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Marcha da Maconha reúne centenas de jovens em Goiânia

O cheiro de maconha estava mais forte que o habitual, na tarde de ontem, na Praça Universitária. Cerca de 600 jovens aguardavam o início da Marcha da Maconha, em Goiânia, organizada pelo coletivo Mente Sativa. Eles são a favor da regulamentação da Cannabis sativa, nome científico da planta maconha.

“A gente não tá pedindo a legalização. Não é para aumentar o número de usuários, fumar na porta de colégio, esse tipo de coisa. A regulamentação vem com leis, você regulamenta o uso. Pode usar em tais lugares, em tal quantidade”, explica o estudante de agronomia Patrick Guardiola, 21, que faz parte da organização da manifestação.

Ele recorda quando o grupo começou a se organizar e o tipo de protesto era proibido. “Antes a marcha não era legalizada e o STF teve que aprovar que a marcha poderia sair”. Em junho de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu o direito a eventos públicos, em todo o Brasil, que defendam a legalização de drogas.

É a terceira marcha que o promotor de vendas André, 23, participa. “A gente tá aqui para ajudar a legalizar em prol da paz, para dar uma quebrada no tráfico. Pode ver que outros países, que permitiram, diminuíram a violência”, disse. Um dos argumentos dos defensores da regularização é que isso diminuiria o tráfico de drogas.

Jehnnifer, 25, é estudante de Psicologia e disse ser usuária de maconha abertamente. “Não adianta proibir, sempre vai ter quem consome”, defende. Sua amiga Melissa, 23, estudante de Direito, diz que a maconha tem pontos negativos e positivos “Você não pode fumar o dia inteiro”, recomenda. Ela acredita que teve ganhos terapêuticos com a planta. “Eu era ansiosa, péssima para dormir. Hoje, eu não tomo remédio para dormir e consegui emagrecer”, conta.

Com cartazes e faixas que defendiam a regulamentação, a passeata desceu a Avenida Universitária em direção à Praça Cívica, no início da noite. Um carro de som puxava palavras de ordem e alguns manifestantes carregavam uma réplica de um cigarro de maconha em tamanho gigante.

Justiça


Desde 2006, a legislação brasileira não criminaliza o porte de maconha, entretanto, a interpretação para a caracterização de traficante ou usuário de drogas fica na responsabilidade da polícia e da delegacia. “Só a decisão policial não é suficiente para resolver essa questão”, diz Wilton Teles, 22, estudante de Sociologia e também organizador da marcha. Ele defende leis mais específicas para descriminalizar o usuário de drogas.

Ainda esse ano, o STF deve votar essa questão e pode dar um passo que favoreça a descriminalização da maconha no Brasil. Está para ser julgado este semestre, um recurso extraordinário, que está nas mãos do ministro Gilmar Mendes, sobre o caso do detento Francisco Benedito da Silva, que recebeu pena de dois meses de prestação de serviço por portar três gramas da droga.

Em maio, o ministro Luís Roberto Barroso liberou um homem, que não tinha antecedente criminal e estava preso há sete meses por portar 69 gramas de maconha. Ele argumentou que mandar jovens dessa maneira para a prisão seria “transformá-los em criminosos muito mais perigosos”, e chegou a afirmar que a guerra ao tráfico havia se revelado um fracasso.

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