É preciso doar

O brasileiro precisa doar mais sangue. Essa é a conclusão que especialistas da área da hematologia chegam ao observar que apenas cerca de 2% da sociedade doa sangue, quando a quantidade ideal definida pela a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a autossuficiência em componentes sanguíneos ocorre quando o número de doações de sangue for de 3 a 5% da população.

Para o supervisor médico de hematologia e responsável pelo banco de sangue do Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), Adriano Arantes é preciso haver maior conscientização para a obtenção dos resultados desejados. “Não acredito que o brasileiro doe pouco, 1,8% da população doa sangue, mas considero que é preciso mais conscientização. Precisamos de uma cultura, principalmente desde cedo as crianças e adolescentes serem estimulados a doarem sangue”, avalia.

No caso da estudante, Maria Teresa Dorneles Franco, 23 anos, que doa sangue pelo menos uma vez ao ano o desejo de ser solidária surgiu desde a infância, como relatado por ela. “Desde pequena tive vontade de ser doadora, mas nunca tive coragem por ter medo de agulhas. Minha motivação veio de um colega que me pediu ajuda, pois o tio dele precisava fazer uma cirurgia de ponte de safeno e precisava repor as bolsas de sangue que usou, quando vi o esforço dele para conseguir doadores resolvi ajudar”, descreve.

Já no caso do auxiliar técnico, Bruno Roberto Sartin, 23 anos, a praxe de doar sangue veio depois de um convite. “Apos a primeira doação que foi para ajudar uma pessoa específica, porém não conhecida, pesquisei sobre as doações de sangue e o resultado da pesquisa foi que a maior parte das doações são voltada a pessoas específicas e que a quantidade e insuficiente para manter os bancos de sangues cheios” reconhece ele que passou a ser um doador assíduo.

Teresa considera que a atitude de doar sangue representa um ato de compaixão e de sentimento. “Você está ajudando não só uma pessoa, mas sim uma família que sofre por ver um pai, uma mãe, uma avó, um irmão e até mesmo um filho, deitado numa cama de hospital, lutando pra ficar melhor. É se colocar no lugar do outro e saber que você está contribuindo para o bem estar e para a melhoria do próximo”, constata.

De acordo com o hematologista Adriano Arantes o Hugol realiza hoje em torno de 800 a mil transfusões por mês. Para atender essa demanda o especialista observa que é necessário mobilizar 400 doadores por mês que por dia corresponde a um número de 20 a 25 doadores. E para alcançar essa meta ele ressalta a importância da fidelidade do doador.

“No momento ninguém deixou de fazer transfusão, de fazer alguma cirurgia por falta de sangue, mas nosso trabalho é de prevenção para evitar a falta. Um doador fidelizado melhora a qualidade do sangue porque ele é um doador que com frequência vem doar e sabe qual é o fim da doação”, declara.

A estudante Maria Tereza sabe bem a importância de ser solidária e faz um apelo a sociedade. “Meu apelo para a doação é que façam, pois não dói, é rápido e você pode estar ajudando não uma, mas várias pessoas. Quando você doa você acalma o coração de um filho, de uma mãe. O sistema de saúde ainda tem muitos problemas então podemos ver famílias de pessoas carentes que precisam de atendimento médico e passam até necessidade, pois não conseguem o dinheiro para pagar as bolsas e nem doadores para repô-las”, defende.

Bruno considera a iniciativa de doar sangue, muito simples e rápida, mas, analisa essa ainda ser uma causa esquecida por muitos. “Nunca precisei de transfusão de sangue ou ninguém próximo a mim. Porém como ser humano temos o dever de ajudar ao próximo e é algo tão simples e rápido de ser feito deveria ser obrigatório em faculdades que são formadoras de opinião para que ações como essa enraízem na cultura brasileira, claro que respeitando as religiões que não permitem e apenas para pessoas aptas para a doação”, opina.

