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Mouros e cristão se encontram em Jaraguá

Divania Rodrigues,Da editoria de Cidades

Em mais um ano, as festividades do Divino Espírito Santo renovam a fé dos cristãos e sedimentam tradições culturais típicas dos moradores e visitantes de Jaraguá. É momento de testemunhar a simbólica batalha dos cavalheiros azuis e vermelhos, encenadas pelos cristãos contra os mouros, além das típicas danças e apresentações artísticas.

A expectativa é de que 30 mil pessoas passem pela cidade, com público maior durante as Cavalhadas e o desfile da rainha – dois pontos altos da festa do Divino.

Cidade menos conhecida pelas festividades do Divino do que outros municípios goianos, Jaraguá tem também tradição na realização da festa. Este ano, a celebração começou no último dia 15, apesar das novenas já ocorrerem há mais tempo.

De acordo com o pároco Tiago Hérick A. M. de Queiroz, a festa é realizada devido ao empenho da comunidade, que além de se esforçar nos ensaios para as apresentações culturais ajuda na idealização e concretização. As festividades deste ano tiveram o apoio cultural da Prefeitura de Jaraguá, que, conforme padre Tiago, foram modestas.

Wiliam Braz de Lima, um dos imperadores – atribuição passada a um casal que fica responsável todo ano pela Coroa do Divino –, explica que pelo fato da festa de Jaraguá ser menos conhecida no Estado, muitas vezes fica desprestigiada de apoio financeiro. Ele conta que o governo estadual havia se comprometido em ajudar a festividade deste ano com a quantia de R$ 102 mil, o que não chegou a ocorrer.

Novenas e adorações ocorrem diariamente

As festividades serão finalizadas amanhã. É possível também participar diariamente da adoração ao Santíssimo Sacramento, que acontece todos os dias às 17h e das missas com novena que ocorrem diariamente às 19h30.

Hoje será o primeiro dia com a apresentação das Cavalhadas, que começam por volta das 14h. Em seguida, às 15h, haverá o desfile de Entrada da Rainha e também o desfile de carros de boi. À noite, ocorre o levantamento do mastro e queima de fogos.

Amanhã, depois da alvorada, haverá missa com a escolha dos próximos imperadores. O evento será seguido pela realização de um almoço – na ocasião, será realizado leilão com as prendas doadas pela comunidade.

No último dia da festa, ainda ocorrerão as Cavalhadas e o batismo simbólico dos mouros, além de apresentação da madrinha do evento e de retirada das argolinhas.

Festejos se originam na tradição portuguesa

As festas do Divino Espírito Santo são típicas heranças portuguesas, marcadas por oração e expressões culturais. A prática da devoção ao Espírito Santo, através da representação da coroa, remonta ao Século XIII quando a rainha portuguesa Isabel de Aragão prometeu alimentar o povo que estava faminto, por causa de guerras, e doou à igreja sua própria coroa em honra ao Divino.

A partir desse evento, a devoção teria se espalhado e sido comemorada em Portugal e suas colônias. A festa dura 12 dias e tem seu ápice no domingo do Divino, 55 dias após do que para os cristãos é a ressurreição de Cristo.

Atualmente, os festejos são uma mescla entre religioso e o profano. São compostos de novenas, folias, procissões, missas, roqueiros, mascarados, cavalhadas e apresentação de grupos folclóricos.

Os símbolos que representam o Divino são a coroa, o cetro, a salva, a bandeira e a verônica. A com a coroa, lembra a presença do Divino Espírito Santo. O cetro simboliza o poder de mando e decisão. A salva é uma bandeja de prata, símbolo da fartura e prosperidade. Já as bandeiras com a figura do Divino são espalhadas pela festa e uma é levantada ao todo de um mastro. As verônicas são distribuídas aos devotos após as missas. São feitas de massa açucarada e polvilho com o símbolo do Divino no centro.

DESFILE

Mesclada à parte religiosa, está a parte folclórica marcada pelo desfile de entrada da rainha e as Cavalhadas. O desfile de entrada da rainha é o início da Festa de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito. Conforme a tradição, nesse momento, fica representado o tempo em que a sinhá de engenho visitava a província para a festa de seus santos de devoção. No desfile também é representada sua comitiva, seus escravos, damas de honra, índios e cavaleiros.

As cavalhadas são um teatro folclórico que representa a batalha entre mouros e cristãos, durante as Cruzadas. Durante a interpretação do conflito, os mouros se vestem de vermelho e de azuis estão os cristãos, ambos vestindo trajes adornados. No final das lutas, os cristãos vencem e, aos mouros, resta o batismo e a conversão ao Cristianismo. Esse é um momento épico das festividades.

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