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PF: presidentes de Odebrecht e Andrade Gutierrez tiveram participação direta em desvios

CURITIBA — O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima e o delegado Igor Romário de Paula, membros da força-tarefa da Operação Lava-Jato, afirmaram nesta sexta-feira que o esquema de corrupção envolvendo as empreiteiras Andrade Gutierrez e a Odebrecht era muito mais sofisticado do que o das demais empresas investigadas pela Polícia Federal. Eles disseram ainda que os dois presidentes das empresas, Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo, tinham conhecimento do esquema e participaram das negociações do cartel de empreiteiras que fraudava as licitações na Petrobras. A , durante a 14ª fase da Operação Lava-Jato.

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— Há indícios bem concretos que os presidentes tinham o domínio de tudo que acontecia nas empresas de uma forma geral — disse o delegado Igor Romário de Paula, que continuou: — Apareceram indícios concretos, depoimentos e documentos, comprovando que, em algum momento, eles tiveram contato ou participaram de negociações que resultaram em atos que levaram à formação de cartel, direcionamento de licitações e mesmo destinação de recursos para pagamento de corrupção.

O procurador Carlos Fernando afirmou não ter dúvida de que as duas empreiteiras capitaneavam o esquema ilegal, que envolvia o pagamento de propina a funcionários das áreas de Abastecimento e Serviços na Petrobras por meio de empresas no exterior. Por envolver offshores em países como Suíça, Panamá e Mônaco, o esquema foi considerado pelos investigadores mais elaborados do que aqueles que já tinham sido descobertos:

— Não existe dúvida alguma de que a Odebrecht e a Andrade Gutierrez capitaneavam esquema de cartel dentro da Petrobras.

Já o delegado Igor lembrou que o cartel era comandado por Ricardo Pessoa, dono da UTC, embora Odebrecht e Andrade Gutierrez tivessem participação de destaque:

— São duas das maiores empresas do país. elas têm papel importante. A voz da Odebrecht (no grupo de empreiteiras) é de valor, de decidir, de ter capacidade de decidir o direcionamento das obras. Quem coordenava e organizava era o Ricardo Pessoa, mas não dá pra desconsiderar o poder de influência da principal empresa do país.

Ambos criticaram ainda a postura da Odebrecht que, segundo eles, “foi diferente das demais, negando os fatos e se recusando a colaborar com a Justiça”.

— A Odebrecht não apresentou documentos, não teve postura — declarou Carlos Fernando, para quem esta nova fase da Lava-Jato não é “uma surpresa”, e sim uma continuação da sétima fase da operação, que prendeu empreiteiros como Ricardo Pessoa, da UTC.

Segundo o procurador, com as empreiteiras anteriores os relacionamentos que foram denunciados foram com o doleiro Alberto Yousseff e as empresas dele, “um esquema relativamente simples e muito fácil de se comprovar, porque acontecia dentro do nosso país”.

— Nas empreiteiras anteriores, os relacionamentos que foram denunciados são com (o doleiro) Alberto Youssef e com as empresas dele. Era um esquema relativamente simples e fácil de se comprovar porque era dentro do país. O esquema de lavagem que nos deparamos agora é de depósitos no exterior. E tivemos que nos aprofundar na colheita de provas. Tivemos uma série de colaboradores que nos indicaram caminhos dos valores no exterior — disse o procurador.

De acordo com a investigação, o operador do esquema da Odebrecht seria Bernardo Freiburghaus, que está morando na Suíça. Já o operador do esquema na Andrade Gutierrez seria Fernando Antônio Soares, conhecido como Fernando Baiano. O delegado Igor declarou que Bernardo é considerado foragido, pois saiu do país no decorrer das invetigações. A Polícia Federal pretende avisar a Interpol sobre isso:

— Desde a nona fase (da Operação Lava-Jato) ele é foragido. Durante a operação, para nós ficou caracterizado que ele deixou o país em funcção disso (da investigação), cortou laços aqui e se fixou na Suíça.

Para o delegador Igor de Paula, esta nova fase mostrou que “ não importa o tamanho da empresa, a sua capacidade de influência e seu poder econômico, isso jamais vai poder ser prerrogativa para permitir essas pessoas ou empresas de praticar crimes”. O procurador criticou quem defende que apenas as empresas ou apenas os executivos devam ser punidos:

— Devemos punir todos os que são responsáveis, de acordo com sua responsabilidade: civil e improbidade administrativa, para as empresas, e também penal para os executivos e donos das empresas. Devemos punir todos. Isso aqui é uma república, e a lei vale pra todos ou então não devia valer pra ninguém.

Os 12 presos nesta nova fase da Lava-Jato vão chegar nesta sexta-feira por volta das 18h, em Curitiba. Os presos temporários deverão ser ouvidos no fim de semana; e os de preventiva em seguida, provavelmente ao longo da próxima semana.

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