Seja um doador

Adriano Arantes, Supervisor Médico de Hematologia e responsável pelo banco de sangue do Hugol descreve que devido ao estoque de bolsas abaixo do mínimo satisfatório, o Hugol iniciou uma campanha para convidar a população para doar sangue. No entanto, ele ressalva que apesar do estoque baixo, todos os atendimentos e cirurgias do hospital têm sido realizados normalmente.

E a idealização da campanha e parcerias firmadas recentemente visa elevar a quantidade de bolsas de sangue para mais que o mínimo ideal para garantir que todos os procedimentos continuem sendo executados com segurança. Sendo essa uma medida preventiva para que em casos de catástrofes, por exemplo, o hospital possa atender todas as vítimas com as transfusões que se fizerem necessárias.

“No Hugol nós temos um estoque que atende bem a população, trabalhamos com um nível de criticidade um pouco elevado dado o perfil. Nós nos preocupamos em fazer um trabalho preventivo a fim de criar a ideia de prevenção, a fim de manter os estoques em níveis seguros para que toda a população ali atendida receba um tratamento adequado”, diz.

Para aumentar o número de doadores no banco de sangue do hospital Adriano menciona que foi firmada uma parceria com a Bolsa Universitária (PBU), programa da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). O contrato visa o cumprimento de contrapartida de 32 horas pelos bolsistas do PBU em atividades de doação ou indicação de doadores de sangue.

“A pareceria com a OVG e também com outras empresas que nós temos feito para a capitação de sangue fortalece nossos laços com várias instituições garantindo que o doador seja levado até o Hugol para ser doador de segue e que a gente fidelize ele”, destaca.

Prêmio aos doadores

Campanha para convidar a população para doar sangue

No Dia Nacional do Doador de Sangue, celebrado no dia 25 de novembro, o Banco de Sangue do Hugol promoveu algumas ações de agradecimento aos doadores que compareceram na data. Devido a campanha preventiva iniciada na última semana em alguns momentos do dia todas as poltronas de coleta estavam ocupadas com doadores, mas a unidade ainda carece de mais captações para chegar ao estoque mínimo ideal, por isso a campanha continua.

“Essa foi uma oportunidade para a gente reforçar a necessidade de doação de sangue. E lembrar que nós estamos entrando no mês de dezembro, mês que começa a faltar sangue no país inteiro, então nós precisamos intensificar nossa coleta de sangue até a véspera de natal para que a gente passe um final de ano mais tranquilo, com as geladeiras repletas”, conclui Adriano Arantes.

Saiba mais

Doar sangue, um ato de amor!

É importante lembrar que a primeira doação deve ser feita antes dos 60 anos de idade. Doadores entre 16 e 17 anos devem apresentar autorização dos pais ou responsáveis legais. Pessoas em tratamento médico e dentário, que usem medicamentos, que tenham feito viagens recentemente, entre outros critérios, também serão avaliados na ocasião da entrevista pré-doação.

As mamães que estão amamentando ou no período gestacional e quem fez tatuagem e/ou piercing, nos últimos seis meses, não podem doar sangue nesse momento. É importante lembrar que o doador não pode ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas que antecedem a doação; deve ter dormido pelo menos seis horas nas últimas 24h e ter um intervalo mínimo entre as doações de 60 dias, para homens, e de 90 dias, para mulheres.

Condições básicas para doar sangue

- Sentir-se bem, saudável

- Ter entre 18 e 65 anos de idade (*com 16 e 17 anos especificações abaixo)

- Ter peso acima de 50kg

- Apresentar documento com foto, válido em todo território nacional

Recomendações para o dia da doação

- Nunca doar sangue em jejum

- Fazer um repouso mínimo de 6 horas na noite anterior a doação

- Não ingerir bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores

- Evitar fumar por pelo menos 2 horas antes da doação

- Evitar alimentos gordurosos nas 3 horas antecedentes a doação

- Devem interromper as atividades por 12 horas as pessoas que exercem profissões como: pilotar avião ou helicóptero, conduzir ônibus ou caminhões de grande porte, subir em andaimes e praticar paraquedismo ou mergulho

(Fonte: Hugol)

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