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Goiânia, a capital que trouxe Brasília

Planejada para abrigar 50 mil pessoas, Goiânia atin­giu a marca de 1.466.105 habitantes no ano em que che­ga aos seus 85 anos. A Capital dos Goianos é também a Capital do Art Decò, a Capital dos Parques e a Capital das Três Raças, de todos os credos, de todos os povos, de todas as culturas e de todos os temperos.

Não há família em Goiânia que não tenha um pé fora do Estado. A epopeia da construção da nova ca­pital trouxe para as campinas do Rio Meia Ponte engenheiros, ar­quitetos, professores, operários e profissionais de todas as partes do estado, e também cariocas, minei­ros, paulistas, baianos, cearenses, piauienses e maranhenses, e jun­to com eles, a farinha, a pimenta, o dendê que se misturaram aqui ao pequi, à pamonha, ao peixe na te­lha e outros sabores que marcam a gastronomia da capital.

Também fazem parte dos 85 anos de Goiânia as famílias do Ve­lho Mundo e do Oriente que aqui se instalaram e contribuem para o desenvolvimento da cidade, como o saudoso professor Jesco Von Put­tkamer, as famílias Rassi, Auadi, Abrão, Tokarski, Fujioka e tantos outros que marcaram a capital do cerrado com suas contribuições na ciência, na medicina, no comércio, na indústria e na culinária.

A cidade da miscigenação re­tratada na Praça Cívica pelo mo­numento às Três Raças da escul­tora Neusa Amaral, também não é a cidade de uma nota só. Vá­rios ritmos e vários acordes com­põe o cenário musical: do samba à MPB, do rock ao sertanejo, da congada à catira, do forró à folia de reis, do piano de Belkiss Spen­ciere à viola de Marco Biancardi­ni, passando pela sanfona de Fri­dão ou a guitarra de Emídio Reis.

A cidade do Teatro Goiânia, do Martin Cererê, do Teatro Goiânia Ouro, do Inacabado de Otavinho Arantes é o berço da Companhia Quasar, dos grupos de teatro Opi­nião, Arte e Fogo, Último Tipo e de talentos que aqui continuam e ou­tros que brilham noutros palcos.

Goiânia inspirou a criação de Brasília e de Palmas. Seus jardins e parques inspirariam cidades em todo o Estado e no país inteiro.

Goiânia é cosmopolita graças a visão de seu fundador, o médi­co Pedro Ludovico Teixeira, que fez sua graduação na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e de lá voltou com a ideia de uma nova capital que induzisse o de­senvolvimento de Goiás.

Pedro Ludovico nasceu na an­tiga capital do Estado, a cidade de Goiás. Fez os estudos básicos na Escola de Mestra Nhola e no Liceu Goiás. Retornou formado em 1916 e se fixou em Bela Vista, e, depois do casamento com sua compa­nheira, Gercina Borges, mudou-se em 1917 para Rio Verde, onde en­trou nas lides políticas pelas mãos do sogro, o senador Antônio Mar­tins Borges. Em 1929 engaja-se na­quilo que viria a ser o movimento que levaria à Revolução de 1930 após contatos com o presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, e com Antô­nio de Siqueira Campos, um dos comandantes da Coluna Prestes.

Revolucionário em 1930, visio­nário em 1933 ao lançar a pedra fundamental para a construção da nova Capital, Pedro Ludovico Teixeira foi também o líder que resistiu ao golpe de 1964, que mandou fazer barricadas contra a deposição do filho, o governa­dor Mauro Borges Teixeira, e que seria cassado, mas nunca calado pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5) em 1969, juntamente com o ex­-presidente Juscelino Kubitschek.

Pedro Ludovico, que também foi imortalizado em seu cavalo pela saudosa Neusa

Amaral merece justa home­nagem no dia em que sua prin­cipal obra chega à marca de oito décadas e meia.

CURIOSIDADES SOBRE O FUNDADOR DE GOIÂNIA

1- Nasceu na cidade de Goiás;

2- Formou-se em Medicina, no Rio de Janeiro;

3- Em 1930, estourou uma Revo­lução liderada pelo ex-presidente do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Fazenda Getúlio Dorneles Vargas. A revolução foi apoiada pelos estados de Minas Gerais e Paraíba. No dia 24 de outubro de 1930, os revolucioná­rios depuseram o presidente presi­dente da república Washington Luís e impediram a posse de seu suces­sor, o presidente eleito Júlio Prestes, cuja eleição foi marcada por fraudes como era comum naquele tempo. Era o fim à República Velha. O 24 de outubro se tornou nome de ruas e avenidas em todo país (como a 24 de Outubro, no setor Campinas), para homenagear os vitoriosos. E foi este dia que Pedro Ludovico es­colheu para lançar em 1933 a pedra fundamental de Goiânia.

