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Rotavírus, o perigo invisível

Doença causa diarreia, vômito e febre alta. Desidratação e complicações do quadro podem levar à morte

Divania Rodrigues Da editoria de Cidades

Febre, vômito e diarreia são sintomas clássicos para várias doenças. Uma delas é a rotavirose que infectou 244 pessoas durante um surto no início do ano, no município de Rio Quente, em Goiás. Esse total foi maior do que o número registrado pela Secretaria Estadual de Saúde durante todo o ano de 2014, quando houve três surtos de rotavírus que afetaram 134 pessoas. Um dos episódios acometeu 68 pessoas em Catalão, 64 em Anápolis e 32 em Cocalzinho.
De acordo com a coordenadora de Vigilância Epidemiológica de Rio Quente, Tarine Almeida, o surto ocorreu entre o final de janeiro e o início de fevereiro sem registro de casos considerados graves. Embora a maioria dos processos diarreicos por rotavírus aconteçam entre seis meses e dois anos de vida, em Rio Quente foram acometidas pessoas de todas as faixas etárias, mas principalmente indivíduos adultos.
A diarreia ainda é uma causa de morte em crianças em todo mundo a ser considerada e os rotavírus estão entre os agentes infecciosos que podem provocar complicações fatais. Biomédica do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), da Universidade Federal de Goiás (UFG), Menira Souza é uma pesquisadora especializada em rotavírus. Ela explica que a maioria das mortes ainda é de crianças menores de cinco anos e que 80% dos casos ocorrem em países do Sul da Ásia e na África.
No mundo, estima-se 25 milhões de consultas clínicas, 2 milhões de hospitalizações e entre 352 mil e 592 mil óbitos em crianças. Considerando-se os adultos, o número é de 600 mil a 870 mil mortes por ano. No Brasil, de acordo com estudo de 2003, 269.195 crianças foram internadas com quadro de diarreia e destas 34% estavam associadas à rotavirose, ou seja, 91.526 internações.

Doença
A rotavirose ou infecção por rotavírus é causada por um vírus gastroentérico – que tem como alvo o sistema digestivo. O primeiro registro da doença no Brasil, de acordo com pesquisadores, é de 1976. É uma doença diarreica aguda em que o quadro clínico clássico é caracterizado por início abrupto com vômitos e febre alta e posteriormente diarreia. Também pode haver dores ou desconforto abdominal. Como consequência dos sintomas há a desidratação do paciente, fato que normalmente leva ao óbito.
A doença é sazonal, ocorre comumente de acordo com as estações, por causa dos padrões de temperatura, nas diversas regiões do planeta. De acordo com Menira, nos países de clima temperado existe uma maior incidência dos vírus no inverno, enquanto que nos países de clima tropical o vírus pode circular durante todos os meses do ano. “Na região Centro-Oeste do Brasil, estudos mostram que os rotavírus A (RVA) circulam durantes o período de seca. O padrão sazonal de circulação dos RVA pode estar relacionado a umidade relativa do ar, índices pluviométricos e temperatura”, acrescenta a biomédica.
Os relatos mais comuns de surtos de rotavírus no Brasil acontecem em áreas de aglomeração humana como escolas, creches, enfermarias hospitalares e na família. Isso ocorre, conforme a especialista por causa da disseminação do vírus que ocorre via fecal-oral, através do consumo de alimentos ou água contaminados, do contato direto pessoa-pessoa, ou com objetos contaminados. “Durante a infecção um número elevado de partículas virais é eliminado e estudos mostram que esses vírus são estáveis em condições ambientais, podendo permanecer infecciosos por horas e até mesmo dias. Todos estes fatores parecem contribuir para a disseminação viral”, esclarece.

Prevenção e
tratamento
Para prevenir a doença há duas vacinas. Desde 2006 uma é usada no Brasil e faz parte do Programa Nacional de Imunização, oferecida gratuitamente a crianças a partir de 2 meses de idade. É administrada via oral, em duas doses. A outra é uma vacina recombinante, formulada com rotavírus bovinos e humanos, pentavalente, administrada oralmente, em três doses em países da Europa e nos Estados Unidos.
Se houver uma pessoa da família diagnosticada com rotavirose, a especialista indica medidas de prevenção simples, como não frequentar locais públicos, e não ir ao trabalho ou escola. Ressalta que em casa é necessário “que a mesma lave bem as mãos após utilizar o banheiro, que ela própria lave o banheiro e realize a desinfecção com água sanitária a 5,25%; e, não manipule ou prepare alimentos que possam ser ingeridos por outras pessoas.”
Como a recomendação dos especialistas é que se faça repouso e reidratação oral ou endovenosa e alimentação leve. Conforme Menira, estudos recentes apontam que um medicamento comumente utilizado para o tratamento de amebíase e helmintíase é eficaz contra rotavírus, interrompendo a replicação viral. Medicamentos para cortar a diarreia não são indicados e é necessário consultar o médico antes de tomar qualquer remédio.

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