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Após fim,  ex-Simve sugere convocar milícia armada

Tom Carlos

As denúncias que a sociedade civil e profissionais de segurança apresentaram publicamente contra o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual (Simve) começam a se confirmar.

Especialistas em segurança pública, estudiosos de violência da Universidade Federal de Goiás (UFG) e integrantes da PM apontaram que o fim do serviço poderia criar um problema ainda pior para o Estado: a formação de um policiamento paralelo que conhece as estruturas da Segurança Pública de Goiás e ameaça a sociedade civil após ser excluída dos quadros policiais do Estado.

Ontem, o promotor de Justiça Fernando Krebs, que realiza sistemática vigilância dos atos e ações inconstitucionais perpetradas pelo Estado, denunciou que um dos ex-Simve o ameaçou de morte.  E a cogitação é bem clara: “Hoje eu queria dar um tiro de 12 semi-auto na cabeça do promotor crebs (sic) só para ver se ela  tá funcionando blz”, diz o texto.

Krebs é o autor da ação civil que considerou o Simve inconstitucional. Não é o promotor que decide ou aplica a lei, mas o Judiciário, através de sua mais alta corte, o Supremo Tribunal Federal (STF).

No caso, que ocorreu em 27 de março, o STF considerou o Simve uma criação esquisita e ‘teratológica’, que desrespeita o ordenamento jurídico, a técnica policial e cria uma instituição que só existia aqui – uma espécie de milícia remunerada pelo Estado, sem reconhecimento na literatura científica e na legislação nacional, instituída sem concurso público ou treinamento ideal para atuação nas ruas.

TOMAR GOIÁS

Em um post publicado no aplicativo WhatsApp, o ex-policial que ameaçou Krebs ainda vai mais longe e anuncia o que a sociedade mais temia: o feitiço se voltar contra o feiticeiro. Ou seja, os combatentes da violência urbana tornarem-se, após armados pelo Estado, ‘policiais’ ilegais e violentos que ameaçam as instituições e população.

No texto, o ex-Simve é suspeito de ameaçar a sociedade: “Acho que o Simve agora podia montar uma milícia armada  e tomar conta desse Goiás”.

A principal denúncia contra o Simve, e ignorada pelo governo de Goiás durante sua utilização, era de que eles não tinham capacitação e poderiam depois voltar às ruas e tornar-se, uma pequena minoria deles, criminosos.

Mesmo sem o serviço descontinuado, inúmeros profissionais se envolveram com ilícitos, como homicídio até mesmo de colegas.  Agora com o fim, a situação pode piorar: os antigos profissionais conhecem rotinas da PM, escalas, como atuam os policiais, aprenderam a atirar, reconhecem os padrões de abordagens  e onde mais concentram suas ações.

POLÍCIA CIVIL

Krebs diz que as conversas representam a incitação ao crime, ameaça e formação de milícia – por isso procurou a Polícia Civil, para que investigue as suspeitas. O promotor também foi ontem mesmo até o STF informar o ministro Ricardo Lewandowski, que teria sido ameaçado pelo mesmo policial.

Em contato com a Polícia Militar, o DM foi informado de que o ex-Simve já foi exonerado na manhã de ontem e que a instituição prefere não se posicionar sobre o conteúdo das supostas ameaças.

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