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Força-Tarefa da Lava-Jato cita transferências na Europa e na China para justificar prisão de Zelada

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da Força-Tarefa da Operação Lava-Jato, disse nesta quinta-feira que, com a prisão de Jorge Zelada (ex-diretor da Área Internacional da Petrobras), “o núcleo básico de quatro ex-diretores” da estatal envolvidos em esquema de corrupção e pagamento de propina “está bem delineado”. O procurador citou como epicentro do esquema as operações com navios-sonda pela Área Internacional da Petrobras. Ao explicar os motivos que levaram à prisão de Zelada, ele citou os valores já bloqueados do ex-diretor em Mônaco — um total de 10 milhões de euros — além de transferências bancárias realizadas por ele, no ano passado, na Suíça e na China, uma novidade. A Força-Tarefa encontrou depósitos de Zelada em bancos na China, numa tentativa, “que indica interesse de ocultar valores”.

 — Nem sempre temos uma prova matadora, mas temos uma série de pequenas provas e indícios e circunstâncias que vão se consolidando. Nós já tínhamos os valores, mas não tínhamos os documentos de que Zelada e Barusco recebiam valores. E temos indicativos fortes de que havia problemas na área internacional. Também tem uma movimentação no exterior, posterior ao início da Lava-Jato, inclusive com remessas bancárias ocorrendo para bancos na China, o que indica uma continuidade do crime de lavagem de dinheiro, o que motivou a prisão — declarou o procurador.

Segundo ele, essa continuidade de transferência da Suíça para Mônaco, indica “interesse de ocultar valores”.

— Algumas transferências de mais de R$ 1 milhão de dólares para China indicam essa continuidade do crime de lavagem. A continuidade delitiva é um caso clássico de prisão preventiva — comentou ele, completando. — Quanto a esses valores não tenho dúvida de que eles são originários de corrupção.

CAMARILHA DOS QUATRO

Além de Zelada, já foram presos Nestor Cerveró (ex-diretor da Área Internacional), Renato Duque (ex-diretor de Serviços) e Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento). Lima disse que, por enquanto, nenhum outro ex-diretor está na mira dos investigadores.

_ Depois de um ano e meio de investigações, creio que não temos indicativos de maiores desvios em outras diretorias e outros diretores. Não quero dizer que não vai surgir, pois eu me surpreendo a cada dia com o volume de provas que nós conseguimos. Mas, o núcleo básico, da camarilha dos quatro, já está praticamente bem delineada. Mas temos outros crimes acontecendo que ainda não foram bem identificados, mas que não tem o nível de diretoria dentro da Petrobras. Temos outros crimes acontecendo lá dentro. Não está esgotada a investigação _ declarou.

Camarilha dos Quatro foi uma designação atribuída a um grupo de quatro membros do Partido Comunista da China, responsáveis pela implementação da Revolução Cultural. Após a morte de Mao, em 1976, o grupo foi acusado de ter tentado tomar o poder e responsabilizado pelo excesso da Revolução Cultural. O julgamento deles, em 1980, condenou dois à morte. Outros dois foram condenados a 20 anos de prisão.

Lima disse que não há, por enquanto, negociação em andamento para que Cerveró faça uma delação premiada. Dos ex-diretores presos, somente Paulo Roberto Costa fez acordo de delação.

Carlos Fernando disse ainda que há outros nomes de operadores envolvidos no esquema, que atuavam em nome de empresas estrangeiras que negociavam propina com a Petrobras.

A Força-Tarefa disse que espera, até o fim de 2015, recuperar R$ 1 bilhão desviados da empresa. Até o momento, já foram recuperados R$ 700 mil. O MP busca agora cooperação com autoridades chinesas para tentar repatriar o dinheiro do exterior.

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