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CORONAVÍRUS

Caiado busca acelerar vacina para todos e defende Plano Nacional de Imunização

O governador Ronaldo Caiado (DEM) tem protagonizado novamente os principais debates sobre a polêmica que envolve a vacinação da população. “Nunca vi na vida um Estado querer sair na frente de outro”, disse o gestor na quarta-feira para o “Estadão”, em referência a uma das situações mais bizarras do federalismo: o avanço de um estado em relação aos demais para começar a vacinar a população.

Nesta semana, ele mediou o embate entre o governador de São Paulo João Dória (PSDB), o apressado, e o moroso Governo Federal – que já anunciou o interesse de compra das vacinas da Pfizer, tendo como foco o início da vacinação emergencial nas primeiras semanas de janeiro.

O novo posicionamento de Jair Bolsonaro em defesa da compra de vacinas se deve ao gestor goiano, que conseguiu interceder de forma racional em uma briga política que não levaria a nada.

Líder dos governadores na pandemia, o gestor goiano se posicionou de forma sóbria.

Primeiro, ignorou a imposição de Doria, considerado agente mais “político” do que “científico” em um debate que deve ser sério e que envolve toda a comunidade científica internacional.

Em contrapartida, o posicionamento de Caiado irritou a equipe paulista. Como antagonizou com o papel de ‘salvador’, que Doria tentava rapidamente se vestir, ele se colocou como foco da mídia.

A primeira desafinada do discurso do líder tucano ocorreu quando o governador goiano disse em entrevista ao vivo na CNN Brasil que a posição científica deve seguir o Plano Nacional de Imunização (PNI) como experiência federal bem sucedida: o Brasil não pode adotar postura de vacinação individualizada, sem planejamento.

Depois, criticou a afobação de Doria, o enquadrando como irresponsável: “Isso é irresponsabilidade e descortesia com os demais governadores”.

Pelo procedimento de Doria, ele vacinaria a população de São Paulo o quanto antes. Errou na dose quando disse que qualquer brasileiro será vacinado em “solo paulista” – frase que incluiu outro ingrediente simbólico no embate político com Jair Bolsonaro, o populismo.

Ontem mesmo, o hidrolandense Paulo Sérgio, presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM), foi até Doria pedir vacinas. Não se sabe se o governador realmente fornecerá, se cobrará por elas e qual o custo. O fato é que a corrida até São Paulo já começou, com caravanas de prefeitos e vereadores querendo discutir quando chegarão as desejadas vacinas.

Doria quer se destacar na “corrida” pela vacina: tem como foco as eleições presidenciais em 2022. Sua expressão “solo paulista” ("Todo brasileiro que pedir a vacina em solo paulista, receberá") materializou a força populista de “abraçar a todos” e de “cuidar do povo” – até mesmo de outros estados.

Como avançou de forma messiânica e carismática nas competências de que tem como gestor apenas de São Paulo, e virtualmente alargou seus limites territoriais, Doria deixou registrado o primeiro signo populista da disputa de 2022.

O gestor anunciou já várias datas para começar a distribuir a vacina, apesar da CoronoVac sequer ter sido aprovada na China ou realizado formalmente pedido de registro na Anvisa. A última data de Doria é 25 de janeiro.

Governador cobra vacinação universal

Sem histrionismo, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, preferiu argumentar dentro dos limites do debate científico: o Brasil tem experiência de 30 anos com o Programa Nacional de Imunização.

Elogiado pelas Nações Unidas (ONU), o programa é a única forma de se imunizar de forma uniforme todo o país. É exatamente o contrário do que defende Doria, que “individualizou” o debate, separando paulistas de brasileiros.

Até a entrada do gestor goiano no debate, o Governo Federal sofria desgastes, já que evitava enfrentar o problema de frente.

Sem a postura carrogante do tucano, Caiado dialogou com governadores e com Eduardo Pazuello, ministro da saúde, dando o suporte e a fiabilidade para a negociação da compra de 72 milhões de doses. “Ninguém mais do que eu, como governador, tem essa responsabilidade de fazer com que toda a população tenha acesso à vacina. Não é vacinação de São Paulo, é de todo o território nacional”, disse Caiado para a rádio Jovem Pan, de São Paulo.

Para o gestor, apenas dois modelos devem perdurar: PNI e vacinação de grupos de alto risco: “O Brasil já sinalizou a compra da vacina da Pfizer. Quando ela chegar, pode ser aprovada em até 72h para uso emergencial. Uso emergencial são grupos de alto risco ou que está na linha de frente da doença. Fora isso, todos entram no PNI. E, aí sim, teremos até 60 dias para que a Anvisa diga se determinada vacina pode ser aplicada no resto dos brasileiros. Isso não vale só para a Pfizer. Vale para Sinovac, Oxford ou qualquer outra vacina que tenha certificação nacional. “Elas serão analisadas e colocadas à disposição.”

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