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Impasse sobre permissão de entrada de comitiva na Venezuela gera bate-boca no Senado

BRASÍLIA - A dificuldade da comissão de senadores conseguir autorização para visitar presos políticos em Caracas, nesta quinta-feira, gerou uma discussão áspera entre o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e os senadores Ronaldo Caiado (DEM-GO) e o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), durante sabatina dos embaixadores Marcos Leal Raposo Lopes, indicado para a embaixada do Brasil no Peru; e Carlos Antônio Rocha, indicado para a Dinamarca e Lituânia. A comissão de senadores da oposição e base fretou um avião e deve estar em Caracas na quinta-feira para se encontrar com familiares de presos da oposição, entre eles Leopoldo Lópes, em greve de fome há 22 dias.

Caiado apresentou um requerimento para suspender todas as sabatinas até que a presidente Dilma Rousseff se manifeste em defesa da comitiva oficial do Senado. Caiado lembrou que o governo brasileiro, numa política de boa vizinhança que agora não tem reciprocidade, nunca colocou restrição a entrada de autoridades venezuelanas no País. Citou o caso do vice presidente e ministro de Comunas, Elías Jaua, que veio ao Brasil dar treinamento ao MST e cuja babá Yaneth Anza, foi presa ao entrar no país com uma maleta que continha uma arma.

E citou também a vinda semana passada do presidente da Assembleia Diosdalo Cabello, que se encontrou com Lula e a presidente Dilma Rousseff numa agenda extra-oficial.

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Mas ele acabou retirando o requerimento de suspensão da sabatina dos embaixadores, a pedido de Nunes Ferreira, o que não impediu o bate boca com o senador petista, que saiu em defesa do governo em relação ao apoio ao governo de Nicolás Maduro.

O presidente da CRE havia feito um relato das negociações do ministro Jaques Wagner com as autoridades venezuelanas em que ele alegara ter sido criado um “mal estar” com a ida dos senadores brasileiros numa viagem considerada pelos venezuelanos “inconveniente”. Lindbergh pediu então a palavra para dizer que não houvera uma negativa formal de autorização do pouso da aeronave militar da FAB. Apenas não tinham respondido, ainda.

Em defesa da presidente Dilma, o petista disse que o governo brasileiro tinha uma posição equilibrada e que estava negociando com as duas partes, com Maduro e com setores da oposição em busca de uma saída para a crise venezuelana.

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— Eu registro seu imenso esforço para baixar a bola — ironizou Aloysio Nunes Ferreira, na presidência da sessão.

— A pior coisa para a América Latina e a Venezuela descambar para uma guerra civil. Se vão lá, é bom ouvir os dois lados, ouvir também as autoridades do governo . Vamos ter eleição e depois um referendo. Vamos ter calma! — pediu Lindbergh.

— É duro ficar calado quando tem pessoas presas, em greve de fome, com pessoas sendo massacradas no meio da rua — rebateu Aloysio Nunes.

Caiado acusou Lindbergh de defender uma tese simplista, como se o governo não tivesse nada com isso, enquanto os presos políticos lá estão em prisões em forma de tumba, sem acesso a sol.

— Como pode, em pleno 2015, existir presos políticos porque não pode fazer oposição ao governo ? E eu quero lhe fazer uma pergunta: como o senhor Cabello veio ao Brasil semana passada? Ele pediu autorização para quem para descer aqui com seu avião? — questionou Caiado.

— Quando eu ouço o senador Caiado falando, eu me sinto voltando à Guerra Fria: É Cuba, Venezuela! Ele só fala disso!

O líder do Democratas já apresentou na CRE um pedido de convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do ministro da Defesa, Jaques Wagner. Também vai apresentar um projeto de decreto legislativo para suspender os acordos bilaterais do governo com a Venezuela, pela violação das cláusulas que exigem respeito a democracia dos integrantes do Mercosul.

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