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Secretário garante investigação do sumiço do MC Sabo­tinha

Na última quinta-feira, 14, cerca de 100 pessoas foram até a capital federal cobrar do Ministério da Justiça uma investi­gação sobre o sumiço do MC Sabo­tinha, Kaique Liberato de Melo. O adolescente, de 17 anos, foi levado de sua casa no dia 22 de novembro por três supostos policiais. Segundo o irmão de Kaique, que estava em casa no momento da ação, os três homens se identificaram como po­liciais, revistaram a casa e levaram o jovem em um carro descaracteriza­do. Desde então, Sabotinha não foi mais visto e teve início uma campa­nha pela investigação do caso.

Em Brasília, os manifestantes le­varam faixas que indagavam “Cadê o Sabotinha?”, além de denúncias sobre o alto índice de mortes entre jovens negros de bairros periféri­cos. O protesto saiu da Esplanada dos Ministérios, na altura do Minis­tério de Desenvolvimento Social, passou pelo Congresso Nacional e se encerrou em frente ao Minis­tério da Justiça. O ato foi organiza­do por familiares e amigos de Kai­que, que fretaram dois ônibus. “A gente veio aqui para cobrar uma investigação justa, para que justi­ça seja feita. Ninguém some assim e fica sem resposta”, reivindica Ka­rem Myrlla, amiga de Sabotinha.

O caso começou a ser investi­gado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Aparecida de Goiânia. Em segui­da foi encaminhado à Superinten­dência de Polícia Judiciária, do Su­perior Tribunal de Justiça (STJ). Em reunião ontem com o secretário de Segurança Pública, Ricardo Bales­treri, o pai de Kaique, Jonas de Melo, disse que o secretário garantiu que “a investigação está bem avançada e que em breve a Secretaria vai emi­tir uma posição sobre o caso”. O pro­cesso foi encaminhado ontem para a Delegacia Estadual de Investiga­ções Criminais (DEIC).

Por telefone, a DEIC confirmou que o processo foi recebido e que deve ser encaminhado na segun­da-feira para o Grupo Anti-Seques­tro (GAS), que é coordenado pelo delegado Cleiton Manoel. Segun­do um dos advogados da família, Alan Hahnemann, a expectativa é de novidade nos próximos dias. “Nós acionamos a Comissão de Di­reitos Humanos da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] para soli­citar uma reunião com o secretário de Segurança Pública. Ele nos re­cebeu ontem e estamos confiando no trabalho da DEIC. A expectativa é que nos próximos dias o caso seja solucionado. O secretário garantiu ao pai do Kaique que a investiga­ção se encontra em grau avançado, já no intuito de solucionar o caso”.

Segundo o secretário, apesar do avanço, a investigação é con­siderada sigilosa e, por isso, não repassou maiores detalhes sobre o processo. O advogado da famí­lia concorda. “A gente não apro­fundou nos detalhes porque po­demos comprometer o trabalho da polícia”, afirma Hahnemann. A equipe do GAS desenvolve as in­vestigações a partir da divisão de grupos. Uma parte fica na DEIC, efetuando pesquisas e intercepta­ções telefônicas, outra realiza mo­nitoramento junto à família. Si­multaneamente, outra parte dos policiais vai a campo e efetua le­vantamentos e investigações acer­ca dos suspeitos.

O MC Sabotinha vinha se desta­cando no rap goiano. No início des­te ano venceu a Batalha do Rei, con­siderada a mais importante batalha de MCs da Região Metropolitana de Goiânia. “Hoje o que motiva os me­ninos que estão começando no rap é saber que um cara igual o Saboti­nha, goiano, estava representando a cena do rap daqui em vários ou­tros Estados”, conta o MC 2K, que também é amigo de Sabotinha e está participando das mobilizações para pressionar a Justiça.

Além do ato que ocorreu em Brasília, outras manifestações es­tão previstas. Na próxima sexta­-feira, 22, um novo protesto deve acontecer no Centro de Goiânia. As ações também estão aconte­cendo virtualmente, através da hashtag #CadêOSabotinha.

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