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Blá-Blá-Blá-Blá Blá-Blá-Blá-Blá!

Para o psicólogo clínico Philipe Gomes Vieira, o uso da tecnologia, de modo geral, tem se tornado cada vez mais recorrente. O que pode ser entendido como um reflexo do avanço científico.

Esse avanço, ele observa, permite às pessoas se manterem conectadas com o mundo inteiro, independente do local em que estiverem. “Essa possibilidade de se manter on-line a todo o momento permite ao sujeito encontrar respostas para uma gama de questionamentos que porventura surjam ao longo do seu dia, bem como os torna conectados a uma rede de amigos, obviamente, virtuais, otimizando, por um lado, a comunicação entre eles”, define.

No entanto, apesar de todas as vantagens e possibilidades oferecidas pelo avanço tecnológico, o uso dessas ferramentas de forma não pensada tem causado sérias polêmicas relacionadas aos conteúdos publicados na rede mundial de computadores.

Nas palavras do filósofo, crítico literário e romancista Umberto Eco, em entrevista concedida à revista Veja: “Com a internet e as redes sociais, o imbecil passa a opinar a respeito de temas que não entende”.

Embora a frase manifeste um grave pesar ao se referir aos usuários que publicam e opinam sem, de fato, “dominar o assunto”, o intelectual Umberto Eco adverte que não está falando ofensivamente quanto ao caráter das pessoas: “Num mundo com mais de 7 bilhões de pessoas, você não concordaria que há muitos imbecis? O sujeito pode ser um excelente funcionário ou pai de família, mas ser um completo imbecil em diversos assuntos”.

Não bastasse a imbecilidade, recentes pesquisas ainda sugerem que as pessoas que estão por trás das redes sociais podem ser mentirosas. Estudo com o microblog Twitter diz que uma em cada quatro notícias divulgadas na rede social é considerada falsa. A investigação foi publicada na New Scientist e Adweek, tendo a assinatura do Instituto Georgia Tech.

Professor e pesquisador do Ipog, Philipe Gomes Vieira descreve que a comunicação e os relacionamentos humanos através da internet assumem características distintas à situação de uma conversa face a face. “Os relacionamentos que acontecem na internet, portanto virtuais, tendem a ser mais controlados e menos ansiogênicos para o sujeito, uma vez que se pode escolher o que demonstrar, por exemplo, em uma página de rede social. Desse modo, muitos escolhem transmitir uma imagem fantasiosa, imaginária e/ou idealizada de sua vida”, menciona.

Dentro desse contexto, o especialista em Mídia Digital e diretor da Associação Brasileira das Agências Digitais (Abradi), Leonardo Diogo Silva, reconhece que as mídias sociais têm se tornado palco de discussão e alerta para o fato de que as pessoas precisam compreender o direito do outro dizer.

“Vejo as plataformas sociais como forma diferente de relações humanas. Nesse raciocínio, a gente precisa entender que mesmo não vendo a pessoa do outro lado, a gente precisa, sim, se preocupar com quem está do outro lado ao compartilhar algo. O problema é que hoje as pessoas sempre acham que seu espaço é o melhor e o correto”, avalia.

Leonardo observa que a região Centro-Oeste possui hoje a maior taxa de usuários extremamente conectados, os chamados heavy users, se comparado às taxas das outras regiões do País, diz o especialista em mídias digitais.

O espaço é democrático, mas as pessoas estão sendo democráticas? O especialista Diogo nota que pessoas que têm pouca audiência acabam impactando seus próprios amigos e familiares ao divulgarem conteúdos que não tem finalidade. “Você é o que você compartilha, se as pessoas conseguissem ter essa percepção talvez elas fossem mais seletivas”.

Ele considera que o critério de como aproveitar melhor as plataformas nas redes sociais é somente possível por meio da capacidade das pessoas melhor interpretar este meio de comunicação.

“Teria que ser feito um trabalho de base, principalmente, com a nova geração, que hoje não consegue discernir o que são práticas positivas nas plataformas das redes sociais. É importante ter bom senso, as pessoas precisam pensar se o que vão postar nas redes sociais tem alguma iniciativa positiva para as pessoas que vão receber este conteúdo (amigos, familiares, fãs etc)”.

Usuários falam o que pensam das redes

A necessidade de se obter informações e respostas tem se tornado cada vez mais urgente, mas o uso das plataformas digitais caminham de maneira análoga a “uma terra de ninguém”.

Você confia em tudo que sai na internet e/ou redes sociais?

Enquete realizada pela reportagem do Diário da Manhã aponta que esse tem sido um território com redução de credibilidade.

Só pensam em difamar

“O espaço nas redes sociais tem que ser aberto, mas as pessoas não estão sabendo utilizar esse meio de comunicação e acabam passando dos limites. Hoje é impossível confiar nas coisas que são divulgadas na rede, porque as pessoas, na maioria dos casos, só pensam em difamar as outras, não procuram sequer saber se a história é verdade e já saem divulgando.”

Kaique Gonçalves Azevedo, 22 anos, estudante de Engenharia Civil.

Não confio no que é publicado

“As pessoas não são democráticas nas redes sociais porque querem impor o que elas pensam. Não confio no que é publicado nessas plataformas porque é tudo muito supérfluo muita informação, pouca pesquisa, saem falando o que pensam e nem sempre é baseado em informações concretas.”

Poliana Gabriela de Oliveira,28 anos, professora

Sem noção

“Hoje, temos a liberdade de expressão, mas, muitas vezes, não sabemos usar e acabamos usando de qualquer forma, expondo nossas opiniões e nossa vida de uma forma totalmente inaceitável. Não confio no que é divulgado nessas plataformas porque geralmente as pessoas só publicam porque acham legal ou ouviram falar algo do tipo sem ter noção ou base do que está publicando.”

Milson Antônio Santos Chaves, 18 anos, estudante

Não falaria para as pessoas o que escrevo

“Nem sempre confio nas informações que são propagadas na internet partindo da ideia que existe jogo de interesse por trás delas. No meu caso, confesso que não teria coragem de dizer para uma pessoa ou público as mesmas coisas que coloco na rede, divulgar nas redes sociais é mais fácil.”

 Luiz Felipe Silveira Santos,18 anos, estudante.

Qualquer um posta o que quiser

“A liberdade acaba a partir do momento que você interfere na liberdade do outro, e no caso da internet não vejo esse direito sendo exercido como foi o caso do cantor Cristiano Araújo. Sobre confiança também não tenho porque como as redes sociais são abrangente a todos os públicos qualquer um pode postar o que quiser. Dessa forma, ela pode ser usada para o bem e para o mal”

 Herbert Valentim Rezende, 18 anos, estudante.

As informações não são confiáveis

“O espaço é democrático porque nos dá a liberdade de escrever o que quiser, mas as pessoas não são democráticas porque existe uma linha tênue entre uma informação e a ofensa e quando cai nos contornos da ofensa essa é a forma indevida de usar, além da exposição que as pessoas têm da própria vida. Não confio porque mais de 80% das informações da internet não são de fontes confiáveis.”

Artur Seabra Guimarães e Silva,17 anos, estudante.

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