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Andrade Gutierrez usou empresa na Europa para repassar propinas, diz investigação da Lava-Jato

SÃO PAULO - A Andrade Gutierrez usou uma das empresas do grupo, a Zagope Angola Engenharia e Construção, para repassar propina do esquema de fraudes na Petrobras e dois operadores: Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, e Márcio Frederico de Mendonça Goes, dono da RioMarine. A suspeita é dos investigadores da Operação Lava-Jato, que apreenderam no escritório de Goes uma fatura no valor de US$ 1 milhão, de 10 de dezembro de 2008, emitida por uma de suas offshores, a Phad Corporation, em favor da Zagope, além de um contrato correspondente, sem assinatura.

Goes seria o responsável pelos pagamentos à diretoria de Serviços e Engenharia, comandada por Renato Duque, e Baiano pelos valores destinados à Diretoria de Abastecimento. Os dois já tiveram prisão preventiva decretada pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, e respondem por ações penais em andamento.

Segundo o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, o “modus operandi” dos pagamentos da empreiteira foi revelado pelos próprios beneficiários da propina, Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, e também pelo doleiro Alberto Youssef. Barusco contou que Goes abriu a conta em nome da Phad Corporation, na Suíça, para lhe repassar propinas. A prova está em depósito para uma das contas dele no exterior, a Backspin Management, que recebeu depósito de US$ 5,887 milhões transferidos pela Phad Corporation. Goes, segundo Barusco, também lhe entregava mochilas de dinheiro. Entre 2008 e 2009, a Andrade Gutierrez fez pelo menos 32 repasses de valores à RioMarine.

“Trata-se de prova significativa do envolvimento da empreiteira no crime de corrupção dos dirigentes da Petrobrás, já que não há causa econômica lícita para a transferência entre a Phad e a Backspin, o que também indica a inidoneidade da transferência anterior entre a Zagope e a Phad Corporation”, afirmou Moro.

Os investigadores também identificaram pagamento de R$ 1,187 milhão da Andrade Gutierrez à Technis Planejamento e Gestão em Negócios, uma das empresas usadas por Baiano. A própria empreiteira havia declarado ter pago R$ 3,164 milhões à empresa do operador. Uma segunda empresa usada por Baiano, a Hawk Eyes, apontada pelo delator Júlio Camargo como recebedora de propina, teria transferido R$ 500 mil em outubro de 2012 para o presidente da Construtora Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo. O lobista agfirmou que o dinheiro seria para pagamento de uma lancha de Azevedo e Moro afirma que o depósito indica "ligação entre o referido operador e a empreiteira".

Segundo o doleiro Alberto Youssef, a empreiteira também usou os serviços das empresas ligadas a Leonardo meirelles para repatriar dinheiro do exterior para o Brasil no fim de 2013. Os valores teriam sido convertidos em reais e entregues em espécie a Flávio Magalhaes, diretor da empresa na Venezuela. Segundo Youssef, os valores movimentados vinham de um caixa dois da Andrade Gutierrez, destinado à internalização de valores. Segundo a PF, entre 14 de feveireiro e 2 de março de 2014 Magalhães esteve várias vezes no escritório do doleiro.

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