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COTIDIANO

O roteiro da páscoa

A Semana Santa, celebrada no Brasil de 25 de março a 1º de abril este ano, é uma tradição religiosa católica que cele­bra a Paixão, a Morte e a Ressurrei­ção de Jesus Cristo. Ela se inicia no Domingo de Ramos, que relembra a entrada triunfal de Jesus em Jeru­salém e termina com a ressurreição de Jesus, que ocorre no domingo de Páscoa. Em Goiânia, esse ritual é cumprido nos templos cristãos – que envolve católicos apostóli­cos romanos e ortodoxos gregos, e evangélicos. Em todos os templos, a Semana Santa é celebrada em maior ou menor intensidade.

A programação da Semana Santa nos templos católicos com­preende procissão do Domingo de Ramos, concentrações, missas nos horários habituais. Hoje é a sexta­-feira da Paixão de Cristo, dia de jejum e abstinência, e de relem­brar a memória do sepultamento do Senhor. Sábado, amanhã, é a celebração das sete dores de Nos­sa Senhora, vigília pascal. Domin­go, 1º de abril, Ressurreição do Se­nhor, missa de páscoa.

Nos templos evangélicos, tam­bém há cerimônias. A Universal convoca seus fiéis para o programa para 30 de março, nos seus tem­plos, o primeiro dia do encontro especial “Levanta-te”. “Você que está prostrado, envergonhado, so­frendo, anote no seu calendário: Sexta-feira da Paixão, Sábado de Aleluia e Domingo de Páscoa. Na conclusão do propósito do Salmo 91, faremos três dias para levantar a sua vida, te tirar dessa situação”, explicou o bispo Renato Cardo­so. Na Paróquia São José, na mis­sa do Domingo de Ramos, em seu sermão pediu aos paroquianos o “necessário respeito ao período da Semana Santa”, em que se lem­bra a crucificação de Jesus Cristo.

RENOVAR ALIANÇA COM CRISTO

O padre Antônio Donizeth do Nascimento, coordenador de Li­turgia e Arte Sacra, em entrevista ao Encontro Semanal, jornal edita­do e distribuído pela Arquidiocese e Goiânia, enfatiza que “é indispen­sável aos cristãos, durante a Semana Santa, viver o mistério de Cristo. Re­novar com ele uma relação de alian­ça, voltar a Ele a fonte primordial”. E complementa que “na encena­ção, as pessoas assistem, participam emocionadas, mas recebendo uma interpretação do artista. Na litur­gia não. Na liturgia é o próprio Cris­to que vive o mistério; você partici­pa do ministério. É muito diferente”.

Segundo o sacerdote, na Sema­na Santa se celebra como Igreja, no mundo inteiro, um ato de parar tudo e voltar tudo e todos, como Igreja, à fonte primordial, que é Cristo. “Santo Agostinho medita o Evangelho de João que relata so­bre o soldado que traspassa o lado de Cristo; vendo que Cristo estava morto, o soldado não lhe quebrou as pernas, mas traspassou-lhe o lado e, ao tirar a lança, verteu san­gue e água. O santo usa uma ex­pressão que, na Semana Santa, nós vamos à fonte, que é o lado de Cris­to traspassado. Nós vamos beijar a cruz, tocar a cruz, tocar a chaga do lado de Cristo traspassado, e dizer: “aqui eu nasci, aqui é o lugar, aqui é a minha fonte”. É mais do que água benta, é o próprio Cristo a fonte”.

VIA DOLOROSA, CAMINHO QUE JESUS CARREGOU A CRUZ

O repórter quando esteve em Israel participando de curso sobre cooperativismo agrícola, na Hista­drut, escola destinada a latino-ame­ricanos, portugueses e espanhóis, pode conhecer cidades com Tel Aviv, Jerusalém, Belém, entre ou­tras, consideradas berços da civili­zação cristã, onde nasceu e morreu Jesus. Em algumas oportunidades, percorreu a Igreja da Natividade, em Belém, onde teria nascido o Menino Deus, além da Cidade Ve­lha, da capital do país.

A Via Dolorosa é o caminho na cidade velha de Jerusalém, em Is­rael, que Jesus percorreu carregan­do a cruz. Começa no Pretório, sala de audiência do tribunal de Pôncio Pilatos, na fortaleza de Antônia, e se estende ao Gólgota, local da cru­cificação. As catorze estações da Via Crucis encontram-se ao lon­go do seu trajeto. A Igreja venera e um lugar santificado pela oração dos que acreditam.

Cada estação comemora um acontecimento, seguindo a tradição cristã. Na primeira estação, Jesus é condenado à morte. Caifás conduz Jesus ao Pretório. No local, hoje, está o pátio do Colégio de Omar.