4–Num gesto simbólico que re­presentou a tomada do poder, os revolucionários gaúchos, chegan­do ao Rio, amarraram seus cavalos no Obelisco da avenida Rio Bran­co. Em 3 de novembro chegava ao fim a Primeira República e co­meçava um novo período da his­tória política brasileira, com Ge­túlio Vargas à frente do Governo Provisório. Era o início da Era Var­gas, que nomearia interventores nos Estados. Em Goiás, o escolhi­do foi Pedro Ludovico.

5–Com apoio do governo do pre­sidente Getúlio Vargas, o interven­tor de Goiás, Pedro Ludovico iniciou a construção de Goiânia em 1933, inaugurando a nova capital nove anos depois, com o Batismo Cultu­ral em 05 de julho de 1942, que con­tou com a presença do presidente Getúlio Vargas e dos maiores escri­tores e artistas da época, como Pro­cópio Ferreira (pai de Bibi Ferreira).

6–A construção de Goiânia, ins­pirada no projeto “Marcha para o Oeste”, incentivou o presidente Ge­túlio Vargas a outras experiências de interiorização do desenvolvi­mento brasileiro como a criação no ano de 1942 da Colônia Agrí­cola Nacional de Goiás (Cang) em Ceres e da Colônia Agrícola Nacio­nal de Dourados–CAND, em Dou­rados no Mato Grosso.

7–O Teatro Goiânia foi inaugura­do no Batismo Cultural com a apre­sentação da peça “Deus lhe pague”, com a participação da atriz Eva To­dor, que entregou ao primeiro pre­feito de Goiânia, Venerando de Frei­tas, as chaves da nova Capital.

8- Nomeado Interventor em 1930, Pedro Ludovico é eleito governador pela Assembleia Le­gislativa em 1935 e novamente nomeado interventor para o pe­ríodo 1937/1945. Em 1945, com o afastamento do presidente Ge­túlio Vargas, foi também afastado do mandato.

9- No ano de 1945 foi eleito de­putado federal para Constituinte de 1946, em 1950 é eleito governa­dor Goiás, pelo PSD, partido criado por Vargas como linha auxiliar do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro).

10–Pedro Ludovico foi eleito duas vezes senador, a primeira em 1954, a segunda em 1962, na cha­pa ao lado do presidente Jusceli­no Kubistchek. Ambos se filiaram ao MDB, o partido de oposição ao regime militar e foram cassados pelo famigerado AI-5 (Ato Institu­cional nº 5) pela ditadura militar em 1º de outubro de 1969.

11–O ex-senador e ex-governa­dor organizou a resistência em no­vembro de 1964 contra as forças do exército e da aeronáutica que ameaçaram bombardear o Palácio das Esmeraldas para forçar a depo­sição do governador Mauro Borges Teixeira, que era seu filho. Mauro no entanto, preferiu entregar o go­verno no dia 05 de novembro.

12- Foi redator do jornal goia­no A Voz do Povo e membro ho­norário da Academia de Letras de São Paulo. Faleceu em Goiâ­nia no dia 16 de agosto de 1979, quando preparava mais um volu­me de seu livro Memórias

13–No dia 29 de março de 2013, morreu, aos 93 anos, o seu filho, o ex-governador Mauro Borges Teixeira.

14- No dia 30 de abril 2018 mor­re aos 82 anos, o seu filho caçula, Goiânio Borges Teixeira.

15–A casa onde residiu em Goiâ­nia, à Rua Dona Gercina B. Teixeira, Quadra 47, Setor Central foi trans­formada em museu. Lá estão seus livros–Pedro Ludovico lia as obras de Goethe no original em alemão -, sua caminhonete, instrumentos de medicina e outras curiosidades so­bre o fundador de Goiânia.

ART DÉCO

O estilo Art Déco, escola de arquitetura francesa, inspirou a construção da nova capital projetada em 1935 por Atílio Correia Lima. Construída nos anos 1940-50, a cidade possui o mais significativo conjunto Art Déco do Brasil, reconhecido desde 2003 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Dezoito prédios são os mais representativos deste estilo:

1- Palácio das Esmeraldas (1937), Praça Cívica

  1. Procuradoria Geral do Estado, Praça Cívica
  2. Coreto (1942), Praça Cívica
  3. Agência de Cultura, Praça Cívica
  4. Museu Zoroastro Artiaga (1946), Praça Cívica
  5. Delegacia de Administração, Praça Cívica
  6. Escola Técnica-Cefet, Rua 66, Centro
  7. Estação Ferroviária, Praça do Trabalhador, Centro
  8. Fórum e Tribunal de Justiça, Avenida Anhanguera, Centro
  9. Grande Hotel, Avenida Goiás, Centro
  10. Lyceu de Goiânia, Rua 21, Centro
  11. Museu Casa Pedro Ludovico, Rua 26, Centro
  12. Subprefeitura, Praça Joaquim Lúcio, Campinas
  13. Palace Hotel, Avenida 24 de outubro, Campinas
  14. Teatro Goiânia, Avenida Tocantins, Centro
  15. Trampolim e mureta do Lago das Rosas, Setor Oeste
  16. Tribunal Regional Eleitoral, Praça Cívica, Centro
  17. Torre do Relógio, Avenida Goiás, Centro


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