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Importação de leite comprime produtor brasileiro

  • Níveis de importação de leite, com ênfase para o Uruguai, estão deixando os produtores brasileiros preocupados


Os produtores estão preocupados com os níveis de importação de leite, com ênfase para o Uruguai. Em Goiás, 56 mil criadores de gado de leite estão associados aos sindicatos rurais patronais e cobram maior controle nas importações. A Argentina exporta para o Brasil em função de acordo do Mercosul. O limite de importação da Argentina é de 3,6 mil toneladas ao mês.

O Rio Grande do Sul, que faz divisa com o Uruguai, chiou barbaridade. Os argentinos enviaram para o Estado 4,85 mil toneladas, ultrapassando a cota de 35%. Os produtores dos principais Estados brasileiros, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Goiás, denunciam essa condição. Eles entendem que deveriam ser “incentivados e não prejudicados”.

Importações apresentaram elevação de 7,2% no seu volume em relação a junho, segundo dados recém-divulgados pelo Ministério da Indústria e Comércio. Por seu balanço, houve importação de 12,2 mil toneladas de leite em pó integral em agosto (-9,6% em relação a julho); 4,4 mil toneladas de leite em pó desnatado (+91% x julho); 3,5 mil toneladas de soro de leite (+23,1% x julho) e 2,5 mil toneladas de queijo mussarela (+20,4% x julho).

Origem uruguaia

As importações de leite em pó tiveram origem no Uruguai, que enviou para o Brasil 10,9 mil toneladas no mês de agosto e a Argentina, que enviou 4,7 mil toneladas de leite em pó para o Brasil e cerca de mil toneladas tiveram origem nos Estados Unidos.

Analisando as quantidades em equivalente-leite (a quantidade de leite utilizada para a fabricação de cada produto), a quantidade importada foi de 192,7 milhões de litros em agosto, aumento de 8,4% em relação a julho. Na comparação com agosto de 2015, o aumento nas importações em equivalente-leite é de 164%.

O Brasil fechou o ano passado com recorde de gastos com importações de produtos lácteos. No primeiro semestre do ano, o País já comprou US$ 371 milhões em leite, valor que representa 13% de aumento em relação a todas as aquisições de 2015, que somaram US$ 326 milhões. A preocupação do setor não é em relação aos embarques, e sim com a procedência, já que os maiores fornecedores estão no Mercosul, e o hábito de revender lácteos de outros países se tornou uma prática habitual.

Conhecido no mercado como “triangulação de mercadorias”, o hábito de comprar determinado produto de outro país e vender como se fosse de sua própria produção, tem sido uma prática recorrente no Mercosul, principalmente em relação às vendas de lácteos. O Brasil, que há tempos tenta diminuir a sua cota de importação de leite da Argentina é uma das vítimas dessa ação.

Segundo o presidente da Faeg (Federação da Agricultura do Estado de Goiás), José Mário Schreiner, essa prática acaba deixando as portas do Brasil “escancaradas para a entrada de grandes volumes de leite, ação que pode interferir nas comercializações do mercado interno”.

Controle às importações

Em Brasília, o senador Wilder Morais (PP-GO), ligado ao Fórum Empresarial de Goiás, será instado a dar apoio a um controle às importações de lácteos pelo Brasil. O parlamentar goiano tem acesso tanto ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, quando ao presidente da República, Michel Temer. Uma ação conjunta com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), liderada pelo vice-presidente da entidade, José Mário Schreiner.

Enquanto não se chega a bom termo, Brasil segue importando quantidades maiores do produto para suprir a demanda interna, que hoje está na casa dos quase 32 bilhões de litros. A produção brasileira deve atingir este ano 31 bilhões de litros, contra os 30 bilhões do ano passado. A diferença entre este ano e o ano passado não está na quantidade que foi importada, e sim, no preço pago pelo produto. O produtor, que investe no setor e corre todo o risco, recebe em média em Goiás R$1,00 pelo litro do leite in natura e o consumidor final retira o produto da gôndola por R$ 4,00.

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