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Brasil quer que China sinta o esporão do galo

A cadeia brasileira do frango mostra-se inconformada com a decisão da China de taxar suas importações. Essa posi­ção ficou clara durante audiência, ontem, da Comissão de Agricultu­ra e Reforma Agrária no Congresso Nacional. A sessão extraordinária foi convocada pela senadora goia­na Lúcia Vânia, atendendo a apelo dos criadores de Goiás. Este Esta­do sente a crise com um dos gran­des produtores. “O esporão chinês também nos pegou”, comentou um dos presentes na audiência.

O ministro da Agricultura, Blai­ro Maggi, revelou durante audiên­cia na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária que o governo avalia tomar “uma ação política mais incisiva” em relação à Chi­na, por causa da tarifa antidum­ping de 38% aplicada pelo país asiático sobre os frangos impor­tados do Brasil”. Maggi e o CEO da BRF para o Cone Sul, Jorge Lima, deixaram claro que esta sobreta­xa, na prática, inviabiliza a expor­tação de frango para aquele país.

O governo chinês tomou a de­cisão após reclamações de pro­dutores locais em relação ao preço do frango brasileiro, o que levou a uma abertura de inves­tigação relacionada a dumping. Maggi garantiu não existir “ne­nhum nexo causal” na alegação das autoridades chinesas, e de­fende que o Brasil deve reagir.

— Conversei hoje com o mi­nistro Aloysio Nunes Ferreira [das Relações Exteriores], que tratará do assunto com o presidente Mi­chel Temer. Chega de palavras, está na hora de agirmos. A Chi­na também tem muitos interes­ses em nosso país, há poucos dias mesmo levantamos uma taxa an­tidumping sobre o aço, mas vimos que eles não cumpriram a parte deles — disse o ministro.

ESPORÃO PEGA GOIÁS

Houve a interrupção do aba­timento de aves em municí­pios goianos pela BRF. Em Mi­neiros, no sudoeste goiano, 90% das granjas estão paralisadas. A audiência pública foi requerida pela senadora Lúcia Vânia (PSB­-GO) e contou com a presença do ministro da Agricultura, Pecuá­ria e Abastecimento, Blairo Baggi, do superintendente do Banco do Brasil em Goiás, Marco Antônio Sanches, do presidente da Fede­ração da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schrei­ner, e de executivos da BRF.

A atuação, os problemas e as perspectivas da BRF em Goiás fo­ram debatidos na comissão. Além de Mineiros, a empresa também reduziu o abatimento de aves em Rio Verde e interrompeu o forne­cimento de insumos e aves para os avicultores. Com essa recessão nas atividades, a BRF já concedeu férias coletivas para funcionários dos frigoríficos dos municípios do sudoeste goiano.

Os avicultores estão receosos com a paralisação total da pro­dução. Em visita ao município de Mineiros, a senadora goiana constatou o problema e ouviu a preocupação dos produtores do sudoeste goiano. Segundo o presi­dente da Associação dos Aviculto­res Integrados de Mineiros, Aloir da Silva, mais de 500 avicultores estão aguardando uma definição da BRF. “O setor possui uma extensa cadeia produtiva responsável pela geração de emprego e renda. Os avicultores não podem ficar reféns dessa situa­ção”, afirmou a senadora goiana.

Em Mineiros, o abatimento de perus foi reduzido de 32 mil por dia para 9 mil. “Hoje vivemos um período de incerteza e falta de pre­visibilidade”, explica. Os fornece­dores realizaram investimentos nas granjas por meio do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) e estão preocupados com o pagamento do financiamento. Desde o início da crise já foram demitidos funcionários de gran­jas e da indústria de Mineiros, mu­nicípio que tem mais de dois mil empregos diretos ligados ao setor de aves. As demissões e paralisa­ção das atividades em toda a ca­deia produtiva acabam gerando um impacto social, uma vez que a economia da região gira em tor­no da produção de aves.

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