, em 2019.

- A eleição presidencial está envolta em discursos irracionais, sexistas, homofóbicos, racistas e misóginos, e deixa de lado o que é essencial: o programa de cada candidato para desenvolver a eco­nomia e gerar emprego, indus­trializar o país, fomentar a ciên­cia, a tecnologia e a educação. O que conquistamos está em risco.

Somos nós professores, tra­balhadores, que formamos pro­fissionais de múltiplas áreas, os convocados a cumprir essa tare­fa, chama a categoria o presiden­te do Sinpro, em Goiás.

Para formar homens e mulhe­res a viver em sociedade de forma fraternal,desabafa. Mesmo quan­do a intolerância cresce diante de nossos olhos, emociona-se.Não podemos desistir de educar cida­dãos capazes de conviver em um mundo cada vez mais plural, pro­põe o dirigente sindical.

Nobre, a nossa missão é de pre­parar profissionais que sejam ca­pazes de garantir ao País prota­gonismo e competitividade no mundo globalizado, informa ao Diário da Manhã. Existe, hoje, um avanço descontrolado da mercan­tilização da educação protagoni­zada pelos monopólios econômi­cos, comprometidos tão somente com o lucro, atira.

Monopólios que, ao lança­rem mão da Educação à Distân­cia [EAD], de forma indiscrimina­da, colocam em risco a qualidade da educação, metralha ele. Jair Bol­sonaro defende a excrescência da EAD desde o ensino fundamen­tal, alerta. É a precarização abso­luta da atividade docente, alerta o pesquisador.

- Caminhamos, a passos lar­gos, para uma sociedade sem pro­fessores ou com professores sem valor social.

MONOPÓLIOS

Os monopólios avançam nos centros urbanos, com escolas sem a infraestrutura necessária para alunos e professores, nada de es­paços para atividades desportivas e de lazer, que se proliferam nas regiões periféricas do Estado de Goiás, reclama. Verdadeiros de­pósitos de crianças, diz.

Os professores são submeti­dos à dupla jornada, informa. O que lhes acarreta extenuantes ro­tinas laborais em casa, fuzila. Nos horários vagos e finais de sema­na, insiste. Com salários que nem chegam ao piso da categoria, de­sabafa.Professores são forçados a trabalhar fora do expediente, re­lata. Em festas juninas, dia das crianças, reuniões de pais ou ati­vidades de formação, registra.

A violência no ambiente esco­lar cresce, com episódios de agres­sões verbais, físicas, assédio moral, sexual, depredação do patrimônio e tráfico de drogas, crê.

A escola é, hoje, palco de uma violência simbólica evidente nas salas superlotadas, no clima ten­so de vigilância, no predomínio de uma pedagogia tradicional que restringe ensino-aprendizagem à mera transmissão e transforma a escola num lugar triste e opressi­vo, discursa o professor.

- Cresce a onda de censura e mordaça que pretende calar tan­to o professor quanto o estudante e impedi-los de emitirem opiniões em sala de aula, restringindo-o a mero transmissor de conheci­mentos técnicos.

Renato Dias, 51 anos de ida­de, é graduado em Ciências So­ciais, pela Universidade Federal de Goiás. Mais: pós-graduado em Po­líticas Públicas, pela mesma insti­tuição de ensino superior, a UFG. Em tempo: com curso de Ges­tão da Qualidade, pela Fieg, Se­brae-GO e CNI. Além de jornalis­ta pela Faculdade Alves de Faria, a Alfa. O repórter especial do jor­nal Diário da Manhã e colabora­dor do www.brasil247.com é tam­bém mestre em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Cató­lica, a PUC de Goiás. É autor de 15 livros-reportagem, premiado por obras investigativas e reportagens de direitos humanos.

Renato Dias, 51 anos de ida­de, é graduado em Ciências So­ciais, pela Universidade Federal de Goiás. Mais: pós-graduado em Po­líticas Públicas, pela mesma insti­tuição de ensino superior, a UFG. Em tempo: com curso de Ges­tão da Qualidade, pela Fieg, Se­brae-GO e CNI. Além de jornalis­ta pela Faculdade Alves de Faria, a Alfa. O repórter especial do jor­nal Diário da Manhã e colabora­dor do www.brasil247.com é tam­bém mestre em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Cató­lica, a PUC de Goiás. É autor de 15 livros-reportagem, premiado por obras investigativas e reportagens de direitos humanos.

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