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Goiânia é considerada uma cidade mortífera para travestis e transexuais

  •  Associação Nacional de Travestis e Transexuais veiculou nota alertando a população LGBT do perigo de morar em Goiânia

Aos 21 anos de idade, Ma­theus Benazi é o mais novo candidato a deputado esta­dual. Ele quer defender a bandeira LGBT na Alego e alerta para o fato de o Brasil liderar o ranking mundial de assassinatos LGBT’s, que são defini­dos como ‘crime de ódio’.

Matheus Benazi Xavier é candi­dato a deputado estadual pelo Par­tido Comunista Brasileiro. Por ser candidato, está licenciado como diretor da pasta LGBT da União Es­tadual dos Estudantes (UNE), além de fazer parte da Coordenação Es­tadual da União da Juventude Co­munista do Estado de Goiás.

Candidato mais novo no plei­to de 2018 com 21 anos de idade, estudante de Direito, ele se consi­dera ‘candidatado’ pelo partido, já que foi pelo PCB convidado a plei­tear uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. A intenção é que sua candidatura seja um polo aglutinador das lu­tas da juventude e do movimento LGBT no Estado, na intenção de formularem uma aglutinamento político e organizativo para que haja um salto de organização e de luta desses setores no Estado.

Matheus acha importante a vi­sibilidade que a disputa eleitoral traz para a luta LGBT por causa da conjuntura de criminalização da esquerda, criminalização dos mo­vimentos sociais e porque é impor­tante a inserção nos espaços insti­tucionais. Ele tem a clareza que as mudanças sociais não virão dos es­paços institucionais, mas pela ocu­pação desses espaços no intuito de contribuir para que as mudanças aconteçam.

Ele justifica a necessidade da bandeira LGBT sob a argumenta­ção de que o Brasil lidera o ran­king mundial de assassinatos LGBT’s – o que caracteriza ‘cri­me de ódio’. Ele considera o Esta­do de Goiás extremamente con­servador e menciona o deputado federal João Campos, que foi o autor do PL que ficou conhecido como ‘Projeto de Cura Gay’.

A Antra - Associação Nacional de Travestis e Transexuais vei­culou uma nota em 2016 orien­tando para que as meninas que precisam fazer programa para so­breviver não viessem para Goiânia, já que é uma cidade considerada mortífera para as pessoas travestis e transexuais. Nesta mesma nota, a associação chama Goiâ­nia de ‘cemi­tério de traves­tis’, de modo que essa bandeira tem de ser encampada pelos partidos de esquerda porque a população LGBT é a fração mais precari­zada da classe traba­lhadora e a que mais sofre com as mazelas do capitalismo, tem a exploração de mais va­lia acentuada por esse marcador social, que é a identidade sexual, identidade de gênero.

A Antra é uma insti­tuição brasileira volta­da a suprir as necessi­dades da população de travestis e transexuais, assim como combater a transfobia.

Segundo dados da Antra, 99% da popula­ção de travestis e tran­sexuais tem a prosti­tuição como única fonte de renda. Na nossa sociedade, o mercado da indústria do sexo cresce cada vez mais, e essas pes­soas têm que se su­jeitar à prostituição, à pornografia, resul­tado de uma sociedade que mercantiliza tudo, inclusive as necessida­des biológicas como o sexo, explica Matheus.

Ele considera que a discussão de a pes­soa nascer ou se tornar LGBT não ser pacífica nem dentro da própria comunidade. “Essa dis­cussão é irrelevante, vez que nem a própria pessoa saberá responder a esta pergunta. Ninguém justi­fica porque é bissexual, as­sim como não há uma con­senso para explicar por que há transgêneros ou homos­sexuais. Não se trata de uma escolha, porque ninguém em sã consciência escolheria ser LGBT no país que mais mata LGBT no mundo”, arremata.

Nascido em uma família evan­gélica, Matheus questiona a con­duta do deputado João Campos, já que o cristianismo é inclusivo. Matheus não entende como uma pessoa que se diz seguidor de Je­sus Cristo pode ter a coragem de encampar uma cruzada contra a dignidade de vidas de um contin­gente populacional.

Perguntei a ele se gostaria de deixar algum recado à sociedade: “quero dizer à sociedade goianien­se que a comunidade LGBT existe, e por mais que as pessoas tentem fechar os olhos, estamos aí. Não há um mecanismo de estatística que consiga apontar o verdadeiro nú­mero da população LGBT, mas es­tima-se que estamos na casa dos 10%, o que não é pouco. Ele deixa uma mensagem para a classe traba­lhadora: “também somos trabalha­dores e queremos as mesmas coi­sas, como todo o restante da classe, que é viver bem, direito a políticas públicas que nos garantam uma existência digna, uma existência que não seja exposta à violência”. Para a comunidade LGBT, ele ad­verte: “precisamos começar a nos enxergar como classe trabalhado­ra. É muito triste saber que a co­munidade LGBT esteja infectada com uma lógica totalmente liberal de que a emancipação da classe se dará de forma individual ou pelo viés mercadológico. A luta contra a LGBTfobia passa pela organiza­ção de um projeto societário que emancipe todos os trabalhadores”

Matheus Benazi, 21 anos, estudante de Direito e candidato a uma vaga na Alego pelo PCB, alerta para o fato de o Brasil contabilizar uma triste liderança mundial: se mantém como o país que mais assassina travestis e transexuais homens e mulheres

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