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Cristalina prova que Ary Valadão estava certo

Há quase quarenta anos, o governador Ary Ribeiro Valadão idealizou em Alto Paraíso, município localizado a 460 quilômetros de Goiânia, no Nordeste goiano, um projeto de produção de frutas nobres: figo, maçã, pera e uva. Segundo matéria feita aqui no DM, pelo jornalista Wandell Seixas, o Projeto Frutas Nobres despontou para dar uma nova vida econômica e social aos moradores da região nordeste de Goiás, àquela época uma das mais pobres do Estado do ponto de vista de renda e oportunidades de trabalho. O projeto chegou a ser iniciado, mas não teve prosseguimento nos governos seguintes. Porém, a ideia não foi deixada de lado. Agricultores de Cristalina, a 130 quilômetros de Brasilia, estão provando que é possível produzir no Cerrado frutas de climas temperados.

O jornalista Asdrubal Figueiró registrou, em matéria para o site UOL, que a produção de uva, maçã e pêsssego está garantido milhares de empregos no município. De acordo com o Caged (Cadastro Geral do Emprego do Ministério do Trabalho), de janeiro a novembro de 2016, foram criados 3.079 novas vagas de trabalho nos campos de cultivo de Cristalina. O município é líder na geração de empregos em Goiás e o quinto no ranking nacional.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Cristalina, Aléssio Maróstica, o segrego desse número está no aumento da produção de culturas, pois a colheita das frutas é manual: uvas, maçãs, pêssegos, e também batata e alho, que são plantados em larga escala no município, precisam ser colhidos manualmente, para chegarem bonitos nas feiras e supermercados, e, com isto, há grande emprego de mão de obra. Soma-se à hortifruticultura, as grandes plantações de soja e de milho, que produzem grandes quantidades, sendo beneficiados por grandes empresas como Cargil, Bungue e outras, instaladas na região.

Cristalina ocupa o terceiro lugar no país em número de áreas irrigadas para agricultura, somando 56 mil hectares. Nestes pivôs, além de soja e milho, concentram-se também grandes produções de batata, cenoura, beterraba e alho. Somente na fazenda do empresário Verny Wermman, com cinco mil hectares, concentra-se a maior produção de alho do país, empregando intensivamente mão de obra na colheita. Outro exemplo de excelência em produção é a propriedade dos irmãos Fitipaldi, grandes produtores de soja e milho. No vizinho município de Luziânia, o empreendimento do finado empresário Paulo Boni, a Goiás Verde, industrializa tomate, milho, cebolinha, alcaparras, grão de bico, ervilha, além da produção de soja e de gado confinado, com aproveitamento da massa vegetal oriunda destas culturas.

Paralelo

Assim como Alto Paraíso, as terras no município de Cristalina estão a 1.300 metros acima do nível do mar. Esta altitude permite variações climáticas importantes para produção de frutas de climas temperados, pois, se de dia a temperatura pode chegar a 30 graus, à noite pode cair a 15 graus ou menos, sem risco de geadas.

Foi pensando nesta situação que o governo de Goiás objetivou o Projeto Alto Paraíso, tendo sido construídas estradas, campo de pouso, entre outros benefícios para a região. Um total de 1.600 mudas de frutas de climas temperados e tropicais para a região. Wandell Seixas relata que o governador Ary Valadão tinha conhecimento de que no tempo do Império trigo, maçã, pera e outros frutos haviam sido cultivados na região. As altitudes da Chapada dos Veadeiros permitem também o cultivo de aveia, centeio, cevada, maçã, uva e os campos onde a altitude chega a 600 metros são ideais para os cultivos de milho, arroz, cana de açúcar, feijão, abacate, manga, laranja, melancia, açaí, bacaba e murici.

“A ambição do Projeto Alto Paraíso era produzir alimentos de alta qualidade, como azeitona, maçã, pêssego, figo, caqui, de clima temperado, completando este ciclo com o estímulo aos pequenos agricultores na produção de mel, cabritos, coelhos, aves e grandes projetos agrícolas voltados para trigo, batata e café”, ressalta Wandell.

O empreendedorismo dos agricultores de Cristalina, Luziânia e região mostra que as pesquisas que levaram à criação do Projeto Alto Paraíso estavam corretas, e que ainda hoje é possível transformar aquele e outros municípios da Região Nordeste de Goiás em grandes produtores de hortifrutigranjeiros. à época em que foi concebido, o governo de Goiás vislumbrava transformar aquela região do Estado numa concorrente direta de Israel, que produz frutas temperadas, vendendo para a Europa, no período do inverno, quando o Velho Continente não tem capacidade de produzir para o consumo. Boas ideias, como se vê, não perdem nunca a sua força.

(Com informações do UOL)

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