Na segunda estação, Jesus car­rega a cruz. Pilatos manda Jesus flagelar e na seqüência o entrega para ser condenado. Nesse local, situam-se capelas franciscanas. No lugar, os cristãos recordam o início da Paixão de Jesus, a coroa de espi­nhos, sua condenação à morre e o início da Via Dolorosa.

Terceira estação, Jesus cai pela primeira vez e sussurra: “Não tenho perto quem me console, quem me reanime”. Na Rua El-Wadi se situa a capela polonesa e o relevo esculpi­do por Thadeus Zkielinsky, com Je­sus caído sob o peso da cruz.

Na quarta estação, Jesus en­contra sua mãe Maria e diz: “Não és nada para ti, todos os que pas­sais? Olhe em volta e veja. Existe algum sofrimento como o meu sofrimento?”

Nesse caminho, existe atual­mente um oratório armênio cató­lico, onde os seguidores de Cristo recordam a dor.

Na quinta estação Simão Ciri­neu, que passava por ali vindo do campo, ajuda Jesus a levar a cruz.

Verônica enxuga o rosto de Je­sus na sexta estação. Nesse trajeto, há um altar com candelabro de sete braços no oratório do convento das Pequenas Irmãs de Jesus.

Na sétima estação, Jesus cai pela segunda vez. Segundo Isaias, “no seu amor e na sua misericór­dia, Ele mesmo os resgatou, er­gueu-os e carregou-os”. Hoje, no local grande coluna romana er­gue-se na capela franciscana.

Na oitava estação, Jesus consola as mulheres de Jerusalém. “Filhas de Jerusalém não choreis por mim, chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos! Porque se fazem assim com o lenho verde, o que acontece­rá com o seco? (Lc. 23,28 e 31). Fica próximo ao mosteiro grego.

Jesus cai pela terceira vez na nona estação. Uma coluna roma­na sinaliza a nova estação.

Na décima estação, Jesus é des­pojado de suas vestes. Isaias des­creve: “Desde a planta dos pés até a cabeça, não há lugar são. Tudo são contusões, machucaduras e chagas vivas”. A estação é ocupa­da na atualidade pelo interior da Basílica da Ressurreição.

Na décima primeira estação Je­sus é pregado na cruz. Jesus disse­ra, segundo Simão: “Eles feriram minhas mãos e meus pés. Posso contar todos os meus ossos”. Esse lugar é venerado pela Igreja Lati­na, sendo decorado com mosai­cos em 1938 e indica o lugar onde Jesus foi pregado na cruz, sob os olhares de Maria, sua mãe.

Jesus morre na cruz, na décima segunda estação. Conforme Ma­teus, “Jesus deu um grande grito: Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?”. Segundo o profeta, “Jesus, porém, tornando a dar um grande grito, entregou o espírito”.

No local onde foi levantada a cruz de Jesus e as dos dois ladrões, foi erigido um altar grego sobre a rocha do Calvário. De estilo orien­tal, é ricamente decorada. Além de um altar menor há uma está­tua de madeira. A obra é do sécu­lo XVI, oriunda de Lisboa em 1778. Lembra a dor de Nossa Senhora e simboliza o sofrimento de todas as mães que perderam seus filhos.

Na décima terceira estação, o corpo de Jesus é tirado da cruz. Ma­ria, mãe de Jesus, fazia-se presente. José de Arimatéia, tido como ho­mem bom e justo como membro do Conselho, foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. E, descendo-o, en­volveu-o num lençol, segundo Levi.

O corpo de Jesus é posto no se­pulcro na décima quarta estação. Mateus conta que “José, toman­do o corpo, envolveu-o num len­çol limpo e o pôs em seu túmu­lo novo, que talhara na rocha. Em seguida, rolou uma grande pedra para a entrada do túmulo”.

O túmulo numa capela própria é o ponto central de toda a Basílica do Santo Sepulcro. A construção que engloba o túmulo foi erigida pelas Cruzadas sobre a base bizantina da época do imperador Constantino.

No terceiro dia após a morte de Jesus, algumas mulheres que eram suas discípulas descobriram que a pedra que bloqueava a entrada do túmulo havia sido removida. Além disso, o túmulo estava vazio.

Apareceram dois anjos. “Vós es­tais procurando Jesus, o nazareno”, disse um deles. “Ele foi levantado”, segundo Marcos. Sem demora, as mulheres correram para contar a novidade aos apóstolos. No cami­nho, elas encontraram Jesus. “Não temais!”, disse ele. “Ide, relatai isso a meus irmãos, a fim de que vão para a Galiléia; e ali me verão”, re­lata o profeta Mateus. Aleluia.

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