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Crise persiste e granjas de frango encerram atividade

Com o embargo das impor­tações de carne de fran­go de vinte plantas brasi­leiras pelo mercado europeu, a crise no segmento persiste. E se agrava pela elevação dos custos da ração, cujo composto básico é o milho e a soja. A Associação Goiana de Avicultura (AGA) re­gistra fechamento de granjas no Estado com perdas de empregos e prejuízos dos avicultores. Hoje, o quilo do animal vivo está cotado a R$2,20. Em março, sua cotação correspondia a R$2,40. O preço da saca de milho no mercado ontem era de R$30,54 e da soja R$68,90, segundo o departamento técni­co da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás.

A GM, situada no município de Anápolis, acaba de fechar. A unidade de produção abatia 20 mil aves diariamente. Ubiraja­ra Bernardes era superintende e foi demitido com a suspensão das atividades da empresa. Ele conta que “o frango chegou a ser vendido a R$4,00 o quilo, cain­do para apenas R$2,00”. Segun­do Ubirajara, as dificuldades já vinham sendo sentidas com os custos crescentes da produção. Entre os quais, os preços da ra­ção. Em Nova Veneza, a Bonasa fechou no auge: estava abatendo 100 mil frangos diários.

Em Silvânia, o produtor Jeoval Batista, da região de Variado, no aperto não teve outra saída: doou 23 mil frangos. Os animais eram criados em parceria com seus ir­mãos. Segundo ele, o frigorífico de Nova Veneza, mais próximo de sua granja, reduziu drasticamen­te o abate. Ele então ficou libera­do para se desfazer dos frangos. “Não dava mais para sustentá­-los”, confessou. Optou, desta for­ma, pela doação. Os frangos esta­vam com 30 dias e o abate é feito em torno de 45 dias.

MAIOR EXPORTADOR

O Brasil é o maior exportador de frango para o mercado euro­peu. Ele supre grande demanda dos países europeus. Gera 800 milhões de dólares. Analisando o complexo quadro, o presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Tasso Jai­me, observa que “apesar de re­presentarem só 3% do consumo, essas exportações sempre foram uma pedra no sapato dos produ­tores europeus”. Há anos, esses produtores buscam motivo para bloquear as importações de car­ne de frango brasileira.

Com certas alterações nas ta­rifas de importação e sem limites de cotas, o Brasil passou a respon­der por 6% do consumo europeu. Os produtores europeus reagiram. E determinaram que o peito salga­do deveria ser reclassificado como frango congelado in natura, ain­da que o produto fosse outro. Na seqüência de acontecimentos, o bloco aplicou um antigo disposi­tivo que permitia renegociar con­cessões sofre tarifas consolidadas e impor tarifas restritivas sobre o peito salgado. Em 2007, o proble­ma se agravou e começou a afetar a rentabilidade da cadeia produti­va avícola nacional.

O setor conta com 130 mil avi­cultores e gera 3,6 milhões de em­pregos. A legislação da Europa de carne de aves adota critérios micro­biológicos para favorecer claramen­te o produtor local. No frango in na­tura, sem adição de sal, só dois tipos mais graves de salmonela levam à recusa sumária dos produtos. Mas, no caso do frango salgado a legis­lação determina a recusa imediata de produtos que contenham qual­quer um dos mais de 2.600 tipos de salmonela, inclusive os que não afe­tam a saúde humana. Foi utilizando esse sistema, que culminou na sus­pensão das 20 unidades brasileiras.

BLAIRO NA OMC

Ao receber o presidente da So­ciedade Goiana de Agricultura e Pecuária (SGPA), Tasso Jaime, em seu gabinete em Brasília, para ex­por a crise do frango neste Estado, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que iria à Organiza­ção Mundial do Comércio (OMC) para denunciar o que considera “arbitrariedade”.

NOVAS TENDÊNCIAS DA EXPORTAÇÃO MUNDIAL

As novas projeções sobre as tendências das exportações mun­diais de carne de frango em 2018 (divulgadas em abril passado), o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) reviu para baixo os números inicialmente projetados. Assim, enquanto nas projeções de novembro de 2017 previa ex­portações de 3,7% maiores que as de 2017, agora prevê que o incre­mento não irá muito além dos 2%.

A maior parte do recuo em relação à previsão inicial é oca­sionada pelas exportações bra­sileiras. Originalmente, o USDA estimou que elas pudessem che­gar aos 4, 150 milhões de tonela­das, o que representaria expan­são de quase 8% sobre os 3, 847 milhões de toneladas de 2017 (es­ses totais não levam em conta a exportação de pés/patas de fran­go). Agora, são previstos 3, 875 mi­lhões de toneladas, 0,73% a mais que o exportado em 2017, mas 6,63% a menos que o previsto em novembro do ano passado.

A ressaltar que essas projeções são anteriores à divulgação da Operação Trapaça (março/18) e ao embargo parcial da União Eu­ropéia à carne de frango salga­da do Brasil (abril/18). Portan­to, mesmo sendo mais recentes, as previsões em relação ao Brasil ainda podem ser mais afetadas. Mantidas as projeções atuais, os cinco principais exportadores mundiais de carne de frango – pela ordem, Brasil, EUA, União Européia, Tailândia e China – res­ponderão em 2018 por 9, 577 mi­lhões de toneladas, 85% do total negociado internacionalmente.

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