Beto Silva
Uma estranha carta atribuída ao suposto serial killer Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 27 anos, foi divulgada ontem. No texto, poucos erros de português e uma estratégia de defesa: trazer à tona revelações sobre fatos que supostamente não teriam ocorrido ou mesmo negar procedimentos processuais anteriores, que ocorreram durante, por exemplo, o inquérito policial.
A carta termina com uma espécie de brincadeira. Ele escreve: “Publique-se e divulgue-se”. É uma paródia ao clássico juridiquês P.R.I dos magistrados, utilizados ao fim das sentenças: “Publique. Registre. Intime”.
Endereçada ao juiz da 1ª Vara Criminal de Goiânia, Jesseir Coelho, a carta diz que ele está arrependido dos crimes e sinaliza para as famílias. “Hoje, peço perdão às famílias que vitimei e seja o que Deus quiser”, diz.
A advogada de defesa de Tiago entregou o texto antes da audiência, que trata da morte da diarista Janaina Nicácio de Souza, de 24 anos. O texto da carta tem início com a máxima socrática: “Conhece-te a ti mesmo”. Em seguida, ele emenda que este “conhecer” talvez seja “o maior desafio que temos”. Tiago, suspeito de ser o maior serial killer da história de Goiás, de ter dilacerado inúmeras famílias, se diz um “cidadão de bem”.
Em seguida, ele aproveita a oportunidade para dizer que existem erros no laudo médico. Outra alegação estratégica, parece que soprada em seu ouvido, é de que tenha sofrido alguma pressão para falar.
O suspeito critica a imprensa, quase com uma reflexão do sociólogo alemão Nilas Luhmann, que sempre apontou o caráter “irritante” das mídias. Para ele, o suspeito de ser serial killer, as mídias causaram tumulto em seu processo. Pois bem, em 2014, o suspeito chutou um repórter do DM, causando tumulto no momento em que era conduzido pela polícia.
O juiz pretende juntar a “cartinha” de Thiago aos autos. Ela será avaliada posteriormente. No Direito Processual Penal, não existe esta fase processual da “cartinha”. Para a imprensa, todavia, o magistrado disse que espera que ela seja realmente escrita pelo suspeito. A advogada do réu pediu a juntada do texto.